/

Carlos Costa vai ao Parlamento por causa do Luanda Leaks

José Sena Goulão / Lusa

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa

Foi aprovado, esta quarta-feira, por unanimidade, na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, o requerimento para uma audição do governador do Banco de Portugal (BdP) no Parlamento no âmbito do Luanda Leaks.

Esta audição decorre de um requerimento feito pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, que considera “imperativo que o Banco de Portugal esclareça o acompanhamento que estará a fazer às atividades financeiras relacionadas com Isabel dos Santos em Portugal”. Tal passa pelo “apuramento de todas as responsabilidades nas falhas no sistema de prevenção do branqueamento de capitais do EuroBic”.

No dia 22 de janeiro, Isabel dos Santos abandonou a estrutura acionista do EuroBic, uma medida para “salvaguardar a confiança na instituição”, referia o banco, após a divulgação de documentos de uma investigação jornalística designada Luanda Leaks.

Além disso, o BE quer saber qual é o acompanhamento que o BdP está a fazer quanto “à avaliação da idoneidade dos acionistas e órgãos de administração do EuroBic no período que antecedeu a divulgação pública do caso”, bem como relativamente à “avaliação da operação de venda da participação de Isabel dos Santos no EuroBic, quanto à idoneidade de todos os envolvidos e aos potenciais riscos da operação em matéria de branqueamento de capitais e/ou de obstrução da justiça”.

“A investigação jornalística confirmou denúncias reiteradas da forma como Isabel dos Santos acumulou uma fortuna a partir do financiamento público e da exploração de empresas estatais angolanas, proporcionados pelo poder político do seu pai, José Eduardo dos Santos”, refere o BE, em comunicado.

Segundo o jornal ECO, o requerimento para chamar Carlos Costa ao Parlamento tem caráter de urgência, o que significa que o Parlamento deverá solicitar a audição ao governador do BdP com celeridade.

A audição surge pouco mais de uma semana depois de o banco galego Abanca ter anunciado a compra de 95% do EuroBic, com a aquisição das posições que eram controladas por Isabel dos Santos.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham esquemas financeiros da empresária e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

De acordo com a investigação do consórcio, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.

A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos era a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.