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30 mil voluntários. Arrancou um dos maiores ensaios no mundo para testar vacina

PAHO / WHO

A empresa de biotecnologia Moderna, em colaboração com o Governo dos Estados Unidos, iniciou na segunda-feira um dos maiores ensaios do mundo para testar em 30 mil voluntários a eficácia de uma vacina experimental contra a covid-19.

O teste vai ser feito em pessoas recrutadas em 89 lugares nos Estados Unidos. A vacina de Moderna entrou assim na fase 3, com o objetivo de testar o remédio numa grande amostra da população.

Numa conferência de imprensa, o principal epidemiologista nos Estados Unidos, Anthony Fauci, explicou que a primeira injeção da vacina experimental da Moderna foi administrada a um voluntário em Savannah, Geórgia, às 6h45 de segunda-feira (11h45 em Lisboa).

Nos Estados Unidos, a vacina da Moderna será testada em 30 mil voluntários, que receberão duas doses com 28 dias de intervalo. Metade dos participantes receberá uma injeção de placebo para que possa ser feita uma avaliação estatística da eficácia da vacina, disse Fauci.

Nem os voluntários nem os médicos que administram a vacina terão qualquer informação sobre quem recebe o placebo e quem recebe a vacina.

Uma vez vacinados os voluntários, os peritos analisarão os possíveis efeitos secundários e a eficácia da vacina, especialmente se ela pode prevenir os casos mais graves de covid-19 e quantas doses são necessárias para assegurar uma resposta imunitária.

Fauci disse que as conclusões sobre a eficácia da vacina experimental de Moderna podem ser conhecidas “no início de novembro, mas pode ser mais cedo”.

Em declarações ao Business Insider, Stephane Bancel, diretor executivo da Moderna, disse que “no melhor cenário, se tudo estiver bem”, os testes à vacina podem ser conhecidos em outubro, podendo chegar ao mercado nessa altura.

Contudo, Bancel alerta que a imunização da população mundial poderá ser possível apenas na primavera de 2021, uma vez que será necessário aumentar a produção da vacina contra o novo coronavírus para responder à procura mundial.

Esta é a primeira vacina experimental fora da China a alcançar este ponto crítico para comprovar a sua eficácia e segurança antes da distribuição em massa. “É um recorde mundial podermos passar da sequenciação [do vírus SARS-CoV-2] para a fase 3 de uma vacina num tão curto espaço de tempo. Nunca foi feito antes“, explicou Fauci, que garantiu que este processo, que levou apenas cerca de seis meses, não comprometeu o rigor científico nem a segurança dos ensaios.

A Moderna, com sede em Massachusetts, é a primeira empresa americana a atingir este nível de investigação e a segunda no mundo, atrás da empresa chinesa Sinopharm.

O Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan, afiliado da Sinopharm, e a Academia Chinesa de Ciências começaram a testar a sua vacina em 15 mil voluntários em julho, com o apoio dos Emirados Árabes Unidos.

Esta terça-feira, o chefe do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, Gao Fu, revelou ter sido injetado com uma vacina experimental contra o novo coronavírus, visando convencer o público a seguir o exemplo quando esta for aprovada. “Vou revelar algo secreto: fui injetado com uma das vacinas”, disse Gao Fu. “Espero que funcione”.

Gao não disse quando foi vacinado, deixando apenas claro que foi injetado como parte de um teste em seres humanos aprovado pelo governo.

Na mesma conferência de imprensa, o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), Francis Collins, informou que três outras empresas (Johnson & Johnson, Novavax e AstraZeneca) iniciarão em breve os ensaios da fase 3 e precisarão cada uma de 30 mil voluntários.

Fazem parte da operação “Warp Speed”, lançada pelo governo dos Estados Unidos para promover o desenvolvimento e assegurar em 2021 tratamentos e vacinas contra a pandemia da covid-19.

Uma quarta vacina, desenvolvida pela Pfizer e BioNTech, deverá iniciar a fase 3 este mês, embora não faça parte desse programa federal, frisou Collins.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 650 mil mortos e infetou mais de 16,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Os Estados Unidos são o país com mais mortos (146.968) e mais casos de infeção confirmados (mais de 4,2 milhões).

ZAP // Lusa

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