Ucrânia tem “possibilidade real” de reconquistar a Crimeia. Armas russas alimentam ofensiva

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(h) Russian Defence Ministry / EPA

Lançador de mísseis Tornado-G do Exército da Rússia em ação na Ucrânia

Vários responsáveis militares norte-americanos acreditam que, caso se mantenha o ritmo de reconquista do território, a Ucrânia poderá tomar até a península da Crimeia, que está sob domínio russo desde 2014.

“A reconquista da Crimeia pela Ucrânia é agora uma possibilidade distinta e já não pode ser excluída”, garantiu ao Telegraph um responsável do governo norte-americano, demonstrando uma mudança na perceção dos militares norte-americanos, que até aqui consideravam esse objetivo impossível.

“É claro que a Rússia já não tem capacidade ou força de vontade para defender posições-chave. Se os ucranianos forem bem-sucedidos no seu objetivo de reconquistar Kherson, então há uma possibilidade real de que, em última instância, possam reconquistar a Crimeia”, acrescentou a mesma fonte.

Como foi recentemente avançado, o exército ucraniano tem conseguido resultados em várias frentes, incluindo perto de Kherson, cidade do sul ocupada desde o início da guerra. Após derrubar a linha de defesa ao longo do rio Dnipro, os ucranianos conseguiram recuperar várias aldeias.

Também recuperaram Dudchany, a 30 quilómetros a sul do local onde os russos tinham definido a frente de defesa, naquilo que pode ser entendido como o maior e mais rápido avanço no sul do país até ao momento.

Na quarta-feira à noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, disse no seu habitual discurso à nação, que as forças ucranianas reconquistaram três localidades em Kherson – Novovoskresenske, Novohryhorivka e Petropavlivka.

Já esta quinta-feira de manhã, o Guardian noticiou que, à medida que as tropas russas recuaram, deixaram para trás cidades destruídas e, em alguns lugares, cemitérios em massa e provas de câmaras de tortura.

Na cidade de Lyman, retomada pelas forças ucranianas no domingo, foram encontrados mais de 50 túmulos, alguns marcados com nomes, outros com números, informou o jornal Hromadske, com sede em Kiev. Os russos forçaram os ucranianos suspeitos de colaborar para recolher corpos e enterrá-los.

Ofensiva da Ucrânia alimentada por armas russas

A nova ofensiva da Ucrânia na região de Kharkiv fez com que centenas de armas e outro material militar tenha caído nas mãos de Kiev, escreveu esta quinta-feira o Wall Street Journal, que cita oficiais militares. Na retirada, os russos deixaram para trás armas, tanques e outros veículos de combate e armazéns com material militar.

O jornal relatou que há equipamentos prontos a serem usados e outros que estão a ser reparados. Os tanques, veículos e armas danificados serão “reciclados” e usados para peças de reposição. A Rússia também deixou grandes quantidades de projéteis de artilharia de padrão soviético que quase se esgotaram na Ucrânia.

Ainda segundo o jornal, este material está a ajudar as forças ucranianas a reconquistar a parte da região leste de Donetsk, incluindo a cidade de Lyman, e a avançarem mais para o leste até a vizinha Luhansk.

Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal indicaram que as armas que os russos foram abandonando na sua retirada fez com que Moscovo se transformasse no maior fornecedor de armas pesadas à Ucrânia, à frente dos EUA ou de outros aliados.

A Ucrânia capturou 460 tanques de batalha russos, 92 obuses, 448 veículos de combate, 195 veículos blindados e 44 sistemas de lançamento múltiplo de mísseis, de acordo com as evidências visuais retiradas das redes sociais e pela plataforma independente Oryx. Os números reais podem ser mais elevados.

Soldados russos em Belgorod revoltam-se

Num vídeo publicado pelo Intercept, um homem explicou que cerca de 500 russos estão a viver há uma semana em “condições animalescas” e sem serem integrados em unidades de combate. Quando chegaram, foram forçados a dormir na rua e muitos deles adoeceram.

Além disso, receberam armas dos anos 70 que não funcionam, não têm coletes à prova de bala nem capacetes, e são forçados a gastar o próprio dinheiro em comida. Queixam-se também da atitude dos oficiais responsáveis pela mobilização.

ZAP //

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4 Comments

  1. A grande Rússia tem um exército de maltrapilhos, e os oligarcas mais ricos do mundo.
    Um país disfuncional, sem qualquer dúvida.

  2. Mete pena a falta de respeito que a hierarquia militar tem pelos seus soldados. O exército russo assim está a corroer-se por dentro, nem precisa do “inimigo”.

  3. Os USA andam a meter ideias na cabeça dos ucranianos e o putin quando sente o rabo bem preso ataca sem dó nem piedade como fez após a explosão da ponte.

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