Trump contra Putin: o ultimato de 50 dias, as armas para a Ucrânia e as tarifas de 100%

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// Gage Skidmore; Firdaus Omar / Flickr; Depositphotos

O “teatro” continua. “Desapontado” com o presidente russo, Trump deu-lhe 50 dias para conseguir acordo sobre a Ucrânia, enquanto a Europa quer sanções já e prepara-se para pagar “o que for preciso” para defender a Ucrânia.

Donald Trump quer um acordo sobre a guerra na Ucrânia no prazo de 50 dias; caso contrário, avançará com tarifas de 100% contra os aliados da Rússia, ameaçou esta segunda-feira.

Num dia em que o presidente norte-americano confirmou a entrega de armas a Kiev via NATO, semanas depois de o Pentágono ter anunciado que iria suspender os envios de armas para a Ucrânia, Trump também confessou à BBC estar “desapontado” com o presidente russo Vladimir Putin.

“Pensei que teríamos um acordo, há dois meses. Mas isso não parece estar a acontecer”, disse o líder dos EUA ao lado do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, na Casa Branca.

Trump já tinha avisado, no domingo, que um anúncio importante estava a caminho, uma vez que “Putin surpreendeu muita gente”.

“Fala bem e depois bombardeia toda a gente à tarde”, queixou-se o presidente norte-americano, “portanto, há um pequeno problema e eu não gosto disso”. Questionado sobre se confia em Putin, Trump foi claro: “não confio em quase ninguém”.

Esta segunda-feira, o grande anúncio sobre a Rússia chegou.

“Se não tivermos um acordo dentro de 50 dias, é muito simples, [os impostos alfandegários] serão de 100% e ponto final”, acrescentou o líder norte-americano, referindo-se à ação como uma imposição de “tarifas secundárias” — um anúncio que não está relacionado com a proposta em análise pelo Congresso norte-americano, que aumenta as tarifas para 500%.

“Os republicanos estão a avançar no Senado com grande energia, mas ainda não tenho a certeza se precisamos disso”, explicou o presidente dos EUA.

“Teatro”? 50 dias é demasiado tempo?

Do lado de Moscovo, ninguém está preocupado com o “ultimato teatral” de Trump, garantiu o vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev.

“Trump emitiu um ultimato teatral ao Kremlin. O mundo estremeceu, à espera das consequências”, escreveu Medvedev no X: “A Europa beligerante ficou desiludida. A Rússia não se importou”, garantiu.

Já Bruxelas considera o prazo estabelecido para avançar com eventuais sanções “demasiado longo”, e disse, através da responsável pelos Negócios Estrangeiros da União Europeia, Kaja Kallas, que a UE está “muito, muito perto” de impor novas sanções à Rússia.

“Esperamos que seja hoje ou amanhã que adotemos o 18.º pacote de sanções”, disse Kallas, citada pela Al Jazeera.

Patriot a caminho: Trump “quer que os europeus paguem”

Na mesma reunião, Trump também confirmou que países da NATO — incluindo a Alemanha, o Reino Unido, a Dinamarca, a Noruega, a Suécia, o Canadá, os Países Baixos e a Finlândia – vão comprar armas aos Estados Unidos, nomeadamente as requisitadas baterias antiaéreas Patriot, para fornecer à Ucrânia.

Rutte disse que Trump lhe ligou na quinta-feira a informá-lo da decisão.

“[Trump] quer fornecer o que for necessário para manter a Ucrânia capaz de se defender da Rússia, mas quer que os europeus paguem por isso, o que faz todo o sentido”, disse o secretário-geral da aliança.

“Vamos enviar vários equipamentos militares muito sofisticados e eles vão pagar-nos 100%”, tinha dito Donald Trump à comunicação social no domingo: “vamos enviar-lhes Patriots, que eles precisam desesperadamente”.

“Estamos a falar de números enormes” de fornecimentos, sublinhou Rutte, em aviso ao Presidente russo.

“Se eu fosse Vladimir Putin hoje, reconsiderava se não devia levar as negociações sobre a Ucrânia mais a sério do que está a fazer atualmente”, ameaçou o secretário-geral.

Os Patriot, vistos como o sistema de defesa aérea mais moderno e eficaz, são utilizados para intercetar ataques lançados por adversários por terra e ar. Têm estado no centro das discussões desde o ano passado, quando a Alemanha assumiu a liderança nas negociações de entrega de armas a Kiev e apelou a incentivos para que outros parceiros que não enfrentassem uma ameaça direta oferecessem armas.

Numa mensagem no X, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, confirmou esta segunda-feira ter discutido com o homólogo norte-americano o reforço na defesa da Ucrânia

“Combinamos encontrar-nos com mais frequência por telefone e coordenar as nossas ações também no futuro”, escreveu, agradecendo a Trump e aos EUA.

A Rússia mostrou-se disponível para negociar. “A Rússia está disposta a continuar e a realizar uma terceira ronda [de negociações]”, garantiu o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, citado pela agência estatal russa TASS.

Tomás Guimarães, ZAP //

3 Comments

  1. A posição dos russos, tem sido constante, desde o inicio deste conflito. Quem flutua tem sido o Trump. E flutua tanto, que já ninguém o leva a sério.. Quanto á alegada má vontade de Putin de negociar, é o mesmo que dizer; “ele não aceita as NOSSAS condições sem refilar”, e trágicamente prolongam o conflito, querendo agora que os >Europeus, paguem o armamento. O que é bom para a industria armamentista americana, ruim para todos nós deste lado do mar, onde a economia vai de mal a pior, e onde esse dinheiro teria bem melhores aplicações na saúde e na educação, por exemplo. Eu não devo nada á Ucrânia, por isso sinto-me defraudado com o destino dos meus suados impostos. Além disso, as armas agora prometidas (se chegarem a ser entregues), estarão rápidamente esgotadas, sem possibilidade de reposição a curto/médio prazo, e não terão qualquer efeito no resultado da guerra, que está mais que definido.
    E finalmente. Mais sanções:::? Trump tem sancionado práticamente todo o resto do mundo, amigos e inimigos, e estará ele próprio acabando por ser sancionado por isolamento. Francamente…chega desta palhaçada.

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      • Se o meu caro gosta tanto dos Ucranianos e se acha que lhes devemos alguma coisa, porque não vai para lá lutar junto com eles. Assim deixava de ser um treinador de bancada e juntava-se no campo de batalha. É muito fácil criticar os outros quando não se enxerga um palmo à frente dos olhos. E não não sou comunista e nem a favor do Putin.

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