O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta segunda-feira que os portugueses compreenderam as razões pelas quais se manteve em silêncio nos últimos dias, enquanto as forças partidárias discutiam o decreto sobre a aprovação integral do tempo de serviço dos professores.
“Os portugueses percebem o meu silêncio, percebem que tudo o que dissesse limitava a liberdade”, considerou o Chefe de Estado em declarações aos jornalistas, transmitidas pela SIC Notícias, na Fundação Champalimaud, em Lisboa. “Tudo o que eu dissesse naquele período limitava decisão entre promulgar ou vetar a lei“, disse.
Marcelo entende que não se podia pronunciar “sobre uma lei que estava na ponta final para a aprovação”, da qual poderia surgir um “eventual cenário de crise institucional”. Pouco depois, afirmou, “o Presidente poderia ter de intervir”.
“O que dissesse nesse período de tempo acabava por condicionar o Presidente, não o deixar com as mãos livres para as decisões que tivesse de tomar. Não intervir significa não se pronunciar, não receber partidos políticos ou convocar partidos”, justificou.
O Presidente da Repúblico recusou depois comentar a “realidade partidária”, sobretudo no momento em que arranca a campanha eleitoral para as europeias, que se realizam a 26 deste mês. “Não me pronunciei sobre o que aconteceu na altura, não vou fazê-lo agora”.
O Chefe de Estado disse ainda que não falou com os líderes partidários durante o período de crise, ao contrário do que avançaram alguns média. O Presidente da República “intervém muitas vezes para prevenir crises mas, desta vez, entendeu que não devia limitar o seu espaço de manobra”, completou.
Quase duas semanas depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado que se demitia caso o diploma dos professores fosse aprovado na votação final global, Marcelo quebrou o silêncio – nem quando foi operado esteve tanto tempo sem intervir.
Fontes da Presidência tinham já revelado que a agenda do Presidente seria minimizada com o aproximar das eleições. “Devagarinho“, revelaram as mesmas fontes, Marcelo Rebelo de Sousa voltará à sua “normalidade”.
De acordo com uma nota colocada esta segunda-feira publicada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa, vai receber os partidos com assento parlamentar no dia 7 de junho no quadro dos seus “contactos regulares” com as forças políticas.
A Presidência da República enquadra as audiências nos “contactos regulares com os partidos políticos com representação parlamentar e decorridas as eleições para o Parlamento Europeu”, que se realizam no dia 26 de maio em Portugal.
O Marcelo aos poucos percebe como tudo isto funciona. Aparecer nos bons momentos para comemorar e tirar selfies e nos maus para tirar selfies e dar abraços. Nos momentos complexos deixar acalmar e depois reaparecer como se nada tivesse acontecido.