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A justiça no E-Toupeira e a injustiça feita ao Benfica. Vieira abre o livro e equaciona demissão

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António Pedro Santos / Lusa

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira

Em entrevista à TVI, Luís Filipe Vieira falou sobre o caso E-Toupeira, uma eventual demissão, as contratações polémicas e sobre mudar o emblema do clube.

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, afirmou esta terça-feira que pedirá a demissão se, algum dia, o clube for condenado por corrupção e salientou o facto de os “encarnados” não terem sido pronunciados no caso E-Toupeira.

Acredito cegamente na justiça. Ilibaram o Benfica do que quer que fosse. Podem pensar o que quiserem. Nunca ninguém da administração soube de nada além do que vinha nos jornais”, disse Luís Filipe Vieira, em entrevista à TVI.

Vieira assumiu ser “amigo de Paulo Gonçalves”, antigo assessor jurídico da SAD, considerando que se trata de “um extraordinário profissional, que deu muito ao Benfica”: “Vai enfrentar um julgamento e estou convencido de que não vai ser penalizado. Vamos aguardar pelo julgamento”.

De resto, o líder do clube da Luz foi perentório quanto à sua própria posição, caso alguma vez o Benfica venha a ser “condenado por corrupção”.

“Peço imediatamente a demissão. O Benfica ganhou dentro de campo, mas, infelizmente, os nossos concorrentes tentaram combater-nos fora das quatro linhas. Foi miserável o que nos fizeram. Mas vamos ser ainda mais fortes e mais força nos dão para continuar”, vincou.

Na mesma entrevista, Luís Filipe Vieira revelou que “existe uma proposta do departamento de marketing” do clube para alterar o emblema do clube, a qual está relacionada com a “internacionalização da marca”. Contudo, garantiu que “os sócios é que vão decidir” e que “nada será decidido à revelia”.

A cerca de um ano de terminar o mandato, Vieira, que lidera o clube desde 2003, adiantou que se vai recandidatar: “Fiz promessas aos benfiquistas e não vou falhar. Prometi que devolveria o Benfica aos benfiquistas. Ainda não o fiz, mas está perto. E quero devolvê-lo sem dívidas. É um sonho que tenho”.

O grande sonho de Vieira

“O Benfica tem a dívida completamente controlada. Queremos fazer a expansão do Seixal. Todo o património do Benfica está liquidado. A situação é invejável“, confessou o presidente dos encarnados. O seu sonho é continuar no mesmo trajeto que o clube tem seguido nos últimos anos.

Luís Filipe Vieira afastou ainda a possibilidade de investir em força na equipa para conseguir uma maior ambição na Europa. “Se o Benfica quisesse, se estivesse aqui um demagogo, investia para apresentar uma super-equipa. Não resultava e a queda era grande. O Benfica tem um projeto e não abdica desse projeto“, explicou.

O projeto mencionado por Vieira passa pela aposta na formação, o que não impede que as “águias” consigam atingir uma final da Champions no futuro.

“Ninguém pode dizer quando vai acontecer. Temos um grupo de jogadores com ADN do Benfica, da formação. Se tiver de ir ao mercado, o Benfica irá ao mercado, seja em janeiro ou no final da época. Queremos chegar a uma final da Liga dos Campeões e vamos ter essa equipa para lutar numa final”, disse o dirigente.

A venda de João Félix ao Atlético de Madrid, por 120 milhões de euros, a mais cara de sempre do futebol português, foi abordada na entrevista, sendo que Vieira explicou os contornos de um negócio que envolveu o empresário Jorge Mendes.

“O Jorge Mendes é sempre muito badalado. Outros querem trabalhar com ele e ele não trabalha. O Jorge Mendes tem um ‘tax’ [comissão] para cobrar. Parece que há um fantasma doido. É um profissional e leva 10%. Todos sabem. Quando a cláusula de rescisão [de João Félix] estava nos 60 ME e renovámos o contrato, ficou decidido que, se ele fosse vendido por 120 milhões a pronto, Jorge Mendes teria a sua parte. Ainda não recebeu a comissão. Vai receber, mas lentamente”, contou.

