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Amigo de Salgado diz que perdeu 25 milhões com o BES

Darren Riley / Flickr

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O empresário José Guilherme, que deu a Ricardo Salgado uma prenda de 14 milhões de euros, alega ter perdido 25 milhões com a queda do BES.

O construtor, que reside em Angola, foi chamado à Comissão de Inquérito ao caso BES em fevereiro para esclarecer a a “liberalidade” de 14 milhões de euros que pagou a Ricardo Salgado como agradecimento pela consultoria para negócios em Angola em 2011, mas tinha vindo a adiar a sua presença no Parlamento alegando razões profissionais e de saúde. Esta terça-feira, respondeu por escrito às perguntas dos parlamentares.

“Com a resolução determinada pelo Banco de Portugal já perdi cerca de 25 milhões de euros, podendo vir a perder muito mais”, escreve José Guilherme.

O empresário admitiu nas respostas aos deputados da comissão de inquérito que pediu vários empréstimos ao BES Angola e admite que “via o BES e o GES como verdadeiros parceiros de negócios e sei que era assim que aquelas entidades também me viam”.

José Guilherme alega que a dívida pessoal, de responsabilidade de entidades por si dirigidas ou às quais deu garantia pessoal era “de cerca de 121 milhões de euros” antes da divisão do banco, um valor inferior aos 204 milhões de euros registados no final de 2012. O empresário afirma que o remanescente tem sido pago “à razão de cerca de 12 milhões de euros/ano, entre 2012 e agosto de 2014”.

Os seus créditos não estariam abrangidos pela garantia do Estado Angolano, uma vez que “todos os financiamentos concedidos através de pedidos meus foram cumpridos”, escreve o construtor de Leiria, que garante, no entanto, desconhecer “como era avaliado o risco de incumprimento de tais financiamentos”.

O construtor afirma ainda que, atualmente, nenhuma das sociedades em que detém participações tem créditos a decorrer junto do BES, “uma vez que as relações de crédito foram transferidas para o Novo Banco”.

Tendo ainda uma dívida para pagar, José Guilherme descreve que mantém negociações com o Novo Banco para encontrar uma solução, justificando o pedido de reestruturação da dívida:

“Por razões atinentes, por um lado, ao não cumprimento – em decorrência da Resolução do BES e subsequentes insolvências das empresas do GES – de compromissos que haviam sido assumidos comigo pelo BES e empresas/responsáveis dos GES relativamente a negócios realizados com crédito do BES concedido ou mantido a pedido e no interesse daquelas entidades, e da situação em que, pelas mesmas razões, caíram pessoas e empresas terceiras cujas responsabilidades avalizei pessoalmente perante o BES e, por outro lado, em face da situação económica de Angola, (…) constatei como imperiosa a necessidade de encontrar uma solução de acordo de reestruturação da dívida perante o Novo Banco”.

Sobre o presente milionário dado a Salgado, o empresário diz que nada tem a referir, uma vez que o caso está em segredo de justiça, e apenas diz que o banqueiro lhe deu alguns conselhos sobre investimentos em Angola.

José Guilherme terá realizado negócios em Angola depois de ter ponderado os mercados da Bulgária e da Polónia, mas a conselho de Salgado, decidiu olhar para África. Segundo o construtor, o fato “de não falar outra língua que não seja o português” também pesou na decisão”.

ZAP

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