A tecnológica norte-americana Clearview AI emergiu nos últimos meses como um aliado chave para a Ucrânia no seu conflito com a Rússia.
A Ucrânia tem usado uma controversa “arma secreta” no seu conflito com a Rússia: as ferramentas de reconhecimento facial da Clearview AI,.
Estas ferramentas estão a ajudar mais de 1.500 funcionários de 18 agências governamentais ucranianas em tarefas como identificar soldados russos, detetar infiltrados, processar cidadãos e encontrar crianças raptadas.
Apesar do seu pequeno tamanho, com apenas 35 funcionários, a Clearview tem desempenhado um papel significativo na estratégia de defesa da Ucrânia, que fez desde o início da guerra mais de 350.000 pesquisas na vasta base de dados da empresa.
Segundo a revista Time, a parceria entre os ucranianos e a empresa tem levantado questões complexas sobre o uso deste tipo de tecnologia em tempo de guerra e as implicações para os direitos de privacidade digital.
A Clearview, criticada por recolher dados “varrendo” a internet à procura de fotografias públicas, que depois vende a forças policiais e agências governamentais, vê o conflito como uma oportunidade para demonstrar as aplicações positivas da sua tecnologia.
No entanto, este uso extensivo do reconhecimento facial suscita preocupações entre grupos de direitos humanos e defensores da privacidade, particularmente em relação ao potencial para abusos das políticas de vigilância no pós-guerra e o impacto nas aspirações da Ucrânia em aderir à União Europeia.
Para Hoan Ton-That, CEO da Clearview, a guerra é uma oportunidade de destacar a importância da tecnologia de reconhecimento facial em situações de crise.
Fundada em 2017 e apoiada por investidores como Peter Thiel, a Clearview construiu uma enorme base de dados de rostos vasculhando a internet, e gaba-se de ter uma taxa de precisão de 99,85%.
No entanto, a empresa enfrentou reações negativas e desafios legais após uma investigação do New York Times em 2020 ter revelado as suas práticas. Apesar da controvérsia, Ton-That ofereceu acesso gratuito e formação a funcionários ucranianos logo após a invasão russa.
A tecnologia tem sido instrumental para a Ucrânia de várias formas — desde combater a propaganda russa identificando soldados russos mortos até acelerar a acusação de criminosos de guerra e localizar crianças ucranianas raptadas.
A justiça ucraniana e algumas agências governamentais do país encontraram usos adicionais para a Clearview, como identificar proprietários de negócios que colaboram com empresas russas e resolver casos criminais não relacionados.
O uso futuro do reconhecimento facial e ferramentas digitais na Ucrânia pós-guerra é motivo de preocupação: os especialistas alertam para o perigo da tentação de estender (e expandir) o uso destas ferramentas durante e após os conflitos. Os maiores críticos consideram que a tecnologia da Clearview AI é “arrepiante”, “aterrorizadora” e “distópica”.
No entanto, os responsáveis ucranianos parecem determinados em expandir o uso da tecnologia, alargando-a outros setores, como o controlo de fronteiras, as alfândegas e os bancos.
E Ton-That está a considerar abrir um escritório da Clearview AI em Kiev para solidificar a parceria e continuar o desenvolvimento do produto — esperando que a aplicação da tecnologia na Ucrânia mude a perceção do reconhecimento facial como uma ferramenta benéfica em situações de conflito.
Guerra na Ucrânia
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Se para o Putin vale tudo, até ameaças com armas atómicas, porque é que este sistema de segurança facial não deve valer para a Ucrânia para a sua defesa ??!!
Poder devolver as crianças Ucranianas às suas famílias, à sua cultura, sua língua e sua religião é um bem maior do que a quebra da privacidade de que se fala neste artigo! Nem é comparável ou discutível!