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Comida por cordas e muitas lágrimas. Últimos moradores do prédio Coutinho resistem ao despejo

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Abel F.Dantas / ZAP

São nove os moradores do prédio Coutinho, em Viana do Castelo, que resistem no edifício que vai ser demolido para dar origem ao novo mercado municipal. Sem água e sem gás e com as autoridades a impedirem entradas no edifício, estão a receber comida içada por cordas.

O impasse prossegue no Prédio Coutinho que está para ser demolido desde 2000, por razões estéticas, para dar origem ao novo mercado municipal de Viana do Castelo.

A sociedade VianaPolis, que gere o programa que prevê a desconstrução do imóvel, não desiste da ordem de despejo que foi deliberada por um tribunal. E as fechaduras das portas exteriores do edifício foram trocadas pela PSP que mantém agentes à entrada do imóvel, não deixando entrar não moradores.

A SIC Notícias avança que os moradores do edifício podem sair à vontade, mas que precisam de autorização para voltar a entrar nas suas casas.

Entre os 9 resistentes que se recusam a sair do prédio, alguns são idosos que dependem dos seus filhos para levarem a cabo as rotinas diárias.

Entre a preocupação e as lágrimas, começa a ser complicado para quem resiste no edifício permanecer, já que a água e o gás foram cortados.

Durante terça-feira, os moradores chegaram a receber comida que foi içada pelas janelas com a ajuda de cordas, como reporta o Jornal de Notícias.

É um dia negro para Viana do Castelo“, lamenta ao Correio da Manhã um dos proprietários que se recusam a entregar as chaves, Valdemar Cunha. Este morador lamenta que as pessoas “estão a ser tratadas de forma violenta, sem respeito”.

“Moradores estão sob sequestro”

Entretanto, o advogado de vários moradores, Magalhães Sant’Ana, revelou aos jornalistas que o tribunal aceitou a acção de intimação pela defesa de direitos, liberdades e garantias dos últimos moradores do prédio Coutinho, que foi apresentada na passada quarta-feira.

A VianaPolis tem agora cinco dias para contestar a acção que não produz efeitos suspensivos ao despejo que começou segunda-feira por decisão do tribunal.

Magalhães Sant’Ana admitiu ter tido alguma dificuldade em aceder ao edifício, por lhe ter sido impedida a entrada pelos seguranças de uma empresa privada.

O advogado lamentou a forma “bizarra” como está a ser feita esta acção de despejo, considerando até que os últimos “moradores do edifício estão sob sequestro“.

Situado em pleno centro da cidade, o edifício Jardim, mais conhecido por prédio Coutinho, tem 13 andares e a sua demolição está prevista desde 2000 no âmbito do programa Polis, para ali ser construído o novo mercado municipal.

ZAP // Lusa

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