A venda de João Félix ao Atlético Madrid vai ter um impacto na ordem dos 100 milhões nos resultados do Benfica no próximo exercício (2019/20).
“A venda do João Félix vai ter influência no exercício 2019/20, que vai ser, naturalmente, à conta dessa venda, um exercício certamente positivo”, lançou o administrador executivo da Benfica SAD, Domingos Soares de Oliveira, num encontro com jornalistas em Lisboa dedicado à apresentação das contas de 2018/19.
“O Benfica recebe 126 milhões do João Félix. Desse valor há que deduzir os encargos com o agente que nos apoiou na operação. Portanto, do ponto de vista líquido, considerando que o João Félix é um jogador formado dentro do Benfica e o seu valor em termos de balanço é um valor praticamente inexpressivo, as contas são fáceis de fazer. Do ponto de vista do dinheiro entram 126 milhões, do ponto de vista de resultado net [líquido], em termos de impacto nas contas, será um resultado próximo de 100 milhões“.
A SAD encarnada registou um lucro de 29,4 milhões no último exercício, mais 42,8% do que em 2017/18. Já as receitas consolidadas do Grupo SLB ultrapassaram pela primeira vez os 300 milhões de euros.
“É um valor nunca antes alcançado”, destacou Domingos Soares de Oliveira, considerando que os números apresentados, fortemente influenciados pelas novas receitas da UEFA, são “extremamente positivos” e que “orgulham muito” os benfiquistas.
O lucro obtido é o segundo maior da história da sociedade gestora do futebol profissional do Benfica, apenas superado pelos 44,5 milhões de euros registados em 2016/17, naquele que é o sexto ano consecutivo com resultados positivos.
Quanto ao resultado operacional, houve uma melhoria de 8,8%, para 35,3 milhões de euros, segundo os números disponibilizados na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
As receitas da Benfica SAD ascenderam a 263,3 milhões de euros, um novo máximo, e, em termos consolidados, o Grupo SLB ultrapassa pela primeira vez os 300 milhões de euros em receitas.
Nas contas apresentadas, entram as transferências de Raúl Jiménez, de Jovic e de Talisca.
O ativo cresceu 3,2%, para 500,8 milhões de euros, enquanto o passivo baixou 3,4%, para 384,6 milhões de euros. E o capital próprio subiu quase 34%, para 116,2 milhões de euros, superando pela primeira vez o capital social da Benfica SAD (115 milhões de euros), criada em 2000.
“Foi um esforço que fizemos ao longo dos últimos seis anos, todos os anos temos conseguido ter resultados positivos, e resultados muito significativos”, assinalou o gestor.
Esta nova realidade vai permitir ao Benfica ter um novo músculo financeiro, e Domingos Soares de Oliveira assumiu que as águias vão ser mais “agressivas” em termos da política de compra e venda de jogadores.
“Nós tínhamos um primeiro grande objetivo, já há muitos anos, que era conseguir ultrapassar o capital social com os capitais próprios. Essa é uma situação alcançada. Isso dá-nos, a partir de agora, uma disponibilidade do ponto de vista de não alavancagem — que significa que eu não vou recorrer a mais endividamento, não preciso —, portanto, podemos fazer neste momento uma política agressiva, seja em termos de retenção de talento, seja uma política agressiva do ponto de vista de contratação”, realçou, assegurando que tal não significa entrar em loucuras.
“Não vamos pôr em causa o equilíbrio das contas, mas podemos efetivamente ter uma política diferente daquela que tivemos até hoje”, vincou.
Questionado sobre se isso significa maior capacidade para reter os talentos formados na Luz, Domingos Soares de Oliveira disse que esse é um objetivo estabelecido pela Benfica SAD. O responsável referiu ainda que, apesar do mau arranque na campanha da Liga dos Campeões (derrota caseira com os alemães do Leipzig, na terça-feira), mantém a crença na passagem aos oitavos de final.
Finalmente, Soares de Oliveira admitiu que estão a ser estudadas soluções que permitam aumentar a capacidade do estádio da Luz (cerca de 65 mil lugares), através de uma melhor utilização dos espaços existentes e da possibilidade de haver lugares em pé.
ZAP // Lusa