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Estudo internacional foi liderado por investigadora portuguesa. Com o avançar da idade, as microglias alteram-se.
As microglias são células do sistema nervoso central. São essenciais na defesa imunológica do cérebro, combatendo infeções e patogénios.
Um estudo internacional, liderado pela investigadora da Universidade de Coimbra (UC) Vanessa Coelho-Santos, procurou perceber como é que essas células se comportam ao longo da vida, desde o nascimento e durante o envelhecimento.
A análise foi feita com uma técnica de captação de imagem de ponta – microscopia de dois fotões, que permite captar imagens de alta resolução do cérebro ao longo do tempo.
Conclusão principal: com o avançar da idade, as microglias alteram-se e comportam-se de forma diferente perante lesões no cérebro.
Esta investigação pode abrir caminho a abordagens terapêuticas ajustadas à idade e ao tipo de lesão cerebral.
A equipa estudou “a evolução morfológica e funcional destas células, desde o nascimento até à idade sénior”. A equipa de investigação procurou ainda “caracterizar a resposta das microglias a duas formas de lesões localizadas, em diferentes idades ao longo da vida, um aspeto que até agora permanecia pouco explorado”, partilha a neurocientista.
Na idade adulta, as microglias são bastante eficazes na resposta a lesões.
No período neonatal – os primeiros 28 dias de vida –, embora sejam mais dinâmicas, apresentam uma reação tardia e exagerada à lesão.
No envelhecimento, as microglias perdem complexidade e respondem a lesões de forma mais lenta.
“Ao percebermos como é que as microglias se distribuem e atuam na defesa do cérebro em diferentes fases da vida, acreditamos que podemos, futuramente, criar terapêuticas mais personalizadas”, remata Vanessa Coelho-Santos.
“Neste estudo, em modelo animal, usámos um laser de alta precisão para causar danos localizados no tecido cerebral e, com a mesma potência, simular lesões vasculares que bloqueiam temporariamente o fluxo sanguíneo. Isso permitiu comparar as respostas microgliais a diferentes tipos de lesão ao longo da vida, concluindo-se que a idade tem um impacto marcante na morfologia e dinâmica das microglias em resposta a diferentes tipos de lesões cerebrais”, explica Vanessa Coelho-Santos.
“Esta variabilidade ajuda a explicar vulnerabilidades distintas ao longo da vida, como mecanismos associados a doenças do neurodesenvolvimento, quando há resposta inflamatória nas fases iniciais de vida, assim como défices de resposta em idades avançadas”, acrescenta a investigadora.