Zelenskyy “é um ditador”, diz Trump. Rússia acena com milhões e “já abre o champanhe”

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Rússia “tem as cartas na mão”, garante Trump: Zelenskyy é “um ditador sem eleições”. E os lucros estão à espera dos americanos em Moscovo.

Depois de disparar críticas contra o presidente ucraniano, culpando-o de não conseguir acabar com a guerra nos últimos três anos e dizendo que é a Rússia que quer “fazer alguma coisa” para “acabar com a barbárie selvagem” que é a guerra na Ucrânia, Donald Trump viu Volodymyr Zelenskyy ‘sair da casca’.

“O presidente Trump vive num espaço de desinformação”, acusou o líder da Ucrânia, depois de ter sido alvo do bilionário, que o acusou de desviar a ajuda monetária norte-americana e de estar “muito mal” nas sondagens.

“Infelizmente, o Presidente Trump — tenho grande respeito por ele como líder de uma nação pela qual temos grande respeito, o povo americano que nos apoia sempre — vive neste espaço de desinformação”, disse Zelenskyy. Trump disparou de volta.

Zelenskyy é “um ditador sem eleições”, escreveu o presidente dos EUA na sua rede social Truth esta quarta-feira. E brincou com Biden “como um violino”, disse na  reunião de investimento apoiada pela Arábia Saudita, na Flórida, onde voltou a chamar “ditador” ao líder da Ucrânia: “Zelenskyy fez um péssimo trabalho, o seu país está destroçado e milhões morreram desnecessariamente”.

Zelenskyy “está muito mal” nas sondagens?

“Ele recusa-se a fazer eleições. Está muito mal nas verdadeiras sondagens ucranianas. Como pode estar em alta com todas as cidades a serem demolidas?” disse Trump: “temos uma situação em que não houve eleições na Ucrânia, em que temos essencialmente lei marcial e em que o líder da Ucrânia – lamento dizê-lo – mas tem 4% de votos favoráveis“. Mas é verdade?

O presidente ucraniano tem um índice de aprovação e confiança de 57% dos ucranianos, segundo uma sondagem realizada este mês verificada pela BBC Verify.

A Ucrânia está sob lei marcial, com eleições suspensas desde a invasão russa em fevereiro de 2022. O seu mandato presidencial de cinco anos deverá terminar em maio de 2024, mas a guerra em curso complica qualquer potencial processo eleitoral. Este estado de exceção, prevista pela própria Constituição, não obriga à realização de eleições enquanto o país estiver a ser alvo de invasão militar estrangeira.

Rússia tem vantagem e lembra Trump: aqui, há dinheiro

Trump reforçou ainda que a Rússia tem as “cartas na mão” em qualquer negociação para acabar com a guerra na Ucrânia porque conquistou muitos territórios, disse o norte-americano à  BBC.

Numa tentativa de atrair as empresas americanas de volta à Rússia, os funcionários do Kremlin estão a lembrar: os lucros estão à espera de Trump em Moscovo.

Durante as recentes discussões na Arábia Saudita, Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, apresentou, segundo o The Washington Post, um documento que descrevia as perdas potenciais incorridas pelas empresas americanas que saíram da Rússia devido ao conflito na Ucrânia. A soma total no final: 324 mil milhões de dólares.

Graças aos comentários de Trump e à reunião de sucesso em Riade, a Rússia “já está a estalar o champanhe”, acredita o antigo primeiro-ministro da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk.  Zelenskyy é um presidente completamente legítimo”, disse à BBC: “não podemos realizar eleições sob lei marcial”.

Terras raras? “Não posso vender”, diz Zelenskyy

O presidente ucraniano também negou as acusações de Trump de que o seu governo se recusou a oferecer garantias de segurança em troca de acesso a terras raras, apelidando a essas ações parte da campanha de desinformação mais ampla de Trump, que disse que o país estava em desordem, citando a destruição causada pela guerra e acusando Zelenskyy de não honrar os acordos relativos aos minerais de terras raras.

Zelensky disse na terça-feira que os EUA pediram à Ucrânia para “ceder” 50% dos seus minerais raros, sem oferecer quaisquer garantias de segurança em troca. Não posso, não posso vender os nossos minerais raros“, afirmou Zelensky: “Não posso, não posso vender o nosso Estado”.

Trump sugeriu ainda que a Europa estava mais envolvida na guerra do que os EUA, destacando a separação geográfica da América como razão para o distanciamento.

Temos um grande e belo oceano a separar-nos“, disse.

