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Vidas inventadas e treinos de como pedir um BigMac. O grupo de espiões russos que fingiam ser americanos

Muito antes das preocupações com ataques eleitorais e esquemas de notícias falsas, o FBI em Nova Iorque estava a rastrear um tipo muito diferente de operação de espionagem: espiões russos que viviam disfarçados como americanos normais.

De acordo com o jornal britânico The Independent, entre 2000 e 2010, os agentes do FBI de Nova Iorque rastrearam um grupo de dez espiões russos que fingiam ser habitantes dos Estados Unidos normais numa tentativa de se aproximarem de norte-americanos influentes para, depois, enviar segredos para Moscovo.

Este facto é descrito no documentário da CBS News chamado “The FBI Declassified: The Spies Next Door”, que estreia na próxima terça-feira.

“Quando vêm para os Estados Unidos, estão armados apenas com uma certidão de nascimento”, disse Maria Ricci, agente do FBI, num vídeo promocional para o programa. “Eles têm de construir uma vida aqui.”

Os espiões eram treinados na Rússia, assistiam programas de televisão e filmes norte-americanos e tinham histórias de background inventadas às quais chamavam a sua “lenda”, que os ajudavam a parecer norte-americanos normais e a misturar-se com os restantes habitantes dos Estados Unidos.

De acordo com o FBI, os espiões russos viviam em locais que iam desde os subúrbios de Nova Iorque e Nova Jérsia até Cambridge, Massachusetts e Washington DC.

“Eram oficiais da inteligência russa, treinados, a viver entre americanos, a passar-se por americanos que estavam a ter acesso como americanos”, explicou Alan Kohler, supervisor do FBI, Alan Kohler.

Segundo os agentes, os espiões russos eram treinados ao ponto de pedir um Big Mac no McDonald’s e soar como um norte-americano.

Porém, por trás da sua aparência de normalidade, os agentes do FBI dizem que os espiões estavam regularmente envolvidos em atividades clandestinas e a retransmitir mensagens para Moscovo.

Os russos foram vistos a encontrar-se em locais lotados e a passar dinheiro e outros objetos de valor nas estações ferroviárias. Um russo foi apanhado a desenterrar um esconderijo de dinheiro perto de uma paragem de descanso de uma rodovia fora da cidade de Nova Iorque.

Alguns agentes retransmitem mensagens criptografadas por rádio de ondas curtas, enquanto outros ocultam mensagens secretas em metadados de imagens publicadas na Internet.

À medida que o caso crescia ao longo de uma década, os agentes começaram a monitorizar os seus telemóveis e e-mails, além de plantar microfones secretos e fazer buscas clandestinas nas suas casas.

Em 2010, o grupo foi preso e acusado de conspiração e lavagem de dinheiro, mas não de obtenção de material classificado.

Todos foram repatriados para a Rússia sem julgamento em troca da libertação de quatro agentes de inteligência ocidentais detidos em prisões russas, a maior troca de espiões entre os dois países desde a Guerra Fria.

ZAP //

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