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Zelenskyy em Portugal. Vai assinar acordo para 10 anos desenhado com Montenegro

Chema Moya/EPA

Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy em conferência de imprensa no Palácio de La Moncloa, em Madrid.

Acordo de cooperação bilateral para dez anos desenhado e concluído por telefone com o primeiro-ministro abrange todas as áreas de cooperação entre os dois países nos últimos dois anos.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, realiza esta terça-feira à tarde uma visita a Portugal, em que será recebido pelo chefe de Estado e pelo primeiro-ministro, e assinará de um acordo de cooperação bilateral para dez anos.

Segundo uma nota divulgada na segunda-feira pela Presidência da República Portuguesa e pelo gabinete do primeiro-ministro, trata-se de uma “visita de trabalho” com o objetivo de “aprofundar as excelentes relações entre os dois estados, com enfoque particular no reforço da cooperação no domínio da segurança e defesa”.

Acordo para quatro áreas de cooperação

Volodymyr Zelenskyy, que chega a Portugal depois de uma visita a Espanha e à Bélgica, terá primeiro um encontro na residência oficial do primeiro-ministro, Luís Montenegro, onde será assinado um acordo bilateral, e depois será recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

De acordo com a mesma nota divulgada pelo Palácio de Belém e por São Bento, esta visita de Zelenskyy “será ainda oportunidade para reiterar o compromisso de Portugal para com a soberania e integridade territorial da Ucrânia, bem como com a manutenção do apoio político, militar, financeiro e humanitário a Kiev”.

Em declarações aos jornalistas, em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o acordo bilateral a assinar durante esta visita de Zelenskyy abrange todas as áreas de cooperação entre os dois países nos últimos dois anos: “assistência humanitária, financeira, militar e política”.

“Recolhe todas as dimensões em que trabalhámos, mas de uma forma sistematizada, e com um horizonte de dez anos”, acrescentou Paulo Rangel.

Mensagem de Montenegro

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, realçou que a visita do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a Portugal, na terça-feira, ocorre “num momento crucial“, sublinhando a “oportunidade para reforçar o apoio político, militar, financeiro e humanitário a Kiev”, numa mensagem em vídeo divulgada na rede social X, onde dá as boas-vindas a Portugal ao chefe de Estado ucraniano.

Vivemos tempos decisivos na nossa histórica coletiva. (…) Esta visita de trabalho vai servir para aprofundar as excelentes relações entre os dois países, mas sobretudo para reforçar a cooperação no domínio da segurança e defesa”, destacou o chefe do Governo português.

Com o palácio de S. Bento de fundo com as coras da bandeira ucraniana, o social-democrata destacou também que o encontro é uma oportunidade para Portugal reiterar o “compromisso com a soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

“Mas também uma oportunidade para reforçar o apoio político, militar, financeiro e humanitário a Kiev”, acrescentou.

Para Luís Montenegro, Volodymyr Zelenskyy “representa milhares de cidadãos ucranianos que há décadas escolheram Portugal para viver e é também o Presidente de muitos refugiados de uma guerra altamente injusta“.

O primeiro-ministro português e o Presidente da Ucrânia têm falado ao telefone ao longo das últimas semanas e desenharam e concluíram o acordo de cooperação e segurança bilateral que na terça-feira será assinado em Lisboa.

“Ao longo das últimas semanas – algumas vezes tem sido público, outras vezes não —, o primeiro-ministro tem interagido, tem falado ao telefone com o Presidente ucraniano. Nesse diálogo entre o Presidente ucraniano e o primeiro-ministro, foi desenhado, acordado, o acordo de cooperação e segurança que será assinado durante a visita” de Volodymyr Zelensky, adiantou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

Visita há muito a ser preparada

Este acordo bilateral começou a ser planeado depois da última cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em julho do ano passado, em Vilnius (Lituânia), ainda com o anterior Governo, e agrega toda a intervenção portuguesa junto das autoridades ucranianas desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

Em 14 de maio, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, confirmou que estava a ser preparada uma visita do Presidente da Ucrânia a Portugal, sem indicar para quando nem com que programa. “A visita está a ser preparada com a reserva que é suposto ter e já se verá, a muito curto trecho, como tudo acontecerá”, declarou então Nuno Melo aos jornalistas, à margem de uma visita à sede da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, em Lisboa.

Mais tarde, no mesmo dia, a agência de notícias Efe noticiou, com base na Casa Real espanhola, que Volodymyr Zelenskyy tinha cancelado uma deslocação a Espanha prevista para 17 de maio, que incluiria também Portugal.

Em agosto do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa realizou uma visita de dois dias à Ucrânia, a convite do Presidente Volodymyr Zelenskyy, por ocasião do 32.º aniversário da independência deste país.

Nessa visita, o chefe de Estado português passou por Kiev, Bucha, Moshchun, Irpin e Horenka, em sinal de apoio aos ucranianos na guerra em defesa contra a invasão pela Federação Russa iniciada em fevereiro de 2022.

ZAP // Lusa

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