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Acusação de Bruno de Carvalho concluída. Terrorismo e mais 100 crimes

Andre Kosters / Lusa

O ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho

Bruno de Carvalho e Mustafá, detidos no domingo, foram esta quinta-feira libertados e vão aguardar o julgamento em liberdade. A decisão do juiz não agradou ao Ministério Público (MP), que pondera recorrer.

O ex-presidente do Sporting e o líder da claque Juventude Leonina foram libertados porque o MP não apresentou provas suficientes dos crimes que são apontados aos dois arguidos, com exceção da droga que terá sido apreendida a Mustafá nas buscas à Juve Leo.

Para já, foram aplicadas aos dois mais recentes arguidos deste processo medidas de coação menos gravosas, que passam pelo Termo de Identidade e Residência, com apresentações diárias às autoridades, e uma caução de 70 mil euros. O despacho, lido na manhã de quinta-feira no Juízo de Instrução Criminal do Barreiro, deixou cair a hipótese de prisão preventiva como pretendia a investigação.

Em prisão preventiva continuam 38 dos 45 arguidos no processo. Os primeiros 23 cumprem esta sexta-feira seis meses de detenção e podem vir a ser libertados.

Em relação às medidas aplicadas a Bruno de Carvalho e Nuno Mendes – conhecido como Mustafá -, o MP considerou-as insuficientes, estando agora a ponderar a hipótese de recorrer da decisão, segundo revelou à Agência Lusa uma fonte oficial da Procuradoria-Geral da República.

Para aplicar as medidas de coação, o juiz de Instrução Criminal do Barreiro considerou que se verificam “os perigos de fuga”, “de perturbação do decurso do inquérito”, “da continuação da atividade criminosa” e de “grave perturbação da ordem e tranquilidades públicas”. O despacho considera ainda que a atuação dos arguidos “revela um manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas.”

Bruno de Carvalho indiciado por 101 crimes e co-autoria moral

O MP concluiu e entregou o despacho de acusação relativo à investigação do ataque a Alcochete, que levou à detenção de Bruno de Carvalho e Mustafá no passado domingo.

Segundo informações divulgadas pela RTP, o ex-presidente do Sporting e o elemento de ligação aos adeptos Bruno Jacinto, bem como o líder da Juve Leo foram considerados pela acusação como autores morais do ataque às instalações do clube, bem como de 101 crimes, nos quais 38 de sequestro e um de terrorismo.

O canal televisivo vai mais longe, afirmando que o ataque de 15 de maio a Alcochete começou a ser preparado dez dias antes, depois do empate entre o Benfica e o Sporting, com a ordem de execução a ser dada depois do Marítimo-Sporting, transmitida pelo próprio Bruno de Carvalho a Fernando Mendes, antigo membro da claque em questão.

Com a acusação concluída, de acordo com a SIC Notícias, cai por terra a possibilidade de a procuradoria ouvir Jorge Jesus. O testemunho do antigo treinador do Sporting tinha sido considerado essencial para a investigação. Jorge Jesus deverá ser ouvido apenas em fase de julgamento.

Telefonemas e testemunhos foram essenciais para a detenção de Bruno de Carvalho, neste domingo, o mesmo dia em que foi detido o líder da claque Juventude Leonina, Mustafá.

O alegado envolvimento de Bruno de Carvalho no ataque aos jogadores terá sido confirmado por três dos arguidos. Outras declarações terão sido também consideradas relevantes pelo MP, como as do antigo responsável do Sporting que fazia a ligação às claques, Bruno Jacinto.

Bruno de Carvalho é visto como o autor moral dos ataques à Academia, que culminaram com a agressão a vários jogadores. O ex-oficial de ligação com as claques, também arguido no caso, terá revelado que Mustafá lhe disse que o ex-presidente deu “luz verde” para o ataque em Alcochete.

Em 15 de maio, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, membros da equipa técnica e outros funcionários.

A GNR deteve no próprio dia 23 pessoas e efetuou, posteriormente, mais detenções, que elevaram para 40 o número de arguidos.

ZAP //

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