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Costa lança farpa: Governo não anda “à procura da carochinha” para aprovar OE

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António Cotrim / Lusa

António Costa está convicto de que a proposta do Orçamento do Estado é a melhor dos últimos cinco anos e quer fechar as negociações esta terça-feira.

Esta terça-feira, o primeiro-ministro retoma as negociações com delegações do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, tendo em vista a aprovação do Orçamento do Estado para 2020. António Costa quer fechar as negociações hoje, mas as reuniões podem não ser conclusivas.

Ao que a Renascença apurou, os partidos de esquerda estão pouco confiantes neste prazo e estão preparados para negociações que podem durar até ao debate orçamental, marcado para a próxima quinta e sexta-feira.

No entanto, o secretário-geral do PS afirmou que o seu Governo apresentou uma proposta de Orçamento de continuidade, que os parceiros dos socialistas estão à esquerda e que o seu partido não vai andar à deriva.

Os recados foram deixados na abertura do jantar de Natal e de Ano Novo do Grupo Parlamentar do PS, em Lisboa, num discurso em que disse esperar “que ninguém se equivoque sobre o significado político das últimas eleições legislativas”.

“O país disse que apreciou e validou politicamente a solução encontrada na anterior legislatura, dando agora mais força ao PS. Esta não vai ser uma legislatura onde o PS anda à deriva ou à procura de uma carochinha.”

Segundo o primeiro-ministro, a linha seguida pelo PS foi definida nas eleições primárias de setembro de 2014 “e tem sido reafirmada desde então”. “O PS sabe bem qual o seu campo e qual a sua linha de atuação. Sabemos quais são os nossos parceiros e os nossos adversários. Há dois polos na vida política portuguesa. E o PS lidera um desses polos. É por aí que vamos.”

Por isso, a proposta de Orçamento do Estado de 2020 que o Governo apresentou “é de continuidade face à política orçamental seguida desde 2016“. “Se esta política tem dados bons resultados, qual a razão para mudar e correr riscos de ter maus resultados? Esta é a nossa linha política. A proposta de orçamento é de continuidade.”

Mais à frente no seu discurso, António Costa considerou mesmo que a quinta proposta de orçamento que um Governo por si liderado apresenta à Assembleia da República “é a melhor de todas”.

“Era o que faltava se a falta de défice fosse o diabo”

Também esta segunda-feira, António Costa considerou inaceitável quem encare a falta de défice como “o diabo” em Portugal e frisou que continuará a reduzir a dívida para poupar em juros e aumentar a capacidade de investimento.

“Era agora o que faltava que, depois de anos, anos e anos a ouvir dizer que o défice era o diabo, agora o diabo passasse a ser a falta de défice. Entendamo-nos, precisamos de boas contas públicas para continuar a melhorar a vida dos portugueses”, disse, num dos vários recados que enviou às forças políticas com quem está a negociar o Orçamento.

Perante os deputados do PS, Costa defendeu que “ninguém pode dar um exemplo de uma promessa por cumprir pelo Governo só para poder ter este resultado orçamental ou para ter este crescimento económico”. “Este debate orçamental é muito importante, porque é o primeiro desta legislatura, mas também porque representa a reafirmação clara que não vamos mudar de rumo.”

Em defesa da manutenção de uma trajetória de consolidação orçamental em Portugal, o secretário-geral do PS sustentou que os resultados alcançados estiveram alicerçados “no bom desempenho da economia e numa gestão rigorosa dos orçamentos”. “Quanto menos défice tivermos, menos dívida teremos. E quanto menos dívida tivermos, menos juros iremos pagar. Quanto menos juros tivermos de pagar, mais dinheiro temos para investir onde é necessário.”

Depois, numa mensagem dirigida às outras forças políticas, António Costa afirmou: “Quem nos pede mais investimento nas forças de segurança, nas Forças Armadas, na saúde, na educação, na agricultura, só há uma coisa que nos têm de dizer, porque ou nos dão mais impostos ou então querem voltar a ter mais défice e mais dívida”.

ZAP // Lusa

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