O presidente da Argentina, Mauricio Macri, compareceu esta sexta-feira perante a Justiça argentina para explicar a sua participação numa empresa offshore revelada pelos documentos divulgados pelo Panamá Papers no início da semana.
Eleito em novembro após uma campanha com o fim da corrupção no governo Kirchner como uma das suas maiores bandeiras, Maurício Macri diz que “não tem nada a ocultar”.
O procurador federal Federico Delgado pediu ao juiz Sebastián Casanello que abra uma investigação para determinar se Macri omitiu “de forma maldosa” a sua participação na gestão de uma empresa criada offshore pela Mossack Fonseca, consultora na origem do escândalo Panama Papers.
O procurador solicitou também uma investigação para apurar se houve irregularidades na actividade da Fleg Trading, sociedade registada por Franco Macri, pai do presidente argentino.
Segundo os documentos revelados pelos Panama Papers, entre 1998 e 2008, período em que era presidente da Câmara Municipal de Buenos Aires, Macri agiu como director da empresa registada pelo pai para investir no Brasil.
Macri defende que a sua participação na empresa foi legal e sem irregularidades, e que não era obrigado a declarar a sua ligação à empresa, na qual não tinha qualquer participação accionista.
Mas os críticos do presidente alegam que Macri tem que esclarecer a sua ligação à Kagemusha SA, uma outra companhia offshore, um tipo de empresas normalmente criadas para facilitar a lavagem de dinheiro e evasão fiscal.
Segundo a Reuters, Maurício Macri irá, a partir da próxima segunda-feira e enquanto for presidente, entregar todo o seu património a um fundo “gerido por pessoas independentes” – algo inédito na história da Argentina.
A medida, diz o presidente argentino, tem como objectivo “evitar conflitos de interesses e dar transparência” à sua presidência.
Na noite da última quinta-feira, dia 7, centenas de opositores kirchneristas reuniram-se na Praça de Maio, na frente à Casa Rosada, o palácio presidencial argentino, para protestar contra Macri.
ZAP / ABr