O Ministério da Administração Interna pondera usar helicópteros da Proteção Civil, drones e inibidores de sinal para fazer o controlo de velocidade nas estradas portuguesas. No entanto, não esclarece como irá pôr em prática este modelo.
José Artur Neves, secretário de Estado da proteção Civil admitiu, na semana passada, a possibilidade de virem a ser usados helicópteros da Proteção Civil ou drones para fazer o controlo de velocidade nas estradas portuguesas, admitindo também a instalação de mais radares, assim como a inibição do sinal de telemóvel ao volante.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse que tudo está ainda em fase de estudo e que o Governo está de “espírito aberto” para acolher sugestões.
Segundo o Observador, o ministério da Administração Interna não respondeu a uma série de perguntas do jornal sobre este assunto, limitando-se a dizer que são ideias a ter em conta no futuro. “É uma possibilidade que existe em alguns países e que Portugal vai estudar e seguir com muita atenção”, disse fonte oficial do ministério.
“Queremos trazer o conhecimento e trazer a melhor experiência técnica, académica e científica para as soluções que são necessárias implementar”, sublinhou. No entanto, contactadas pelo Observador, as várias operadoras preferiram não reagir oficialmente, mas garantiram que ninguém no Governo as contactou nesse sentido.
“Nem sequer fomos contactados pelo Governo. Acho, honestamente, que foi um palpite do secretário de Estado, que não sabia muito bem o que estava a dizer”, referiu a responsável.
No entender de uma responsável de uma operadora de telecomunicações móveis, adotar esta tecnologia obrigaria a um investimento tecnológico “inquantificável”, afirmando ser “quase impossível imaginar uma solução dessa natureza”.
Luís Manuel Ribeiro, professor no Instituto Superior Técnico de Lisboa, no Departamento de Engenharia Eletrónica e de Computadores, concorda e diz “não perceber o alcance” das palavras do secretário de Estado. “Não conheço, neste momento, tecnologia que seja capaz de responder às questões levantadas pelo secretário de Estado”, diz ao Observador.
“Uma solução dessas podia existir, se o carro tivesse inibidores de sinal incorporados, ativados por sensores de velocidade. Mas seriam extensíveis a todos, condutor e passageiros. Não conheço qualquer solução que funcionasse apenas para o condutor e fosse proativa, ou seja, não dependesse exclusivamente da ação do condutor”, nota.
Os inibidores de sinal, quando são ativados, interferem na transmissão do sinal dos telemóveis num determinado raio de influência e são usados, por exemplo, para proteger altas figuras do Estado em deslocações oficiais.