Catarina Martins considerou, esta segunda-feira, “preocupante” que o ministro das Finanças, Mário Centeno, tenha autorizado um empréstimo no valor de 850 milhões ao Novo Banco sem informar o primeiro-ministro.
Em entrevista à TSF Catarina Martins, coordenador do Bloco de Esquerda, disse que era “preocupante” que Centeno tenha autorizado o empréstimo de 850 milhões de euros ao Novo Banco sem informar Costa. Além disso, a líder bloquista diz ser “inadmissível” que a injeção tenha sido feita antes de a auditoria ao banto ter sido concluída.
Catarina Martins revelou que o Bloco vai voltar a levar ao Parlamento uma proposta que já tinha apresentado no Orçamento do Estado para 2020 que impõe “que qualquer injeção no Novo Banco tem de ser previamente aprovada pelo Parlamento”.
Na primeira vez, a proposta foi chumbada com os votos contra do PSD, que apresentaram uma proposta em que os empréstimos superiores a 850 milhões tinham de ser aprovados. “Agora vejo como o PSD está chocado, mas tem oportunidade de rever a sua posição”, disse Catarina Martins. “Não podemos ter injeções como esta que nem o primeiro-ministro sabia”.
O Novo Banco recebeu, na semana passada, um empréstimo público de 850 milhões de euros. António Costa garantiu que não haveria mais ajudas até que os resultados da auditoria ao banco fossem conhecidos. O primeiro-ministro não sabia da transferência e pediu desculpas pelo engano. O pedido para a transferência terá chegado ao Ministério das Finanças em abril, recebendo o aval do gabinete de Mário Centeno.
Catarina Martins diz que acredita na palavra do primeiro-ministro e desvaloriza o trabalho de Centeno no ministério das Finanças dizendo que “se as contas públicas melhoraram deve-se à economia estar muito melhor por motivos internacionais e por medidas tomadas no país”.
Orçamento suplementar com o Governo
Na entrevista à TSF, Catarina Martins disse que PS “terá alguma tentação” para se juntar à direita para aprovar o orçamento suplementar, mas o Bloco estará disponível para negociá-lo à esquerda. “Não será por falta de disponibilidade do BE que o PS procurará a direita para obter a maioria de que necessita”.
Em relação à TAP, Catarina Martins regista que o “Governo tem dado sinais contraditórios”. A líder bloquista disse que “a direita quer que o Estado injete todo o dinheiro possível nas empresas privadas, mas não mandem nada”. Para Catarina Martins, “se é o Estado a pagar, deve ser o Estado a mandar”. “Portugal não pode ficar sem a TAP”, alertou.
Para Catarina Martins, a Festa do Avante! é uma “ação política”, mas é também “um festival”. Sobre a possível realização quando todos os outros festivais foram cancelados, a líder diz que tem “dificuldade em perceber quem já sabe hoje como vai ser o primeiro fim-de-semana de setembro”. “É preciso seguir a ciência”, disse.
Em relação ao crescimento do Chega de André Ventura, Catarina Martins diz que existe um fenómeno de populismo em toda a Europa”. A líder do Bloco disse que “quando há precariedade, o desespero é grande”, sendo “fácil o discurso populista que põe os pobres contra os miseráveis”. O discurso de Ventura é um “discurso que a Europa conhece muito bem e que levou à II Guerra mundial”, adverte.
Em relação à resposta à pandemia de covid-19, o Governo “esteve bem” na aprendizagem com outros países das respostas sanitárias, mas diz que “tem faltado uma estratégia para o dia seguinte” nos apoios às empresas e pessoas.