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Catarina Martins acusa PS de acenar com crise política quando negociações são “mais incómodas”

Mário Cruz / Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, apontou, na segunda-feira, que “há quem tenha vontade de ter uma crise política”, e que o PS habitualmente utiliza este argumento quando “as negociações são mais incómodas”.

O BE não está a trabalhar para uma crise política, está a trabalhar para soluções para um Orçamento do Estado. Tenho ouvido falar muito de crise política, às vezes parece-me que há quem tenha vontade de ter uma crise política. Não é o caso do Bloco”, disse Catarina Martins em entrevista ao programa Polígrafo SIC, na SIC Notícias.

A coordenadora do BE acrescentou que o PS, “quando acha que as negociações são mais incómodas, normalmente, fala de crise política, já o fez várias vezes no passado”.

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou na segunda-feira que seria “absolutamente insano” se Portugal entrasse em crise política na atual conjuntura internacional e adiantou que as negociações do Orçamento com os parceiros de esquerda registam “avanços positivos”.

“As negociações com os nossos parceiros parlamentares têm vindo a decorrer com avanços positivos e, portanto, tenho confiança de que este ano, tal como aconteceu nos quatro anteriores, tenhamos um bom Orçamento”, começou por responder o líder do executivo português, antes de deixar um aviso.

“Já temos uma crise sanitária, acrescentou-se uma crise económica e uma crise social. Haver uma crise política era absolutamente insano e injustificado. Creio que nada justifica que isso venha a acontecer. Pelo contrário, acho que as negociações têm vindo a decorrer de forma a ficarmos com um bom Orçamento para 2021″, disse o também secretário-geral socialista.

Catarina Martins explicitou, durante a entrevista, que “o que conta para construir soluções” para o país não é “fazer grandes proclamações sobre eventuais” crises políticas. “O que conta é sentarmo-nos sobre os problemas do país e criarmos as soluções para as pessoas”, completou.

Interrogada sobre as reuniões entre o partido e o Governo a propósito do Orçamento do Estado para 2021, a dirigente do BE disse que “é preciso que a disponibilidade” do executivo socialista “não seja meramente para reunir, mas também para construir propostas de uma forma muito concreta”.

Catarina Martins acrescentou que “era tempo de o PS dar sinais mais claros sobre a sua vontade negocial”.

Questionada também sobre as transferências para o Novo Banco, a coordenadora bloquista lembrou que o partido propõe que não haja, no orçamento do próximo ano, “nenhuma autorização e transferência de nenhum tipo” para o banco, enquanto se investiga “como está a ser gerido”.

Catarina Martins advertiu que esta proposta do BE não é “suicida”, que “cria um problema ao banco”, e apenas defende que o “Estado português se leve a sério, que se porte como acionista” do Novo Banco.

A dirigente partidária também recusou quaisquer noções de que o partido tem menosprezado o défice português.

“Não é bem assim. Sempre fomos contra o gangsterismo financeiro, que tem aumentado o défice e a dívida pública em Portugal. Temos dito é que do ponto de vista das políticas económicas, mais vale investir para ter crescimento económico e consolidar o défice de uma forma sólida ao longo do tempo, do que cortarmos nos salários, nas pensões, no que é essencial à economia, para tentar reduzir o défice a curto prazo, porque isso já se provou errado”, elaborou.

Relativamente às eleições presidenciais do próximo ano, Catarina Martins vincou que o principal adversário da eurodeputada e recandidata a Belém Marisa Matias, que conta com o apoio do BE, é Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de o atual chefe de Estado ainda não ter anunciado a recandidatura.

Interpelada sobre as sucessivas trocas de acusações entre a bancada parlamentar bloquista e o deputado único do Chega e líder do partido, André Ventura, a coordenadora do Bloco de Esquerda disse que “é um cobarde vigarista que vive dizendo que quer defender o português comum, enquanto na sua vida o que faz é tratar de offshores

Em reação às declarações do embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Catarina Martins considerou que Portugal deve “ser muito firme em não aceitar qualquer forma de ingerência ou de pressão”.

“O Governo tem razão quando diz que são as autoridades portuguesas que tomam decisões. Era o que mais faltava haver algum tipo de tentativa de ingerência do Governo norte-americano nas decisões soberanas do nosso país”, afirmou Catarina Martins.

ZAP // Lusa

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