Preocupado com um segundo mandato em Belém, o Presidente da República começa a dar sinais de se estar a demarcar do Governo liderado por António Costa. Exemplo disto mesmo foi o fim das reuniões no Infarmed, que terminavam com uma declaração de Marcelo Rebelo de Sousa, voz da “união nacional”.
O fim das habituais reuniões no Infarmed, que juntavam quinzenalmente governantes, especialistas em saúde pública e outros atores políticos, surpreendeu os epidemiologistas e até os partidos, que, na sua quase maioria – à exceção o PSD – se manifestaram contra.
O encerrar deste ciclo terá sido articulado entre o primeiro-ministro, António Costa, e o Presidente da República, a quem foi atribuída a ideia de terminar com estes encontros que servem para analisar e avaliar a situação epidemiológica em Portugal.
De acordo com o semanário Expresso, o chefe de Estado quis despir esta pele, acabando com as habituais declarações nos fim das reuniões, nas quais se dirigia aos portugueses.
Sabendo que o real impacto da pandemia da covid-19 só se fará realmente sentir em 2021, ano de eleições, Marcelo Rebelo de Sousa temeu que o seu envolvimento ativo nestes encontros desgastasse a sua imagem e que, consequentemente, lhe complicasse a vida no futuro, quer nas próximas presidenciais, quer na execução do segundo mandato.
Em Belém, conta o mesmo jornal, Marcelo Rebelo de Sousa continua a dizer que não sabe ainda se se recandidatará, mas ninguém acredita que não o fará.
Por isso, o chefe de Estado estará já a pensar nas próximas presidenciais e, apesar de não poder descolar completamente do Governo em tempos de pandemia – a folga é pequena – Marcelo Rebelo de Sousa tentará “micro-descolagens”.
“Para fazer frente ao que aí vem, o Presidente da República precisa de estar o mais livre possível, porque só isso lhe reforçará poder e influência junto do país”, disse ao semanário Expresso fontes da Presidência da República.
O plano passa por não ficar refém de ninguém: “O Presidente levou até ao limite a solidariedade de ser porta-voz desta união pela pandemia”, disse fonte próxima.
Marcelo volta ao terreno
Agora, o momento parece ser outro: sem se afastar completa e drasticamente do Governo e de António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa terá outros compromissos na agenda. Passará para o terreno, onde já tem previstas 16 visitas a concelhos algarvios, uma das regiões do país mais afetada pela pandemia de covid-19.
O Chefe de Estado passará assim ao contacto direto com as pessoas, “vital para afastar a ideia de um Presidente da República cúmplice e reforçar o estatuto de um Presidente acima de Governos e partidos”, escreve ainda o Expresso.
Apesar da preocupação de Marcelo Rebelo de Sousa, as últimas sondagens mostram que uma eventual recandidatura será sinónimo de uma vitória expressiva logo à primeira volta.
De acordo com uma pesquisa de opinião da Aximage para o Jornal Económico, cujos resultados foram publicados na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa reúne 65% das intenções de voto dos portugueses.
O barómetro de junho da Intercampus apresentou números semelhantes aos da Aximage: de acordo com esta sondagem, Marcelo Rebelo de Sousa conta com o apoio de 62% dos portugueses, isto é, seis em cada dez cidadãos votaria no atual Chefe de Estado.
Depois do chefe de Estado, surge no barómetros da Aximage a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes (13%) e o deputado único e presidente do Chega, André Ventura (7%).
Nas eleições de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu 52% dos votos dos portugueses.
parece que as comadres se começam a zangar…
Agora que um começa a cair o outro em vez de dar a mão dá um empurrão. deve ter medo de ir a uma 2.ª volta…