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Tancos. Ex-ministro Azeredo Lopes acusado de beneficiar e proteger criminosos

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Olivier Hoslet / EPA

O ex-ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes

O Ministério Público (MP) acusa o antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes de ter exercido o seu cargo “sabendo que estava a beneficiar e proteger criminosos” no âmbito do caso da investigação do roubo de armas em Tancos.

“O arguido Azeredo Lopes exerceu os poderes de facto decorrentes do exercício do seu cargo público de forma perversa, bem sabendo que estava a beneficiar e proteger criminosos, condutas que sabia ser de extrema gravidade, sendo proibidas e punidas pela lei penal”, apontam os procuradores no despacho de apresentação do MP, citado esta quarta-feira pelo Correio da Manhã.

O antigo governante teve pleno conhecimento” de que elementos da Polícia Judiciária Militar (PJM), como os então diretor Luís Vieira e porta-voz Vasco Brazão, “fizeram várias diligências junto de um indivíduo que estava na posse do material subtraído e com quem negociaram a entrega do mesmo, contra a promessa da sua impunidade”, pode ler-se.

Azeredo Lopes terá sido informado por Luís Vieira a 4 de agosto de 2017, segundo os procuradores do MP, do plano da PJM de negociar a entrega das armas.

Os procuradores sustentam que o ex-ministro tinha consciência de que estava em causa a prática de crimes e ilícitos disciplinares, mas não os denunciou às autoridades, com a intenção de permitir a recuperação das armas roubadas.

Já na semana passada, a revista Sábado tinha avançado que o MP suspeita que Azeredo Lopes não só teve conhecimento sobre o plano da PJM para recuperar as armas, como também deu o seu aval para o para recuperar o material de guerra roubado dos paióis militares de Tancos na madrugada de 28 de junho de 2017.

“(…) o arguido Luís Vieira colocou o arguido Azeredo Lopes ao corrente das informações que tinha e das suas pretensões e procurou obter a concordância do ministro da Defesa, o que, efetivamente, obteve“, referem os procuradores Vítor Magalhães, Cláudia Porto e João Valente, que assinam o despacho, citados pela revista.

Em reação à notícia avançada pela Sábado na passada sexta-feira, Azeredo Lopes lamentou, em primeiro lugar, e citado em comunicado enviado às redações, “a flagrante violação do segredo de justiça que tal notícia consubstancia, e a que todos os agentes processuais estão obrigados por Lei”.

Depois, reforçou “as declarações feitas na comissão parlamentar de inquérito de maio de 2019” e reitera que confia na Justiça: “Confio na Justiça, com ela colaborarei, como é meu dever, e estou convicto, porque nada fiz de ilegal ou incorreto, que serei completamente ilibado de quaisquer responsabilidades neste processo”, apontou.

ZAP //

 

6 Comments

  1. É raro encontrar uma pessoa que, estando a exercer um cargo de poder, não abuse desse mesmo poder, este pode ser mais um.
    Vejo que o MP se empenha mais em descobrir e penalizar casos de crimes como este, em especial os que englobam gente da “pesada” e que fomentam o protagonismo, mostra trabalho, já os casos dos cidadãos comuns que não têm onde caír mortos vão directos para arquivamento.
    Pena é que depois os tribunais pouco ou nada façam para apurar a verdade e castigar quem de direito.

  2. Mais do mesmo,… já metade do pais sabia que ele era cúmplice e ainda as armas não tinham aparecido.
    Estes corruptos mentem tão mal que eu fico parvo como é que ainda chamam justiça a este sistema corrupto.

  3. Mas alguém minimamente são duvidava disto? No eterno jogo do passa culpa que é a hierarquia do Estado alguém duvidava que os intermédios se iam arriscar a resolver o problema e ficarem queimados sem que o topo da hierarquia tivesse pleno conhecimento e autorizasse a trapaça.

    Neste caso, bem esteve o Doutor Marcelo que sempre exigiu que se fosse até ao fim. Sinal de que também ele sabia de alguma coisa…

  4. Ainda está solto?!
    Deveria apresentar-se o mais depressa possível, juntamente com o Primeiro-Ministro, numa esquadra da polícia para serem detidos.

  5. Este ex-ministro foi mais um dos que representam os cómico-trágicos deste (des)governo. E o povo, todo contente, está a dizer em sondagens: queremos esta jóia de governantes no próximo mandato. Anda doença mental em Portugal.

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