As saídas do jovem avançado luso e de Jonas abriram duas vagas no ataque da equipa “encarnada”, que foram ocupadas por Raul de Tomas e Carlos Vinícius. O espanhol, contratado por 20 milhões de euros ao Real Madrid, ainda não marcou qualquer golo em jogos oficiais, mas Luís Filipe Vieira não se mostrou preocupado.

“O jogador tem um passado, é goleador. Esse jogador foi contratado por indicação da nossa equipa de ‘scouting’, que foi unânime. Tínhamos um ‘quid pro quo’ com o Real Madrid, mas foi tudo resolvido. Havia uma ferida, mas está tudo sanado. Não marca golos, mas há-de marcar“, disse.

Já o brasileiro Carlos Vinícius, resgatado ao Nápoles por 17 milhões de euros, esteve nos planos das ‘águias’ em junho, mas o negócio só se viria a concretizar mais tarde, quando surgiu a cobiça dos rivais FC Porto e Sporting e de um clube inglês.

“Em junho, oferecemos 12 milhões pelo jogador, mas o presidente do Nápoles não aceitou. Passados uns meses, houve mais dois clubes portugueses e um inglês interessados e o Benfica antecipou-se. Sim, foram FC Porto e Sporting. Se calhar não tinham pedalada para o comprar”, revelou, considerando que o ex-avançado de Rio Ave e Mónaco “foi uma oportunidade”.

Vieira admitiu que “o Benfica encara algumas situações como negócio puro, para vender”, elogiou o jovem defesa brasileiro Morato e confessou que o guarda-redes italiano Mattia Perin “dificilmente” será contratado, depois de não ter passado nos exames médicos.

“Foi mau para nós e para o jogador. A nossa equipa técnica gostava do Perin, mas, depois da lesão de que soubemos, dificilmente poderemos pensar nele”, transmitiu.

Telemóvel desligado para Pinto da Costa

A relação entre Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa está há muito azeda. O presidente do SL Benfica assumiu que estaria disposto a dialogar com o presidente sportinguista Frederico Varandas, mas não com o homólogo portista.

“Se porventura as pessoas estiverem disponíveis para dialogar, não é preciso eu aparecer, há canais próprios para isso. Poderei falar com o presidente do Sporting. Não tenho problemas em falar com o Dr. Varandas. Com o FC Porto não vale a pena, por razões óbvias, não há condições para falar com o presidente do FC Porto. Agora, com o Sporting, há condições para isso mesmo”, disse.

No que toca à crise que o Sporting atravessa, Vieira defende que esta é uma situação “muito má” para o futebol português.

“No futebol, ou há uma liderança muito forte ou nada funciona. Eu já vi problemas assim no Benfica, mas sou muito determinado. Não vale a pena estar num processo onde não vou acrescentar valor. A prioridade que o Sporting deve ter é criar estabilidade, senão é mau para o Sporting e é mau para o futebol português. O Sporting devia estar a competir a sério com o Benfica e o FC Porto”, assumiu.

“Daqui a 10, 15 anos hão-de se lembrar de mim”, disse Luís Filipe Vieira durante a entrevista. Por enquanto, o Benfica bate-se com o FC Porto pela hegemonia nacional, ao mesmo tempo que aspira a um título europeu, que há muito foge ao clube e aos sonhos do presidente benfiquista.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Sim, daqui a 15 anos hão-de lembrar-se de si, mas por maus motivos. O senhor LFV, o presidente condenado, faz tempo, por roubo de camiões, afirma que é sua convicção que o Benfica nunca poderá ser condenado, e nega aquilo que o Juiz da Relação de Lisboa disse e que está explicitado na sentença.
    Quem nega a evidência, sabe de antemão o que se vai passar. Ou é bruxo ou há outros dados que ele pode jogar, talvez até os conheça de cor por estarem marcados.
    Vai deixar cair o seu grande amigo PG e quanto lhe vai custar?
    Senhor Luís Filipe Vieira, o senhor é um medíocre convencido que é o maior. Prepare-se, mais cedo ou mais tarde para a queda no lamaçal onde habita.

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