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“Já não somos mais os totós”. Trump faz visita surpresa a tropas norte-americanas no Iraque

Donald Trump e a primeira-dama Melania Trump fizeram esta quarta-feira uma visita surpresa aos militares norte-americanos no Iraque.

O Presidente norte-americano aterrou na quarta-feira na base aérea de al-Asad, no Iraque, na sua primeira visita a tropas norte-americanas no Médio Oriente. A primeira-dama acompanhou o chefe de Estado na deslocação que não constava da agenda presidencial.

A viagem foi anunciada pela porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, no Twitter: “O presidente Trump e a primeira-dama viajaram para o Iraque ao fim da noite de Natal para visitar as nossas tropas e chefias militares para lhes agradecer o seu serviço, o seu sucesso e o seu sacrifício, e desejar-lhes um Feliz Natal“.

As tropas norte-americanas no Iraque têm como principal missão ajudar as forças iraquianas a estabilizar o país após anos de luta contra o auto-proclamado Estado Islâmico. A 31 de outubro, contabilizaram-se 5.200 militares nesta zona.

A visita acontece uma semana depois de Trump ter declarado que o Daesh está derrotado e de ter anunciado a retirada das forças norte-americanas da vizinha Síria, onde os EUA terão cerca de dois mil militares. No dia 24 de dezembro, os EUA assinaram a ordem para a retirada das tropas na Síria, um processo que o Presidente dos EUA quer “lento e altamente coordenado” com a Turquia.

Durante esta visita às tropas no Iraque, Trump defendeu a polémica decisão de retirar as tropas norte-americanas da vizinha Síria, dizendo que não haverá atrasos. “Não se pode ter mais tempo. Já estivemos na Síria tempo suficiente”, disse.

Trump também pretende retirar quase metade dos 14 mil soldados americanos no Afeganistão, que participam da guerra contra os talibãs.

Do Iraque, pelo contrário, Trump não tenciona retirar tropas. “Não há qualquer plano”, disse aos soldados na base de al-Asad, acrescentando que seria a partir daquele país que os EUA responderiam a um eventual recrudescimento do Estado Islâmico: “Se virmos algo a acontecer com o Daesh de que nós não gostamos, podemos atingi-los tão rápida e violentamente que eles nem vão saber o que diabo lhes aconteceu”.

Trump usou a visita para declarar que “os Estados Unidos não podem continuar a ser a polícia do mundo“. Referiu ainda que os EUA têm lutado em guerras de outros países durante muito tempo. “Já não somos mais os totós”, disse.

“Não é justo quando o peso recai todo sobre nós. Não queremos mais ser explorados por países que nos usam e usam os nossos militares incríveis para protegê-los. Eles não pagam por isso e vão ter que pagar”, defendeu. “Estamos espalhados por todo o mundo. Estamos em países dos quais a maioria das pessoas nem ouviu falar. É ridículo”.

A deslocação ao Iraque segue-se à demissão do secretário da Defesa Jim Mattis, que bateu com a porta logo a seguir ao anúncio da retirada da Síria, em desacordo com a política de alianças da Casa Branca. Acontece em pleno shutdown do Governo norte-americano, motivado pelo braço-de-ferro entre a Administração e a oposição democrata em torno do financiamento do muro na fronteira com o México.

Viagens presidenciais para levantar a moral das tropas são uma tradição nos EUA desde os anos que se seguiram aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Trump recebeu críticas consideráveis pela sua recusa, até agora, de visitar uma zona de guerra.

ZAP // Lusa

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