O número de mortes causadas por um novo tipo de pneumonia na China subiu esta quarta-feira para nove, com a morte de mais três pacientes, enquanto o número total de infetados é já superior a 400, anunciaram as autoridades.
A Comissão Nacional de Saúde da China alertou que o novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais, “pode sofrer mutações e espalhar-se mais facilmente”.
O vírus foi inicialmente detetado, no mês passado, em Wuhan, cidade do centro da China que é também um importante centro de transporte doméstico e internacional.
O surto surge numa altura em que milhões de chineses viajam, por ocasião do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais. Segundo o Ministério dos Transportes chinês, o país deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.
Os casos alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, semelhante à da pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.
As autoridades de saúde anunciaram medidas para conter a doença, incluindo desinfeção dos sistemas de ventilação de aeroportos, estações e centros comerciais. “Se for necessário, serão também realizados controlos de temperatura em áreas-chave e locais movimentados”, esclareceu a Comissão, em comunicado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai reunir-se durante o dia para decidir se deve declarar uma “emergência de saúde pública de interesse internacional“, decisão que pode ser influenciada pela descoberta do primeiro caso nos Estados Unidos.
Vírus já chegou a Macau e aos EUA
As autoridades de Macau anunciaram esta quarta-feira que foi identificado no território o primeiro caso de vírus detetado na China. Em conferência de imprensa, as autoridades anunciaram ainda uma série de medidas de reforço de prevenção e controlo para combater a transmissão deste novo coronavírus, junto dos casinos, nas fronteiras, nos espaços e serviços públicos, bem como durante a realização de grandes eventos, num momento em que Macau atrai milhares de pessoas durante o Ano Novo Lunar.
O caso detetado diz respeito a uma mulher de 52 anos, comerciante, oriunda da cidade chinesa de Wuhan, onde foi detetado o coronavírus, que chegou a Macau no dia 19 e que foi submetida a dois testes que confirmaram a doença. Atualmente em regime de isolamento, é considerada uma paciente de alto risco. A mulher infetada está a receber tratamento no Centro Hospitalar Conde de São Januário.
Nos Estados Unidos, um doente no estado de Washington foi diagnosticado com o novo vírus detetado na China. A pessoa afetada foi hospitalizada na semana passada e permanece “muito doente” numa unidade de Seattle, a capital deste Estado do nordeste dos EUA, após ter viajado recentemente à cidade chinesa de Wuhan onde teve origem o surto epidémico.
O Taiwan também confirmou o seu primeiro caso: o de uma mulher, que esteve recentemente na cidade chinesa, que está a ser tratada e que foi colocada sob quarentena.
Coreia do Norte fecha fronteiras
A Coreia do Norte vai encerrar temporariamente as fronteiras para se proteger do novo coronavírus detetado na China. A partir desta terça-feira, Pyongyang “fechará temporariamente as fronteiras a todos os turistas estrangeiros como medida de prevenção contra o coronavírus”, lê-se num comunicado da agência de viagens Young Pioneer Tours.
Fora da China, também já tinham sido confirmados quatro casos do coronavírus entre viajantes chineses na Coreia do Sul, Japão e Tailândia, todos também oriundos de Wuhan.
O novo coronavírus é semelhante ao que provoca a Síndrome Respiratória Aguda Grave, mais conhecida como pneumonia atípica, que infetou os primeiros doentes no sul da China em 2002 e se espalhou a mais de 20 países, matando quase 800 pessoas, e a Síndrome Respiratória do Médio Oriente, que foi identificada pela primeira vez em 2012 na Arábia Saudita, estendendo-se a 27 países e que levou à morte de mais de 850 pessoas.
A ansiedade em torno da doença aumentou depois de um especialista do Governo chinês ter assumido que o novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais, é transmissível entre seres humanos. Até à data, as autoridades diziam que não havia evidências nesse sentido.
Segundo investigadores britânicos, o número de pessoas infetadas com o vírus ultrapassa provavelmente o milhar de casos e é muito superior àquele avançado pelas autoridades locais.
ZAP // Lusa