Os registos do INEM foram feitos à mão e, sete meses depois, ainda não foram informatizados. O instituto recusa o acesso aos documentos, por estarem alegadamente em “segredo de justiça”.
Devido à agitação que se gerou em torno do incêndio de Pedrógão Grande, com as grandes dificuldades que se fizeram sentir nos contactos – quer via rede telefónica, quer via Internet – os registos obrigatórios de cada meio de socorro do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foram feitos à mão.
Esta sexta-feira, o Público avança que esta foi uma situação excecional. Contudo, sete meses depois da tragédia, estes registos ainda não foram atualizados no sistema informático, dificultando assim toda a investigação.
Questionado pelo jornal, o INEM confirmou que “todas as ocorrências devem e têm de ser registadas no sistema informático dos CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes – do INEM”. No entanto, devido às condições particulares do que aconteceu em Pedrógão “os registos foram sendo feitos manualmente ou em sistemas complementares”.
O INEM justifica-se com o facto de os operacionais escolherem a forma que consome “menos tempo possível” no terreno, lembrando também as falhas que aconteceram na rede de comunicações.
Além disso, o INEM não revela a que horas ativou cada meio, admite não saber a hora exata a que alguns meios chegaram junto das vítimas e recusa o acesso a documentos que o poderiam comprovar, por estarem, alegadamente, em segredo de justiça.
“Em alguns casos, o INEM não dispõe de informação precisa sobre a hora exata a que os meios chegaram junto das vítimas”, refere o INEM ao jornal. Sobre este assunto, recorda ainda as dificuldades nas comunicações que acabaram por “condicionar negativamente”, impedindo o registo.
Depois do relatório do professor Domingos Xavier Viegas, em que foram identificadas situações em que o socorro às vítimas terá falhado, as queixas e dúvidas sobre o INEM aumentaram, levando o Ministério Público a alargar o âmbito da investigação.
A colaboração com o Ministério Público é assumida pelo INEM, que recusou ao Público a consulta de vários documentos por estarem em “segredo de justiça”.
Incêndio em Pedrógão Grande
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