/

“Não podemos simplesmente invadir a Venezuela?”, insistiu Trump

11

Michael Reynolds / EPA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Donald Trump questionou, em Agosto passado, os seus conselheiros sobre uma eventual invasão militar à Venezuela. Depois de ser aconselhado a não optar pela intervenção, o Presidente abordou repetidamente a questão em outros encontros.

De acordo com um novo relatório a que a Associated Press teve acesso, Donald Trump fez a pergunta no fim de uma reunião na Sala Oval, na Casa Branca, que tinha sido marcada para discutir as sanções contra a Venezuela.

“Com a rápida degradação da Venezuela a ameaçar a segurança regional, porque é que os Estados Unidos não podem invadir simplesmente este país conturbado?”, disse o Presidente dos EUA, segundo a agência noticiosa, que cita um alto funcionário da administração norte-americana que teve acesso à conversa.

Atualmente, a Venezuela, liderada desde 2013 por Nicolás Maduro, atravessa uma grave crise económica, social e humanitária, que já obrigou milhares de pessoas a fugir do país, atravessando as fronteiras em direção ao Brasil e à Colômbia.

A sugestão de Trump implícita na pergunta surpreendeu os funcionários que estavam na reunião, incluindo o então secretário de Estado, Rex Tillerson, e o então conselheiro de segurança nacional, o general H.R. McMaster – elementos que já saíram, entretanto, da administração norte-americana.

Durante uma breve troca de palavras – de cerca de cinco minutos -, os conselheiros da Casa Branca explicaram a Trump as consequências graves que uma eventual ação militar na Venezuela poderia causar. E, de que forma esta intervenção poderia ainda implicar a perda do apoio dos governos latino-americanos, importantes para travar a influência de Maduro na região, disse à agência a mesma fonte que pediu anonimato.

Trump acabou por acatar as explicações dos conselheiros, mas sem deixar de apontar casos de invasões norte-americanas naquela região que, na opinião do próprio, foram bem-sucedidas, como por exemplo no Panamá em 1989.

Ideia persistiu na cabeça de Trump

No entanto, os argumentos apresentados pelos conselheiros não dissuadiram completamente os planos do Presidente norte-americano. No dia seguinte, a 11 de agosto, Trump fazia declarações em New Jersey, na quais afirmava não descartar nenhuma opção.

“Temos muitas opções para a Venezuela. Não vou descartar uma opção militar”, disse.

É um país vizinho. Temos tropas em todo o mundo em locais muito, muito longe. A Venezuela não é distante, as pessoas estão a sofrer e estão a morrer. Temos muitas possibilidades para a Venezuela, incluindo a de uma opção militar se necessário”, reforçou então.

A Casa Branca anunciou mais tarde que Trump se recusou a receber depois uma chamada de Maduro, segundo o The Guardian. O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, considerou a ameaça de Trump como um “ato de loucura” e “extremismo supremo“.

Trump terá voltado pouco tempo depois a levantar a questão durante uma conversa com o então Presidente da Colômbia e Nobel da Paz Juan Manuel Santos. Dois altos funcionários colombianos que falaram sob anonimato confirmaram esta informação.

Um mês depois da reunião na Casa Branca, e à margem da Assembleia-Geral da ONU, Trump voltou a abordar a questão durante um jantar privado com os líderes de quatro países latino-americanos aliados dos EUA, entre os quais constava Juan Manuel Santos.

Segundo a AP, os assessores aconselharam especificamente a Trump para não falar de uma eventual invasão militar à Venezuela, no entanto, o Presidente norte-americano ignorou, puxando o tema logo para o início da conversa.

A minha equipa disse-me para não dizer isto”, declarou então Trump, questionando os líderes latino-americanos se continuavam a não querer uma solução militar.

Os líderes presentes responderam de forma clara a Trump, confirmando que não queriam uma solução militar para a Venezuela.

A Venezuela não é, no entanto, o único país que Trump já direcionou ameaças. No ano passado, o Presidente norte-americano alertou a Coreia do Norte para a iminência do “fogo e fúria” e destruição total caso o país tentasse ameaçar os EUA com armas nucleares e mísseis. Depois da reunião histórica com Kim Jong-un no mês passado, Trump considerou o conflito como “impensável”, apontando que causaria a perda de milhões de vidas.

ZAP // Lusa

11 Comments

  1. Os “Polícias” do mundo a propôr fazer merd@ novamente!
    Depois do Panamá e do Iraque, senhores e senhoras… Venezuela.

    Na minha adolescência havia uma revista de BD que prevía a vinda do Trump. chamava-se “Animal – Feio, Forte e Formal”.

      • E depois? Você acha que eu tenho dúvidas de que o nojo da Clinton e o Trump são farinha do mesmo saco? Ainda se fosse Bernie Sanders, aí eu não tenho dúvidas de que nada disto estaría aqui a ser discutido. Você não se esqueça de que nos Estados Unidos, desde os anos 30, que as coisas têm sido feitas para parecer que há dois partidos quando só há na prática um.

        Depois do Crash da Bolsa em 1929, a classe trabalhadora virou-se contra um sistema capitalista que levou a desigualdades extremas e ao crash da Bolsa. As pessoas organizaram-se em sindicatos com ajuda do CIO e até do Socialist Party of America que existia na altura (caso você não saiba). Rosevelt aceitou isto bem e por isso mesmo foi reeleito três vezes! Isto permitiu o surgimento de uma classe média forte que durante as décadas de 40, 50 e 60 foram o orgulho e a força dos EUA!

