A investigação do assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia continua a abalar Malta. O ministro do Turismo e o chefe de gabinete do primeiro-ministro demitiram-se, enquanto que a ministra da Economia suspendeu funções.
O chefe de gabinete do primeiro-ministro de Malta, Keith Schembri, demitiu-se por alegadas ligações ao homicídio da jornalista Daphne Caruana Galizia, em 2017, que investigava casos de corrupção na elite política e empresarial do país. Dois ministros também abandonaram o Governo de Malta.
O primeiro-ministro, Joseph Muscat, disse aos jornalistas que o chefe de gabinete se demitiu porque a polícia avançou na investigação sobre o homicídio da jornalista. Horas depois da declaração do governante, Konrad Mizzi, ministro do Turismo, também anunciou a demissão e Christian Cardona, ministro da Economia, suspendeu as suas funções até as investigações ao homicídio estarem concluídas.
De acordo com o Público, ambos os ministros negaram qualquer envolvimento na morte da jornalista de investigação, que denunciou a corrupção ao mais alo nível do Governo de Malta, até ter sido morta num atentado que fez explodir o seu carro.
Keith Schembri e Konrad Mizzi foram acusados pela jornalista de corrupção, algo que sempre negaram. Esta terça-feira, segundo fontes citadas pela Reuters, a polícia fez buscas na casa do chefe de gabinete do primeiro-ministro, mas nem o Mizzi nem o seu advogado comentaram a situação.
No entanto, ambos têm sido pressionados por políticos da oposição e pela própria família da jornalista para se demitir, por alegadas ligações financeiras ao empresário Yorgen Fenech, detido na semana passada por ser considerado pessoa de interesse para a investigação do homicídio.
Yorgen Fenech é diretor e coproprietário da Electrogás, que ganhou, em 2013, um concurso de vários milhões de euros aberto pelo Estado de Malta para a construção da maior central elétrica de gás da administração do primeiro-ministro maltês.
Oito meses ante da sua morte, Caruana Galizia escreveu no seu blogue sobre uma empresa cuja propriedade é atribuída a Fenech, chamada 17 Black, afirmando que tinha ligações a políticos malteses, avança a Renascença.
Um dos três filhos da jornalista reagiu no Twitter, numa publicação onde escreveu que “se o Partido Trabalhista a tivesse ouvido, não há dúvidas de que ainda estaria viva“.
O caso conheceu novos contornos esta segunda-feira, depois de o alegado intermediário da conspiração do homicídio, Melvin Theuma, ter recebido um perdão presidencial em troca de provas que pudessem ser usadas em tribunal. Segundo a imprensa local, já entregou gravações áudio.
Três homens esperam o julgamento por fazer explodir a bomba que matou Caruana Galizia, enquanto a polícia continua a sua investigação sobre quem pediu o homicídio.