Ucranianos destroem navio de guerra russo, mas Mariupol continua sob ataque

Nexta / Twitter

Teatro de Mariupol bombardeado

As forças russas continuam a tentar vencer a resistência em Mariupol, onde as autoridades denunciam a deportação forçada de cidadãos para a Rússia.

A provedora de Justiça da Ucrânia denunciou a saída de 402 mil ucranianos, à força, para a Rússia. E podem estar a ser usados como reféns.

O Governo da Rússia repete esse número, mas assegura que os ucranianos estão a seguir para solo russo por livre vontade.

Moscovo tem insistido que estas pessoas são refugiadas que fugiram de ataques ucranianos nas províncias ocupadas e que as autoridades russas estão a organizar o seu acolhimento.

As autoridades de Kiev celebraram a destruição de um navio de guerra da Marinha russa pelo Exército ucraniano mo Mar de Azov, principalmente como símbolo de inflexão da guerra que, esta quinta feira, entrou no segundo mês.

Nos subúrbios de Kiev, os combates têm sido bastante intensos, forçando ainda mais civis a fugir das suas próprias casas, segundo o Público.

Na quinta feira de manhã, o Exército ucraniano partilhou imagens que mostravam o Orsk, um enorme navio de transporte russo, em chamas ,no porto de Berdiansk, uma cidade no Mar de Azov sob controlo russo.

As imagens mostravam o navio envolvido numa nuvem de fumo, que se alastrava a outras duas embarcações, também ancoradas no porto. Moscovo, contudo, não confirmou a destruição do navio.

Dias antes, a chegada do Orsk ao porto de Berdiansk foi transmitida pelos canais televisivos estatais russos como um momento “épico”, de acordo com a BBC.

O seu papel seria importante para reforçar as fileiras russas com militares e veículos, para se juntarem à ofensiva em Mariupol, a poucos quilómetros.

O navio agora destruído conseguia transportar 20 tanques, 45 veículos blindados e 400 militares, segundo o Ministério da Defesa ucraniano.

O Orsk terá tido um papel ativo na operação de tomada militar da Península da Crimeia, em 2014, de acordo com as autoridades ucranianas, destacando o carácter também simbólico do ataque desta quinta-feira.

As forças russas cercam a cidade com mais de cem mil pessoas, há mais de três semanas, deixando-as sem acesso a eletricidade, água, aquecimento, comida e medicamentos.

Apesar de um reforço dos bombardeamentos, as tropas russas não têm conseguido progredir de forma decisiva para o perímetro urbano.

A Organização Mundial de Saúde, que instalou uma equipa na cidade de Dnipro, disse não estar a conseguir fazer chegar material médico a Mariupol, nem a Mikolaiv, no Mar Negro.

As autoridades ucranianas acusam a Rússia de estar a organizar a retirada de residentes de Mariupol para locais no território ocupado, que descrevem como “campos de triagem”, para depois serem encaminhados para regiões russas.

“Primeiro, [os russos] bloquearam uma cidade pacífica, começaram a matar pessoas propositadamente e agora estão a deportá-las para o seu território”, disse o autarca de Mariupol, Vadim Boichenko, comparando estas práticas ao comportamento dos nazis durante a II Guerra Mundial.

Impasse russo

As forças russas parecem estar a concentrar os seus esforços em garantir o controlo de Mariupol, que lhes permite estabelecer uma ligação terrestre entre o território russo e a Crimeia.

A partir daí, Moscovo pretende lançar novas ofensivas a regiões a norte, como Dnipro, e ao longo do Mar Negro, visando sobretudo Odessa.

No entanto, os avanços territoriais russos têm sido praticamente nulos noutras regiões. Em Kharkiv, as operações têm sido limitadas e a cidade, apesar da enorme destruição no segundo maior centro urbano da Ucrânia, não está totalmente sob controlo russo.

Os combates mais intensos têm sido registados nos arredores de Kiev, onde o Exército ucraniano diz estar a conseguir recuperar algum terreno tomado pelas forças russas. A cidade de Makariv está quase totalmente sob controlo ucraniano, assim como Irpin, segundo o presidente da câmara da capital, Vitali Klitschko.

“Todas as manhãs, todos os dias, todas as noites, os russos lançam ofensivas e todos os dias os nossos rapazes conseguem repeli-los“, descreveu o autarca.

Segundo o Ministério da Defesa, as forças ucranianas conseguiram fazer recuar as tropas russas cerca de 70 quilómetros e persiste a convicção de que os recursos para que a ofensiva em torno de Kiev se mantenha estão a escassear. As forças russas continuam, porém, a receber reforços a partir da fronteira bielorrussa.

As duas partes do conflito organizaram esta quinta-feira “a primeira troca significativa de prisioneiros de guerra“, com a libertação de dez militares russos e dez ucranianos, revelou a vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereshchuk.

A UNICEF estima que perto de metade de todas as crianças ucranianas foram forçadas a abandonar as suas casas no último mês, o que corresponde a 4,3 milhões, das quais 1,8 milhões saíram do país.

Na Rússia, o combate pelo controlo da narrativa sobre a guerra lançada sobre o país vizinho levou as autoridades a bloquearem o acesso ao Google News, acusando a plataforma de promover “informação errónea” sobre o conflito. Antes, o funcionamento de plataformas como o Facebook ou o Instagram também foi suspenso.

ZAP //

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