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Marta Temido recusa ser “refém” de Centeno e anuncia maior concentração de Urgências até ao verão de 2020

José Sena Goulão / Lusa

“Eu nunca me senti refém [de Mário Centeno]. Tenho alguma dificuldade nessa leitura. Este reforço de meios também permitirá injetar mais confiança no sistema e criar respostas. Mas não considero que tenho estado refém do que quer que seja”, garantiu a ministra da Saúde, Marta Temido.

Em entrevista ao Público, citada pelo Expresso esta quinta-feira, a ministra revelou que a sua relação com o ministro das Finanças é “ótima” embora nem sempre partilhem “a mesma perspetiva”. A conversa com o jornal diário ocorreu depois de ter sido anunciado um reforço de 800 milhões de euros para a Saúde em 2020.

“Não queremos sempre as mesmas coisas e não temos a mesma perspetiva. Temos aspetos em que não coincidimos. Mas nós, Saúde e Finanças, queremos a mesma coisa: melhor saúde para os portugueses e maior valor do investimento que se faz na Saúde dos portugueses”, afirmou.

Na sua opinião, o reforço que chegou ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi “o resultado de um trabalho de boa gestão de contas públicas no sentido da redução de pagamento de juros de empréstimos internacionais, etc”.

“O Governo trabalha como um todo e trabalha para os portugueses, não trabalha para o êxito de uma área governativa. Há áreas que são tradicionalmente muito mais difíceis como noutros sítios. A Saúde é uma delas. Isso faz parte do nosso caminho coletivo”, disse a ministra.

Ao Público, Marta Temido indicou igualmente que o Governo tem como objetivo concentrar os serviços de Urgência até ao verão de 2020. “Não falando só das urgências pediátricas, mas falando em termos mais genéricos, é imprescindível que esse modelo de urgências mais concentradas, mais articuladas, mais a funcionar em termos regionais seja seguido em todos os sítios do país”, explicou.

A ministra revelou que o regime de exclusividade para médicos no SNS deve avançar também no próximo ano. “Está prevista na lei de bases da Saúde. Vamos procurar regulamentá-la. Tem incidência orçamental. É uma matéria que vai ser discutida”, referiu.

Na mesma entrevista, Marta Temido garantiu que o reforço de 800 milhões de euros vai dar aos hospitais “autonomia total” para contratar médicos e outros profissionais de saúde. “Todas as contratações de substituição poderão ser feitas diretamente, sem intervenção externa”, ou seja, sem ser necessária a aprovação do Ministério das Finanças.

ZAP //

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