O Presidente da Ucrânia defendeu, esta quinta-feira, que a conversa telefónica que teve com o seu homólogo norte-americano não deveria ter sido divulgada e desvalorizou a investigação que está a ser feita ao candidato democrata.
“Acho que estas coisas, estas conversas entre chefes de Estados independentes, não deveriam ser divulgadas”, defendeu hoje Vladimir Zelenski, à margem da Assembleia Geral da ONU, que está a decorrer em Nova Iorque.
Sublinhando que “não tem medo” por a conversa ter sido divulgada, Zelensky alegou que a investigação a Biden é apenas um dos “muitos casos” sobre os quais fala com líderes de outros países.
A Casa Branca divulgou, esta quarta-feira, a transcrição de um telefonema feito em 25 de julho pelo Presidente dos Estados Unidos ao seu homólogo ucraniano Vladimir Zelensky.
A transcrição mostra que Donald Trump pressionou o Presidente ucraniano para que investigasse Hunter Biden, filho de Joe Biden, vice-presidente no mandato de Barack Obama e atual candidato à Casa Branca pelo Partido Democrata, por suspeita de irregularidades na sua ligação com uma empresa ucraniana.
No telefonema, feito para felicitar Zelensky pela sua investidura como Presidente da Ucrânia, Trump terá pedido oito vezes ao seu homólogo que investigasse Joe Biden e o seu filho por atos de corrupção na Ucrânia.
A alegada pressão terá começado uns dias antes do telefonema, quando Trump congelou ajuda militar à Ucrânia, no valor de cerca de 400 milhões dólares, cerca de 363 milhões de euros, como forma de coagir o Governo ucraniano a abrir a investigação pedida. A ajuda militar foi transferida depois, a 11 de setembro.
Ontem, em conferência de imprensa, Donald Trump garantiu que não ameaçou ninguém e negou mais uma vez ter exercido qualquer tipo de pressão sobre o Presidente ucraniano. O chefe de Estado norte-americano prometeu ainda que a primeira conversa telefónica com Zelensky também vai ser divulgada.
“Estava a ser alvo de tantas fake news que achei que seria melhor fazê-lo e agora estão a pedir-me para divulgar também a primeira conversa e irei fazê-lo, já que é tão importante para vocês”, disse Trump aos jornalistas.
Na terça-feira, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, anunciou a abertura de um processo que visa a destituição do Presidente (impeachment) por abuso de poder e violação da segurança nacional.
Na história dos Estados Unidos, nunca houve um Presidente destituído. Apenas dois chefes de Estado enfrentaram esta medida — Bill Clinton em 1998 e Andrew Johnson em 1868 — tendo ambos sido absolvidos.
ZAP // Lusa