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Sócrates volta a negar acusações. Ivo Rosa furioso com notícias sobre a Operação Marquês

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Manuel De Almeida / Lusa

O antigo primeiro-ministro José Sócrates negou esta terça-feira, no segundo dia de interrogatório da Operação Marquês, no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, todas as acusações que lhe são imputadas.

No segundo interrogatório foram abordadas as relações de José Sócrates com o grupo Lena, o empreendimento do Vale do Lobo, bem como as suspeitas de que terá sido o antigo governante a nomear Armando Vara para da Caixa Geral de Depósitos.

José Sócrates negou ter tido alguma intervenção ou ter recebido dinheiro pela adjudicação ao consórcio Elos, que incluía empresas do grupo Lena, do primeiro troço da rede de alta velocidade (TGV) Poceirão/Caia, que iria custar 1.400 milhões de euros, revelaram fontes próximas ao processo à agência Lusa.

Versão diferente tem o Ministério Público (MP) que alega que Sócrates interveio a favor dos interesses do Grupo Lena e dos seus parceiros de negócio no domínio de procedimentos concursais, através da antecipação de informação e da conformação contra a lei dos respetivos procedimentos e contratos adjudicados.

Sócrates negou conhecer Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena que, segundo o MP, terá subornado Sócrates com seis milhões de euros, escreve o Expresso.

Apesar de negar ter beneficiado o consórcio, nomeadamente o grupo Lena, o ex-governante disse, que o comboio de alta velocidade é uma boa opção para Portugal.

Quanto à sua intervenção no negócio da construção do resort de Vale do Lobo, no Algarve, o ex-primeiro-ministro negou tudo e reafirmou, perante o juiz de instrução Ivo Rosa, aquilo que tinha dito no interrogatório do MP, que apenas conhece o restaurante tailandês do empreendimento algarvio.

Perante o juiz, Sócrates reiterou que não interferiu na nomeação de Armando Vara para administrador do banco público, em 2006, à semelhança do que disseram testemunhas por si arroladas na fase de instrução, nomeadamente o ex-ministro das finanças Teixeira dos Santos. Segundo o semanário, Sócrates disse que foi o então ministro das Finanças que decidiu nomear Vara “pelas suas qualidades”.

A acusação sustenta que Sócrates recebeu um milhão do grupo Vale de Lobo por ter conseguido que Vara fosse nomeado para a administração do banco público e depois aprovasse um financiamento de 200 milhões de euros para o grupo. Vara, que é também acusado na Operação Marquês, também teria recebido um milhão de euros.

À saída do interrogatório, já no final do dia, Sócrates voltou a escusar-se a detalhar o que se passou no interior do Tribunal, tal como tinha feito na segunda-feira. Ainda assim, disse estar “muito satisfeito como as coisas estão a correr”.

O reparo aos jornalistas e a fúria de Ivo Rosa

O segundo dia de interrogatório a José Sócrates, que durou cerca de cinco horas, ficou também marcado pelas notícias que foram saindo sobre a Operação Marquês.

À chegada do Tribunal, o antigo governante mostrou-se “muito bem disposto” e aproveitou para deixar um “reparo” aos jornalistas que o interpelavam. “Li as primeiras páginas dos jornais e fiquei com a sensação que as fontes habituais que vocês têm estão um pouco desorientadas“, disse, citado pelo Jornal de Negócios.

Também o juiz Ivo Rosa mostrou-se desagradado com as informações que foram chegando aos jornalistas ainda no decorrer da sessão do primeiro interrogatório.

Segundo o jornal Observador, o magistrado ficou furioso com as notícias que foram saindo, acusando os advogados presentes na sala de serem fontes de informação dos média e ameaçando-os com revistas e apreensões de telemóveis.

Ao que parece, escreve o jornal Público que dá também conta do desagrado de Ivo Rosa, o reparo funcionou: durante o dia de ontem praticamente ninguém se atreveu a comunicar com o exterior enquanto a sessão decorria.

José Sócrates volta esta quarta-feira ao Tribunal de Instrução Criminal às 14h00, devendo a sessão debruçar-se sobre os negócios da Lena na Venezuela e as entregas de dinheiro por parte de Carlos Santos Silva.

O Público refere mesmo que o interrogatório desta quarta-feira pode ser mais tenso, principalmente quando o antigo primeiro-ministro for questionado sobre as suas despesas sumptuárias, nomeadamente na altura em que residiu em Paris.

Sócrates será o penúltimo arguido a ser interrogado na fase de instrução, estando previsto que Carlos Santos Silva preste declarações a 27 de novembro. No fim, o juiz Ivo Rosa decide se se os indícios recolhidos pelos procuradores do Ministério Público são suficientes para levar os arguidos a julgamento nos termos exatos da acusação.

A Operação Marquês teve início a 19 de julho de 2013 e culminou na acusação a 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas – a 11 de outubro de 2017 pela prática de 188 de crimes económico-financeiros.

ZAP // Lusa

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7 Comments

  1. Este ainda vai sugar-nos mais alguns milhões, pois parece andar a cozinhar-se a situação para isso em tribunal, vamos aguardando!.

  2. Porque será que o Excelentíssimo Meritíssimo Dr Juiz Ivo Rosa, não quer que se conheça o que se passa nas audições? proibiu jornalistas de assistir, agora ameaça retirar telemóveis aos advogados, porque será?
    No final para alem de se fazer as contas, acredito que ainda vão aparecer gravações das sessões e mais alguém vai entrar nas contas finais.
    Há limites para tudo, embora algumas pessoas possam continuar a acreditar que o Pai Natal existe.

    • Primeiro, devias começar a pensar pela tua cabeça; depois devias aprender a escrever correctamente em Português e, nesta altura do campeonato, já devias saber que essa estoria da Ota é um mito para entreter lerdos como tu!
      Até o próprio M. Soares disse que tinha duvidas relativamente ao aeroporto na Ota!
      “Presidenciais: Soares tem dúvidas sobre investimento no aeroporto da Ota”
      17 de Novembro de 2005
      publico.pt/2005/11/17/politica/noticia/presidenciais-soares-tem-duvidas-sobre-investimento-no-aeroporto-da-ota-1239229

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