Células que protegem o cérebro ajustam-se às lesões e à idade da pessoa

Google DeepMind / Pexels

Estudo internacional foi liderado por investigadora portuguesa. Com o avançar da idade, as microglias alteram-se.

As microglias são células do sistema nervoso central. São essenciais na defesa imunológica do cérebro, combatendo infeções e patogénios.

Um estudo internacional, liderado pela investigadora da Universidade de Coimbra (UC) Vanessa Coelho-Santos, procurou perceber como é que essas células se comportam ao longo da vida, desde o nascimento e durante o envelhecimento.

A análise foi feita com uma técnica de captação de imagem de ponta – microscopia de dois fotões, que permite captar imagens de alta resolução do cérebro ao longo do tempo.

Conclusão principal: com o avançar da idade, as microglias alteram-se e comportam-se de forma diferente perante lesões no cérebro.

Esta investigação pode abrir caminho a abordagens terapêuticas ajustadas à idade e ao tipo de lesão cerebral.

A equipa estudou “a evolução morfológica e funcional destas células, desde o nascimento até à idade sénior”. A equipa de investigação procurou ainda “caracterizar a resposta das microglias a duas formas de lesões localizadas, em diferentes idades ao longo da vida, um aspeto que até agora permanecia pouco explorado”, partilha a neurocientista.

Na idade adulta, as microglias são bastante eficazes na resposta a lesões.

No período neonatal – os primeiros 28 dias de vida –, embora sejam mais dinâmicas, apresentam uma reação tardia e exagerada à lesão.

No envelhecimento, as microglias perdem complexidade e respondem a lesões de forma mais lenta.

“Ao percebermos como é que as microglias se distribuem e atuam na defesa do cérebro em diferentes fases da vida, acreditamos que podemos, futuramente, criar terapêuticas mais personalizadas”, remata Vanessa Coelho-Santos.

“Neste estudo, em modelo animal, usámos um laser de alta precisão para causar danos localizados no tecido cerebral e, com a mesma potência, simular lesões vasculares que bloqueiam temporariamente o fluxo sanguíneo. Isso permitiu comparar as respostas microgliais a diferentes tipos de lesão ao longo da vida, concluindo-se que a idade tem um impacto marcante na morfologia e dinâmica das microglias em resposta a diferentes tipos de lesões cerebrais”, explica Vanessa Coelho-Santos.

“Esta variabilidade ajuda a explicar vulnerabilidades distintas ao longo da vida, como mecanismos associados a doenças do neurodesenvolvimento, quando há resposta inflamatória nas fases iniciais de vida, assim como défices de resposta em idades avançadas”, acrescenta a investigadora.

ZAP //

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