        Mas a perseguição a tudo o que impedisse um capitalismo sem regras promotor de inequidade social, não se fez esperar. A perseguição ao socialismo e aos movimentos trabalhistas com as “black lists” dos anos 50 e 60 resultou no fim do Socialist Party of America em 1972. Dos anos 70 para cá é o que se sabe… Desde o Reagan então, tem sido a loucura de um neolibralismo (por oposição ao até aí capitalismo regulado), em que o Estado passou a fazer leis por encomenda para as Elites, através do lobbying, das portas giratórias, etc… E o resultado tem vindo a ser a destruição da classe média e o aumento das desigualdades. Já só há Bilionários e Tesos como era antes do Crash da Bolsa. 2008 deu para assustar mas o próximo crash que aí vem… Vai ser catastrófico para todo o mundo. Mas infelizmente, as elites e os governantes pensam como a monarquia Francesa do tempo de Rei Luis XV que vivia faustosamente em Versailles enquanto o povo morria todo à fome: “Après nous le déluge.

  2. Realmente é melhor deixar como está até morrer Maduro e vir Chávez… Entretanto o povo venezuelano que morra, sem muito barulho, para não incomodar o mundo que odeia Trump.

    • Não é para não incomodar quem não gosta de Trump. É para não meter o focinho onde não se é chamado. Os assuntos internos da cada país não são da jurisdição dos governos dos outros países. Caso contrário tem os seguintes nomes: Invasão, ocupação, etc… Se formos por aí, então está bem.

      Não me diga é que é por causa do povo da Venezuela… Você deve ser ou muito anjinho ou muito sacana pra dizer uma coisa dessas. O mundo está-se nas tintas para o povo Venezuelano e os EUA ainda mais. A Venezuela tem interesse sim é por causa do Petróleo (comme d’habitude) e dos recursos hídricos da Amazónia, pois os EUA já há muito que andam de olho no Petróleo do amanhã: A água!

      O povo Venezuelano… Ai meu Deus, até onde vai a hipocrisia desta gente.

    • Estou de acordo consigo, 200%. Para essa gente vale mais deixar morrer todo o povo venezuelano, não lhes diz nada, até porque muita gente de poder financeiro no EE UU deve estar a facturar milhões com a cocaína proveniente do governo narco-traficante da Venezuela que semanalmente envia para lá através dos narco mexicanos… E toda essa gente e sua imensa influência dentro e fora dos States, inclusive junto de outros países sul e centro americanos é tão grande, que devem deixar morrer aqueles cidadãos. Estamos num mundo de hipócritas! Como eles dizem, são “prejuízos colaterais”… A “Senhora que os pariu” todos, digo eu!

  3. Que a Venezuela parece um inferno sem fim à vista parece saltar aos olhos de todos aqueles que não são fanáticos por uma certa ideologia política já caduca e que nunca deu provas de estabilidade e progresso em qualquer país onde tenha sido implantada sempre pela força, mas meter o nariz onde não se é chamado parece ser outro abuso que trará sempre consequências imprevistas e pouco aconselhável a políticos de bom censo o que parece não ser o caso.

  4. Caro RuiMVP, Não se trata de não incomodar o mundo que odeia Trump. Trata-se de nenhum país ter nada que se imiscuir nos assuntos de outra nação soberana. Quando o fazem como os EUA fizeram já na Panamá ou no Iraque, isso tem vários nomes: Ocupação ou invasão. No fundo o que Hitler fez e que dispoletou a Segunda Guerra Mundial. Se os EUA agora vão ser um país invasor e isso está tudo bem… Então assuma-se que gosta de crimes.

    Acho de resto uma completa hipocrisia da sua parte, estar aqui a fingir preocupação com o povo Venezuelano ou com o regime repressivo de Maduro, como os Americanos fazem, para na verdade ir atrás das chorudas reservas de Petróleo venezuelanas e da água da Amazónia. Sim porque os EUA sabem que a água é o Petróleo do futuro e há muito que já andam a deitar a mão aos recursos naturais da Amazónia… E a Venezuela ocupa uma boa fatia da mesma.

    Lamento mais uma vez o ZAP por ter censurado um post meu depois de o ter até já publicado. Foi publicado e agora desapareceu… Desta vez, vão-me dizer outra vez que foi o Akismet? O Post não tinha discurso de ódio, racismo, sexismo, obscenidades, nada… Afinal porque foi apagado? Se o meu post foi censurado tardiamente, por ter dito que acho “sacana” defender a invasão de outros países, acho isso de um paternalismo ridículo. Estou farto de ser insultado por outros comentadores e nunca me queixei de nada porque acredito na liberdade de expressão e sei-me defender se for caso disso. Desde que não se transgridam os termos de utilização (e já os li), as pessoas são adultas para se defenderem sozinhas.

    • Errado está você. Isso foi o que eles tentaram fazer com Saddam e Gaddafi. enquanto funciona bem, tudo bem. Depois se os gajos começam a levantar cabelo, invade-se. As minhas teorias não “parecem” credíveis. O Iraque FOI invadido e o Panamá TAMBÉM. Além disso eu estou a basear-me no que Trump diz, no título da notícia. Está você a dizer que os EUA não precisam de invadir os países… Não fizeram outra coisa ao longo da história!..

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.