O El País avança, esta quinta-feira, que a covid-19 está a ameaçar, novamente, a integridade do espaço Schengen. Os parceiros da União Europeia (UE) realizam hoje uma cimeira virtual para analisar a situação pandémica e um novo encerramento das fronteiras internas pode estar em cima da mesa.
O aumento de casos de covid-19 pela Europa pode levar a um novo encerramento das fronteiras da União Europeia, escreve o El País esta quinta-feira.
Apesar de a Comissão Europeia defender que um fecho quase total das fronteiras, como aconteceu em março do ano passado, é desproporcional, há Estados-membros que acreditam que se deve limitar as deslocações transfronteiriças para controlar a propagação das novas variantes do vírus – nomeadamente, a variante britânica, que já foi detetada em vários países.
“Talvez tenhamos de tomar novas medidas para limitar a mobilidade dentro da União Europeia”, disse uma fonte diplomática, citada pelo diário espanhol.
O governo alemão, por exemplo, já distribuiu um documento não oficial, a que o El País teve acesso, no qual sublinha a “necessidade urgente de agir para prevenir ou, pelo menos, retardar a propagação de variantes preocupantes do vírus”.
O texto defende uma rápida alteração da recomendação do Conselho da UE sobre as restrições à liberdade de circulação para incluir a prevalência de novas variantes como um dos critérios para impedir a entrada num território.
O governo alemão argumenta ainda que os países deveriam exigir um teste feito antes da viagem, cumprindo quarentena à chegada caso viajem de locais com alta prevalência destas variantes. Se não for possível fazer-se este controlo, fecham-se as fronteiras do espaço Schengen permitindo só a circulação de trabalhadores, bens e mercadorias.
Esta quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou que o fecho generalizado das fronteiras teria um duro impacto na economia. “A mensagem é clara: o fecho puro e duro das fronteiras não tem nenhum sentido. E não é tão eficaz como medidas mais específicas.”
De acordo com o matutino, a criação de centros de teste nos postos de fronteira é apontada como uma das possibilidades para tentar manter a fluidez do tráfego, pelo menos dentro da União Europeia.
A UE conseguiu resistir à segunda vaga do vírus sem impor controlos no espaço Schengen, uma medida que permitiu manter a livre circulação de pessoas e mercadorias e o impulso económico das cadeias produtivas transfronteiriças. No entanto, o cenário desta terceira vaga é muito preocupante em muitos países e a cimeira desta quinta-feira pode marcar o ponto de viragem.
Alemanha avisa que pode voltar a fechar fronteiras
Esta quinta-feira de manhã, Helge Braun, porta-voz do governo alemão, disse em declarações ao canal estatal ARD que era importante conseguir controlar os níveis de infeções, para que os países se possam proteger de novas variantes mais transmissíveis do vírus.
“O perigo é quando as infeções aumentam num país, essa mutação torna-se numa variante maioritária e, depois, já não é possível controlar a infeção. Portanto, a intensificação das medidas nas nossas fronteiras internas é inevitável, e como ninguém quer isso, é importante que atuemos em conjunto agora”, afirmou.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Robert Koch (RKI), a Alemanha registou, na quarta-feira, 1.148 óbitos e 15.974 novos casos de covid-19.