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Task force traça nova meta e prevê 70% da população vacinada até ao início de agosto

António Cotrim / Lusa

O processo de vacinação em Portugal vai contar, a partir deste segundo trimestre, com uma maior quantidade de vacinas disponíveis, principalmente a partir do final deste mês.

Esta quarta-feira, no Parlamento, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo afirmou que a sua equipa estima ter 70% da população em Portugal com pelo menos a primeira dose da vacina já “entre o fim de julho e o início de agosto“, e não apenas no final do verão.

Além disso, o responsável estima mesmo que, no espaço de um mês, Portugal tenha “114 mil vacinas por dia para administrar”, avança o ECO.

“Em finais de julho/início de agosto há uma antecipação da primeira toma. Isto não contando com os 2,7 milhões de vacinas da Janssen [com limite de idade] pois se as aproveitássemos anteciparíamos mais”, disse Gouveia e Melo, ouvido pelos deputados da Comissão Parlamentar de Saúde esta quarta-feira.

Sobre a capacidade dos centros de vacinação, o responsável disse que está estimada em 100.000 pessoas/dia, funcionando seis horas/dia, e explicou que as autoridades têm como recurso, para capacidade de vacinação, alargar o funcionamento destes locais até às 10 horas/dia.

Questionado a propósito da vacinação dos jovens com menos de 16 anos, Gouveia e Melo disse que está a ser ponderada e que “logo que houver soluções para este tipo de população elas serão adotadas”.

Vincando a diferença entre a proteção da população e a imunidade de grupo, o responsável disse que os dados ainda não são sólidos, mas que em Israel (o país mais avançado na vacinação da sua população) os dados indicam que, além de proteger os vacinados, a vacina também funciona como barreira na transmissão do vírus.

“A partir de 70% da população vacinada, se o vacinado não for transmissor, o vírus começa a desaparecer na comunidade”, disse Gouveia e Melo, sublinhando, contudo, que, apesar dos dados de Israel serem “boas notícias”, ainda “não há uma verdade cientificamente consagrada” sobre esta matéria.

Assim, confirmando-se a imunidade de grupo, com a proteção da população acima dos 18 anos, “o vírus morre na comunidade”. “Nós, os mais velhos, temos obrigação de proteger os mais novos, vacinando-nos. É a solidariedade intergeracional”, frisou.

O coordenador da task-force explicou também, quando questionado sobre o assunto, que as autoridades têm dificuldades de identificar alguns imigrantes para o processo de vacinação, afirmando: “Essas pessoas fogem muito à identificação perante as autoridades pelos motivos conhecidos”.

Sublinhou que, desde que a pessoa esteja identificada, “têm todo o direito de ser vacinada”, pois “a pandemia não escolhe nacionalidades, raças ou idades”.

Gouveia e Melo apontou ainda outra dificuldade: “Há uma população flutuante sazonal, o que também complica o processo”.

Sobre o processo de vacinação dos professores, desabafou que “se está a tornar interminável” e garantiu que as autoridades se têm confrontado com diversas listas.

“É um processo que se está a tornar interminável, que requer muita energia para vacinar grupos de 100 ou 200 pessoas, quando ainda temos muita gente”, afirmou, acrescentando: “Mas sempre que nos chegam listas, atualizamos e as pessoas são vacinadas”.

No próximo fim de semana, lembrou, cerca de 180 mil professores vão receber a segunda dose da vacina.

A “estratégia mais transparente”

Até agora, Portugal recebeu 4,6 milhões de vacinas. A maior parte (64%) são da Pfizer, seguidas pela AstraZeneca (25%), Moderna (10%) e Janssen (1%).

Dos cerca de 4,4 milhões que ficaram no Continente, já foram aplicadas 4 milhões de doses, o que significa que 30% da população já recebeu a primeira dose (3 milhões) e 11% tem a vacinação completa (1,1 milhões).

O Expresso avança que, neste segundo trimestre, são esperados 9,3 milhões de vacinas, 11 milhões no terceiro trimestre e 6,6 milhões no quarto trimestre.

O responsável pelo plano de vacinação em Portugal voltou a defender o critério da idade, afirmando que é a “estratégia mais transparente, fácil de aplicar no terreno e a que produz resultados mais rápidos”.

Não se deve promover vacinação fora dos limites idade

O coordenador da task force para o plano de vacinação contra a covid-19 defendeu que a vacinação fora do limite de idade determinada para algumas vacinas, admitida em normas, não deve ser promovida pelas autoridades.

Gouveia e Melo respondia a uma pergunta sobre as normas emitidas pela Direção Geral da Saúde, que permitem que as pessoas fora do limite de idade para a vacina da Janssen (administrada a partir dos 50 anos) e da Astrazeneca (a partir dos 60 anos) possam optar por receber estas vacinas.

“Há essa possibilidade e está a ser estudada. A única preocupação que deve ser tomada em conta é o facto de não devermos promover isso. A promoção desse tipo de atitude pode mais tarde reverter para o Estado uma responsabilidade”, afirmou.

Sobre esta matéria, Gouveia e Melo acrescentou ainda: “Uma coisa é as pessoas pedirem de forma voluntária e outra é nós promovermos esse mecanismo, incentivando, de alguma forma, esse tipo vacinação”.

O responsável sublinhou ainda que alguns países europeus retiraram a barreira dos 50 anos para a vacina da Janssen.

Os dados de vacinação com esta vacina ainda estão a ser recolhidos e admitiu que “podem indicar que a barreira desapareça”. “Ficaria resolvido esse problema”, disse.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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