Nem os republicanos gostaram das palavras de Trump

Os comentários de Trump provocaram rapidamente reações negativas, com líderes europeus como o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson a condenarem a utilização da palavra “ditador”.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também manifestou forte apoio a Zelenskyy, reafirmando o direito da Ucrânia à não realização de eleições em tempo de guerra.

“A Ucrânia não começou esta guerra. A Rússia lançou uma invasão brutal e não provocada que custou centenas de milhares de vidas. O caminho para a paz deve ser construído sobre a verdade”, escreveu o ex-vice-presidente dos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Trump, Mike Pence, nas redes sociais.

John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Trump, disse que estas foram as declarações mais vergonhosas já feitas por um presidente norte-americano.

O Presidente russo, Vladimir Putin, tem manifestado a sua disponibilidade para se encontrar com Trump, que já deixou claro que a prioridade é acabar com a guerra o mais rápido possível — uma conclusão a que chegaram os diplomatas norte-americanos que sentaram à mesa com russos — mesmo que isso signifique a perda de territórios ucranianos para a Rússia e que a Ucrânia venha a ser russa, “um dia”.

Entretanto, a União Europeia anunciou novas sanções contra a Rússia, visando as exportações de alumínio e o sistema bancário do país e intensificando os esforços para cortar os meios de comunicação social russos.

Tomás Guimarães, ZAP //

28 Comments

    • Se assim fosse, as pessoas não poderiam expressar livremente as suas opiniões, sob pena de serem assassinadas ou até presas. Pense bem antes de escrever. A passividade não governa um país como Portugal, quanto mais uma superpotência como os Estados Unidos da América…
      Algum extremismo é preciso para certas situações, mas com moderação. Tenha isso em conta.

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  1. Alguma desinformação, e potencialmente brusca a pressa com que julgam quem se ocupa das negociações- Trump. Há um ser forte e um ser fraco. O melhor seria ficar com as terras, mas os russos são ossos duros de roer. É preciso haver alguém que consiga entender a sua dialética de guerra, política e social.
    Critiquem-no, a mim também, mas mal ele saiu da presidência, começaram guerras por todo o lado. Negociar deveria ter sido feito desde o princípio. O que deveria significar?
    Haveremos de chegar a algum lado, mas demorará tempo… os comunas são falsos! E o Trump, não creio que muitas vezes seja capaz de dizer as coisas da maneira que deveria. Utiliza alguns termos de modo errado… a verdade é a alienação que está a sofrer.
    Vejam os vídeos e comentários de João Tilly, no Youtube, entre outros.

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    • “Os comunas são falsos”. Quem são os “comunas”? Anabela, a menina vive no século XX. Por aí se vê o que vale este seu comentário… mais valia estar quieta!

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        • Falsos, porque parecem querer finalmente a paz, mediante as negociações, mas acabam por manipular os outros. Era isso que ela queria dizer. O Trump foi alienado pelo monstro Putin.

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    • Como se pode negociar com alguém que invadiu um país vizinho (Ucrânia), transgrediu o Direito Internacional, as Convenções, a Carta das Nações Unidas de que ele faz parte, provocando uma guerra sem justificação a não ser a treta da “desnazificação” e da “desmilitarização”? Que direito tem esse psicopata russo de se imiscuir na vida de um país soberano? As palas nos olhos é o que faz…

      • Meu caro amigo após a queda da União Soviética houve acordos que foram desrespeitados pelo presidente Zelinski a pedido e com a conivência da CIA EUA.

        Lembro que no tempo de Kennedy a União Soviética quis instalar bases militares em Cuba e foi(muito bem) barrado pelos Estados Unidos. Então agora têm direito a fazer o mesmo nas portas da Rússia?

        Hipocrisia Ocidental, somos os maiores e fazemos o que queremos?

  2. O Zelensky tem que dizer a Trump que ele não pode mediar um Acordo de Paz com Putin porque não é isento e está na realidade a defender os interesses da Russía.

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      • Dias contados com mais de 50% de apoio do povo ucraniano? Ele tem é muita fibra para ir aguentando as trumpinices, as putinices e os falsos “amigos” do Ocidente! Outro mais fraco psicologicamente, já teria dado o fora e o último a sair que apagasse a luz…

      • Vamos ver se não é o Trump a ter os dias contados!
        Esta aliança com Putin é considerada traição pela maioria americana que preza a democracia e a liberdade.

