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“Um verdadeiro golpe”. Dilma pede ao povo que se mobilize pela democracia

Roberto Stuckert Filho / PR

Dilma Rousseff, Presidente do Brasil

Dilma Rousseff, Presidente do Brasil

Dilma Rousseff, a Presidente com mandato suspenso depois de ter sido afastada temporariamente do cargo pelo Senado, esta quinta-feira, pediu ao povo para se manter mobilizado em defesa da democracia.

“Mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar. É luta permanente. Nós vamos vencer”, afirmou, depois de ter sido notificada da decisão do Senado.

Num discurso para manifestantes e apoiantes do governo concentrados do lado de fora Palácio do Planalto, Dilma Rousseff afirmou que o país vive um momento trágico.

“A nossa democracia está sendo objeto de um golpe. Não cometi crime de responsabilidade. Estou sendo objeto de uma grande injustiça, vítima de uma grande injustiça”, afirmou Dilma, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ex-ministros do seu governo.

“Aqueles que perderam as eleições tentam agora chegar ao poder pela força”, afirmou a presidente afastada.

O Senado aprovou hoje a instauração do processo de impeachment (destituição) de Dilma Rousseff, com 55 votos a favor e 22 contra.

Michel Temer passa a ser Presidente interino do Brasil, depois de Dilma Rousseff ser afastada temporariamente por um prazo máximo 180 dias, por suspeitas de irregularidades orçamentais, com despesas não autorizadas.

Durante este período, o Senado irá julgar Dilma Rousseff num processo presidido por um juiz do Supremo Tribunal de Justiça, mas a chefe de Estado só será afastada definitivamente se for condenada por uma maioria de dois terços dos senadores.

“Posso ter cometido erros, mas não cometi nenhum crime”

A presidente brasileira defende que o afastamento de um presidente eleito que não cometeu qual quer crime “não é impeachment. É golpe”.

“Não cometi crime de responsabilidade, não há razão para um processo de impeachment, não tenho contas no exterior, nunca recebi propinas, jamais compactuei com a corrupção. Este processo é frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente”, declarou.

Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes. Estou a ser julgada injustamente por ter feito tudo o que a lei me autorizava a fazer. Foram atos legais, corretos, necessários, de governo, atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles e também não é agora”, frisou.

“O que está em jogo não é apenas o meu mandato”, sublinha a presidente, em discurso no Palácio do Planalto. “O que está em causa é o respeito pela vontade soberana do povo brasileiro e pela democracia”, afirma, sublinhando que foi eleita com os votos de mais de 54 milhões de brasileiros.

“O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média, a proteção às crianças, os jovens chegando às universidades e escolas técnicas”, insistiu Dilma Rousseff, relembrando os principais pelouros do seu mandato.

A presidente acusou a oposição de nunca se ter conformado com a sua vitória nas eleições, e de ter criado o “meio ambiente propício ao golpe” através de “intensa e incessante sabotagem”.

ZAP / Lusa

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