Trump pede “procurador especial” para verificar documentos confiscados

Michael Reynolds / EPA

O ex-presidente norte-americano Donald Trump pediu hoje a um tribunal da Florida para que seja nomeado um “procurador especial” neutro para inspecionar os documentos confiscados pelo FBI.

O pedido foi incluído num processo judicial, o primeiro da equipa jurídica de Trump em duas semanas após as buscas, que visa amplamente a investigação do FBI sobre a descoberta de documentos confidenciais em Mar-a-Lago.

O documento classifica as buscas de 8 de agosto, na qual o FBI adiantou ter recuperado 11 conjuntos de documentos secretos, como um “movimento chocantemente agressivo”, atacando o mandado como excessivamente amplo.

Os advogados do antigo chefe de Estado dizem ainda que houve cooperação durante meses, enquanto agentes federais examinavam a presença de registos presidenciais e documentos classificados em Mar-a-Lago.

“A aplicação da lei é um escudo que protege os Estados Unidos. Não pode ser usada como arma para fins políticos”, escreveram. “Portanto, procuramos assistência judicial após uma operação sem precedentes e desnecessária“, acrescentaram.

O processo solicita especificamente a nomeação de um “procurador especial” sem relação com o caso, que seria encarregado de verificar os registos confiscados de Mar-a-Lago e descartar aqueles que estão protegidos pelo privilégio executivo — um princípio que permite aos presidentes bloquear documentos de divulgação pública.

“Este assunto chamou a atenção do público americano. Salvaguardas meramente ‘adequadas’ não são aceitáveis quanto o assunto em questão envolve não apenas os direitos constitucionais do presidente Trump, mas também a presunção de privilégio executivo”, observou a defesa do antigo chefe de Estado.

De forma separada, um juiz federal reconheceu na segunda-feira que as propostas de redação de uma declaração do FBI podem ser tão extensas que tornariam o documento “sem sentido” se fosse divulgado.

No entanto, o magistrado disse que continua a acreditar que não deve permanecer selado por causa do “intenso” interesse público na investigação.

Uma ordem do magistrado federal Bruce Reinhart reafirma o que havia dito no tribunal na semana passada, quando instruiu o Departamento de Justiça com propostas de redação sobre as informações na declaração que deseja manter em segredo. Essa apresentação deve ser entregue na quinta-feira até às 12:00.

Na passada quinta-feira, Bruce Reinhart mostrou-se disposto a revelar parte da justificação das buscas à propriedade do ex-presidente norte-americano Donald Trump, para apreender documentos secretos.

Reinhart deu aos procuradores uma semana para enviarem uma cópia da declaração com propostas de redação, especificando as informações que deseja manter em segredo após o FBI ter apreendido informações classificadas e ultrassecretas.

A audiência foi convocada após vários órgãos de comunicação terem pedido que fossem tornados públicos registos adicionais vinculados às buscas.

É provável que esses documentos contenham detalhes importantes sobre a investigação do Departamento de Justiça, que investiga se Trump reteve e manipulou incorretamente registos governamentais confidenciais.

Trump processa governo norte-americano

Donald Trump está a recorrer a todos os instrumentos possíveis para tentar travar a investigação do FBI aos documentos oficiais que terá levado consigo quando abandonou a Casa Branca.

Agora, decidiu processar o governo norte-americano, pedindo que seja escolhido um especialista imparcial para analisar os documentos. O ex-Presidente quer que a necessidade das buscas justificada a pormenor, sendo que garante que estas têm base em “motivações políticas“.

De acordo com a CNBC, a equipa de Trump pretende que um “guardião especial”, escolhido pelo tribunal, possa rever as quinze caixas de documentos que foram levados do seu resort em Mar-a-Lago.

A equipa de Trump pede ainda que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos fique impedido de continuar a consultar a documentação que o FBI levou de Mar-a-Lago enquanto a parte imparcial não for escolhida.

Trump quer também que seja realizado um inventário detalhado de toda a documentação levada dos seus aposentos e que seja devolvido todo o material que não tenha diretamente a ver com as investigações em curso.

O ex-Presidente acusa o FBI de ter conduzido as buscas de forma abusiva e de não ter tido em conta a sua cooperação voluntária, segundo relembra o Observador.

Trump acredita que o governo norte-americana violou os seus direitos constitucionais ao ordenar buscas injustificadas nos seus aposentos privados.

Argumenta ainda que as buscas foram “ilegais e inconstitucionais”. Num comunicado citado pela imprensa norte-americana, Trump fala mesmo numa ordem “espantosamente agressiva” com “motivações políticas”.

“Estamos a levar a cabo todas as ações necessárias para reaver os documentos, que lhes teríamos facultado sem a necessidade de uma busca desprezível na minha casa, para que os possa entregar ao Arquivo Nacional até serem requisitados para a futura Biblioteca e Museu Presidencial Donald J. Trump”, lê-se no texto.

Alice Carqueja, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.