Aluno curado de covid-19 impedido de entrar na escola (e outro suspenso por “partilhar o lanche”)

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Tiago A. Pereira / Flickr

Um aluno do 9.º ano de uma escola de Lisboa está a ser impedido de entrar no estabelecimento de ensino depois de ter tido covid-19, apesar de a mãe já ter apresentado o resultado negativo do teste. Noutro estabelecimento em Sintra, um outro aluno foi suspenso após “partilhar o lanche” com colegas numa brincadeira.

Volvido que está um mês após o arranque do ano lectivo, com as contingências relacionadas com a pandemia de covid-19, continua a existir algum desnorte e muitas dúvidas entre pais e responsáveis dos estabelecimentos.

O caso de Gabriel, um estudante que não vai às aulas há mais de três semanas, depois de ter tido covid-19, é um exemplo dessas dúvidas e do medo do desconhecido motivado pela pandemia.

O aluno de 14 anos teve covid-19 mas o teste de despistagem já veio confirmar que está curado. A mãe Judith Soares enviou, na semana passada, os resultados laboratoriais para a directora de turma da Escola EB23 Luís de Camões que respondeu dizendo que o aluno “só pode regressar à escola acompanhado de um atestado de cura passado pelo médico”.

“Não é suficiente o resultado do teste”, afirmou esta responsável numa troca de emails com a mãe do estudante.

Judith Soares contactou o Centro de Saúde, ligou para o SNS24, tentou contactar a médica de família, mas todos os que responderam ao seu pedido de ajuda disseram que bastava o resultado do teste e que não iriam passar qualquer declaração.

A mãe voltou então a avisar a directora de que não tinha nenhum atestado e de que a escola tinha de receber o aluno com o teste negativo. Mas a escola manteve a posição.

Na segunda-feira, a Directora-Geral da Saúde, Graça Freitas, reafirmou à Lusa que “uma criança ou adulto que cumpre período de quarentena, está assintomática e tem teste negativo pode voltar tranquilamente à sua escola”.

Enquanto decorre o impasse, o jovem perdeu o contacto com os professores, colegas e com as matérias que estão a ser dadas. “Pedi que me fossem enviando trabalhos para ele poder ir acompanhando, mas nada. Hoje tinha um teste de Físico-Química e não o fez”, contou à Lusa Judith Soares.

O processo de envio de informação para as escolas, por parte das entidades de saúde, está a demorar cerca de uma semana, referiu a mãe do aluno, para explicar os esforços que está a fazer para Gabriel poder regressar às aulas.

Ninguém quer saber. Uma pessoa sente-se sozinha, sem saber a quem recorrer”, desabafou ainda esta mãe.

“Os serviços de saúde estão assoberbados com trabalho, não recebem as pessoas sem marcação prévia, não atendem os telefones e têm as caixas de email cheias”, acrescentou à Lusa.

Do lado das escolas, impera o medo do desconhecido. Mas, para Judith, o mais grave é a forma como tratam pais e alunos, lamentando que o seu filho “está a ser prejudicado” por um problema que os ultrapassa.

“Sem máscara e a dar dentadas na comida uns dos outros”

No Agrupamento de Escolas Escultor Francisco dos Santos, em Rio de Mouro, Sintra, há um caso de um aluno que foi suspenso por um dia por “partilhar o lanche com os colegas”.

Em causa terá estado uma brincadeira de mau gosto com um aluno que já antes terá violado as regras sanitárias do estabelecimento, tendo sido chamado à atenção, conforme apurou o Observador.

O estudante que será repetente, estando inserido numa turma nova, onde não conhece ninguém, já teria “furado a bolha da turma” que impede o contacto entre alunos de turmas diferentes para ir ao encontro dos amigos de outra turma.

O vice-presidente e vereador da Educação da Câmara Municipal de Sintra, Rui Pereira, refere ao Observador que se trata de uma “situação recorrente” que envolve este estudante e mais três jovens de turmas diferentes e que não respeitariam as regras sanitárias, nomeadamente não usando a máscara e partilhando comida.

Na carta enviada ao encarregado de educação do aluno suspenso, o agrupamento explica que o “quarteto de meninos” já “referenciado pelos professores e pelos funcionários”, foi apanhado “sem máscara e a dar dentadas na comida uns dos outros”.

Não se trata de uma generosidade do seu filho em pagar uma sandes ao colega, que surpreendentemente ainda não teria comido nada às 16:30 horas da tarde, mas sim de estarem a dar dentadas no mesmo alimento”, destaca ainda a escola na mesma carta citada pelo Observador.

“Foram várias vezes avisados pelas funcionárias da escola e também pela direcção das turmas”, acrescenta na Rádio Observador o vice-presidente da autarquia.

O jovem foi suspenso durante um dia e já cumpriu o castigo nesta terça-feira.

Entretanto, a direcção do agrupamento comunicou o caso ao delegado de saúde regional, como apurou o Correio da Manhã.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Tenho mais medo da estupidez das pessoas e da campanha alarmista para claramente beneficiar alguns membros de um grupinho fechado do que tenho actualmente do vírus.

  2. portanto ficamos a saber que um teste que é extraordináriamente falível, aliás o seu criador que com ele ganho o Nobel sempre afirmou que ele não servia para teste de doenças infecciosas, se der positivo (para o comum dos mortais, pq para os donos disto tudo e jogadores da bola é diferente) as pessoas ficam de quarentena ainda que não tenham qq sintoma ou seja médicamente nem sequer são um caso.

    mas qd dá negativo, não lhes vale nada pq a ditadura reinante continua a negar-lhes os mais básicos direitos.

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