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  3. Trump, nestes últimos dias, confirmou que é anti-europeu….
    Está a lançar o caos na Europa dando força a Putin e abandonando a Ucrânia… pior, acusando Zelensky da forma como o tem feito…
    Só alguém com alguma posição e sentido de estado como a Merkel poderá fazer frente a estes dois parvos(Putin e Trump)
    Não consigo ver lideres Europeus com “tarimba” para lidar com estado actual do mundo…
    Vai ser preciso uma Europa em bloco concertado, com um lider o suficiente carismático, para lidar com as pressões económicas sociais e até ambientais que aí vêm….

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    • A mesma Merkel k entregou a política energética alemã ao putin?deves estar a falar de outra de certeza

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  4. Os EUA a serem EUA. Se não me deixas explorar os teus recursos a “bem” (nas condições que eles acharem melhor) então és um ditador e vamos lutar.
    Nada de novo. Fazem o que querem porque ng os enfrenta.

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  5. Mas quem é que ainda não percebeu a fórmula putin & charlatin?
    Ora, o charlatão sem escrúpulos, o demi-acéfalo do Trump (= esterco perigoso) e a sua seita apoia o Putin e a corja dos oligarcas para derrotarem e anexarem a Ucrânia e repartem os tesouros, como a exploração das terras raras desta. E assim se tornam mais ricos, fortes e poderosos. E assim afastam e encolhem o poder da velha e decrépita Europa.
    É tão óbvio!….
    Aliás, quem é que já se esqueceu de quem é que fez quase todo o trabalho sujo e muito empenhado, pelos bastidores e canais da internet, para fazer alcançar a cadeira do poder ao esterco perigoso já no seu primeiro mandato presidencial dos USA?!

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  6. Rússia quer “fazer alguma coisa” para “acabar com a barbárie selvagem” que é a guerra na Ucrânia, diz este desgraçado Trump. Será que o gajo anda a encharcar-se com álcool? Então o invasor é que quer por fim aquilo que consumou que foi a invasão?! E o invadido é que é o ditador?! Agora começo a compreender porque queriam limpar o sebo a este americano patético e miserável.

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    • O Fernandes esquece que eles é que são os mestres de manipulação, e não o Trump. Seria insustentável continuar a enviar armas e isto e aquilo (algo que é positivo), porque a verdade é que isso estagnaria o conflito, iria prolongar o mesmo.
      O mais certo é que os acontecimentos mais recentes estejam a alterar o panorama. A administração anterior não se interessou nesta configuração de pensamento. O ideal: manter as terras, a integridade dos territórios, mas temos que ver quem é o Adamastor, e quem é a marioneta.
      Infelizmente, isto não será fácil de resolver, dada a alienação feita pelo Putin, para que o mundo se oponha ao Trump, triunfando, no fim, os que sempre são injustos.
      Cuidado com as afirmações. Mas tem o direito a pensar assim.

  7. Se bem compreendo , o responsável deste conflito , na tola de alguns , é o invadido e não o Psicopata invasor apoiado por outros Psicopatas sedentos de Poder . Tristeza !

  8. Parece que Putin conseguiu hipnotizar mais um incauto, foi a Chanceler Merkel e alguns lideres Europeus agora é o pobre Trump que julgar dominar o mundo mas afinal é facilmente manipulavél.

  9. Está a fazer exatamente a mesma coisa com a Palestina – Israel, aliar-se ao poder podre que sempre o corrompeu e que o meteu na presidência e os inocentes que mamem com a injustiça deste arrogante psicopata.

  10. Julgo que Trump quer jogar um jogo ousado e perigoso: abater a Europa financeiramente (através das tarifas e do aumento das contribuições para a NATO (comprando mais equipamento aos EUA, que já não vendem à Ucrânia)) e cercar a China. Para isso, alia-se ao seu bom amigo Putin: vai dar-lhe dinheiro para recuperar a economia russa e carta branca para tomar Ucrânia, Moldávia, Geórgia, países bálticos e sabe-se lá mais o quê (sim, Trump não vai socorrer os países bálticos. Se calhar até já não estará na NATO quando isso acontecer). Em troca, Putin oferece-lhe bons negócios no seu império: gás, petróleo, ouro, terras raras, construção civil, etc. Em troca, Putin tem de arrefecer o seu relacionamento com Xi, o grande inimigo de Trump porque é a única superpotência que lhe pode fazer frente. No lugar de Xi, eu iria já perguntar a Putin o que anda a fazer com Trump…e conversar melhor com a Europa e com a India.

    • Putin trump e china vai dar um estoiro brutal no fim, é meter as pipocas no microondas e assistir

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