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Táxis da Europa em greve contra aplicações de partilha de carros

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(dr) UBER

Os taxistas de algumas das capitais da Europa estão em greve esta quarta-feira como protesto contra as empresas de veículos de turismo com motorista e contra as plataformas online de partilha de carros, as “car pools”, cuja concorrência consideram desleal.

O movimento começou em Londres, lançado pelos famosos Black Cabs, e já tomou conta de Paris, Roma e Madrid.

Esta greve, inédita na Europa, tem o objetivo de denunciar a concorrência, segundo os taxistas, desleal, dos “carros de turismo com motorista”: podem ser chamados através de uma app no telemóvel, não têm de ter formação específica para conduzir um táxi, e têm tarifas mais baratas.

Em Madrid, as duas maiores associações de táxis iniciaram uma greve de 24 horas em protesto contra a “intrusão” na sua atividade de plataformas ou aplicações de partilha de carros, sem licença de transporte público.

O protesto, que começou às 6h de hoje (5h em Lisboa) e que se prolonga até à mesma hora desta quinta-feira, surge num momento de polémica sobre a proliferação deste tipo de plataformas, que já existem em dezenas de cidades de todo o mundo.

A greve de Madrid, marcada pela Asociación Gremial de Auto Taxi e a Federación Profesional del Taxi, coincide com manifestações convocadas em toda a Espanha pelas organizações nacionais de táxi Fedetaxi, Unalt, CTE e Uniatramc.

Em comunicado conjunto, as duas associações madrilenas afirmam que a greve é contra a “continuada intrusão que sofre o setor do táxi em toda a Espanha”, com a chegada de várias aplicações para partilha de carros particulares.

Os taxistas consideram que estas empresas operam em território espanhol com veículos particulares e condutores particulares, “algo que vai contra o que estabelece a legislação espanhola em matéria de transportes terrestres em automóveis de turismo”.

cabify.es

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As organizações nacionais, por seu lado, exigem ao Governo que tome medidas contundentes para travar aplicações como a Uber, por incumprir toda a lei de transporte.

Esta semana, o Governo espanhol esclareceu, em comunicado, que multará anúncios, plataformas ou aplicações de partilha de carros, sem licença de transporte público, com sanções que vão de 600 euros para o utilizador a seis mil para a empresa ou indivíduo anunciador.

As multas podem mesmo aumentar até 18 mil euros em casos de reincidência, explicou fonte do executivo, referindo-se às medidas que já existem na legislação de transporte público em Espanha.

Esta é a resposta de Madrid à polémica causada em Espanha pela proliferação de serviços, já existentes em dezenas de cidades em todo o mundo, para partilhar carro, como é o caso da Uber, Cabyfy ou EasyTaxi.

Os responsáveis de uma outra plataforma de partilha de carros, a Blablacar, insistem que esta polémica não se lhes aplica.

A Economia da Partilha

Estas aplicações permitem que os utilizadores tenham acesso a transporte em carros privados com condutores previamente inscritos, mas que não necessitam de qualquer licença que é obrigatória para outros transportes públicos.

Aplicações como esta são a ponta de lança da dita “share economy” (economia da partilha) que já abrange serviços como transporte, alimentação e até hotelaria, oferecendo serviços mais baratos aos utilizadores e dinheiro extra aos fornecedores privados do serviço.

No caso dos carros, o aumento do número de utilizadores, em cidades como Madrid e Barcelona, está a suscitar amplas críticas por parte do setor do táxi e dos autocarros, que têm mesmo marcada uma greve para quarta-feira.

O Ministério do Fomento recorda que em Espanha fornecer serviços de transporte sem a devida licença é um “infração muito grave” a que os próprios utilizadores estão também sujeitos, com multas de entre 401 e 600 euros.

Elementos dos Serviços de Inspeção de Transporte Terrestre garantirão o cumprimento da legislação vigente, perante “o aparecimento de empresas que oferecem plataformas de contratação de serviços de transporte de viajantes em veículos particulares”.

pierredimitri / Linkedin

Pierre-Dimitri Gore-Coty, Regional General Manager da UBER

Pierre-Dimitri Gore-Coty, Regional General Manager da UBER

A posição espanhola contrasta com a da Comissão Europeia, que recentemente considerou que partilhar gastos de viagem em carros particulares, em longas distâncias, não devia ser proibido.

Questionado recentemente pela Lusa sobre esta polémica, Pierre-Dimitri Gore-Coty, responsável da Uber no norte e ocidente europeu, explicou que modelos como os de partilha de carros suscitam debate porque são “novidades”.

Mas, ao mesmo tempo, insistiu que aplicações como a Uber devem suscitar é “debate sobre a excessiva regulação em setores como os dos táxis” e não necessariamente em bloqueios a quem procura alternativa.

/Lusa

1 Comment

  1. Carros de turismo com condutor? Sempre existiram, chama-se “táxis sem distintivo” que na realidade até têm, é aquele círculo azul com um “A” branco…

    “Formação específica para conduzir um táxi”??? Que formação? Falar de futebol, de política ou do tempo que faz?
    Deve ser gozo… se fosse necessária qualquer formação específica para além de formação cívica – não circular nos corredores de transportes públicos, não buzinar instintivamente por tudo e por nada ou não atender telemóveis enquanto conduzem – e saberem onde são as ruas – coisa que muitos não sabem – a maioria dos taxistas estava no desemprego…

    “Concorrência desleal”? Alguém me pode impedir de partilhar o meu carro com outras pessoas e que elas contribuam para o combustível e o desgaste?

    Taxistas, é o século XXI, espremam a massa cinzenta (coisa difícil) e ofereçam propostas alternativas e vantajosas ou então, aguentem-se e fechem a torneira do choradinho…

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