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Joe Biden defende pela primeira vez destituição de Donald Trump

barackobamadotcom / Flickr

Joe Biden, antigo vice-Presidente dos EUA e candidato à Presidência nas eleições de 2020

O ex-vice-Presidente dos EUA e candidato à Presidência nas eleições de 2020 defendeu, pela primeira vez, a destituição de Donald Trump, considerando que cometeu crimes de obstrução à justiça.

“Com as suas palavras e as suas ações, o Presidente Trump indiciou-se a si mesmo por obstrução à justiça e recusou-se a cooperar com a investigação”, afirmou o antigo vice-Presidente dos EUA num comício em New Hampshire, citado pelo Expresso.

De acordo com o semanário, Joe Biden disse ainda que o Presidente republicano violou o juramento que fez durante a sua tomada de posse.

“Como todos sabemos, é necessário respeitar a nossa Constituição, a nossa democracia e a nossa integridade. E como isso não tem acontecido Trump merece ser destituído“.

Como seria de esperar, a reação de Trump não demorou a chegar. No Twitter, o chefe de Estado considerou que Biden, que neste momento é o candidato favorito para a nomeação democrata para a Casa Branca, está a liderar uma “campanha fracassada”.

É tão patético ver o Sonolento Joe Biden, que com o seu filho Hunter, e em detrimento do contribuinte norte-americano, roubou pelo menos dois países por milhões de dólares, pedindo a minha destituição — e eu não fiz nada errado”, escreveu.

Na terça-feira, a Casa Branca informou o Congresso que se recusa a participar no inquérito em curso para um eventual processo de destituição de Trump.

“As ações sem precedentes [do Congresso] deixaram o Presidente sem escolha. Para poder cumprir as suas obrigações para com o povo norte-americano, a Constituição, o poder Executivo e todos os futuros ocupantes da Presidência, o Presidente Donald Trump e a sua administração não podem participar neste inquérito parcial e inconstitucional sob estas circunstâncias”, escreveu Pat Cipollone, advogado e conselheiro da Casa Branca, numa carta enviada Nancy Pelosi, democrata que é presidente da Câmara dos Representantes.

Em resposta, Pelosi acusou a Casa Branca de “encobrir a traição à democracia” e de “insistir na ideia de que o Presidente está acima da lei”, cita o jornal Público.

“Avisamos a Casa Branca que os seus esforços continuados para esconder do povo norte-americano a verdade sobre o abuso de poder pelo Presidente serão vistos como provas adicionais de obstrução”, lê-se no comunicado, que termina com um aviso a Trump. “Sr. Presidente, não está acima da lei. Será responsabilizado”.

Depois desta troca de argumentos, escreve o Expresso, Trump esclareceu que terá disponibilidade para participar na investigação se forem garantidos os seus direitos e “se as regras forem justas”.

O Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar Biden e o seu filho. Esta chamada telefónica, cuja transcrição foi revelada na última semana depois da queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.

Mais tarde, o Governo australiano confirmou que houve uma segunda chamada, em que Trump pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller. O Governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar.

A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.

Para o afastamento do Presidente ser confirmado seria preciso que dois terços dos senadores votassem nesse sentido, algo que implicaria que 20 republicanos votassem contra Trump.

Em toda a história dos EUA, nunca houve um Presidente destituído. Apenas dois chefes de Estado enfrentaram esta medida — Bill Clinton em 1998 e Andrew Johnson em 1868 — tendo ambos sido absolvidos.

ZAP //

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