A vacinação de voluntários com menos de 60 ou 50 anos que aceitem receber as vacinas da AstraZeneca ou da Johnson & Johnson ainda não tem planos ou datas para arrancar. A Comissão de vacinação aguarda mais dados para decidir segunda dose de AstraZeneca.
Fonte oficial da task force que coordena o plano nacional de vacinação contra a Covid-19 avançou, em declarações ao Observador, que não existe qualquer previsão para a data de início da inoculação de voluntários e admitiu que os detalhes de como tudo vai ser feito ainda estão a ser estudados.
Por agora, ambas as vacinas estão a ser administradas apenas a pessoas mais velhas, por decisão da Direção-Geral da Saúde, depois de terem sido detetados efeitos secundários severos, ainda que raros, em pessoas mais novas.
Mas, em Portugal, os que ficaram fora dos limites definidos pelas autoridades de saúde também podem ser vacinados com doses da AstraZeneca ou da Johnson & Johnson, desde que se voluntariem e assinem um consentimento.
Na semana passada, o vice-almirante Gouveia e Melo pediu que fosse aberta uma exceção para os menores de 60 anos, o limite estabelecido para a vacina da AstraZeneca: “Fui pedir para que se crie uma exceção — e há uma exceção — que, com o consentimento informado das pessoas, se a pessoa quiser ser vacinada com a AstraZeneca, pode ser vacinada com a AstraZeneca abaixo dos 60 anos”.
A mesma decisão foi também aplicada à vacina da Johnson & Johnson, que, no plano de vacinação português, é indicada apenas para maiores de 50 anos.
No entanto, até ao momento, ainda não há qualquer certeza sobre como tudo será feito, de que forma cada pessoa pode voluntariar-se, a que local se deve dirigir, nem quandos erá vacinada.
Segundo o mesmo jornal online, é apenas dito que a prioridade, por agora, é vacinar “todos aqueles que têm mais de 60 anos” até 23 de maio.
Graça Freitas revelou esta quarta-feira que “as pessoas serão esclarecidas de que vão levar aquela vacina, receberão um folheto com toda a informação necessária e, se decidirem ser vacinadas, serão vacinadas, e se decidirem aguardar por novos dados, nova informação que permita outra vacina, então serão depois convocadas para a vacinação”.
Em declarações à Agência Lusa, a diretora-geral da saúde defendeu ainda a ideia, dizendo que “o risco [de uma reação grave] é mínimo”.
Não explicou, porém, em que momento é que todas estas questões se poderão colocar, falando num formulário eletrónico, mas apenas como uma possibilidade: “Se uma pessoa assumir a título individual que não se importa em ter um risco infinitamente pequeno, pode fazê-lo, dar o seu consentimento na altura da vacinação, ou, se se criar um formulário eletrónico, pode fazê-lo através desse formulário”.
Estudos sobre combinação de vacinas
De acordo com o Jornal de Notícias, a administração de diferentes vacinas contra a covid-19 na segunda toma para quem foi inoculado com uma primeira dose da AstraZeneca, está a ser estudada pela Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19.
Os resultados deverão ser conhecidos ainda este mês e só depois será possível emitir novas orientações para os menores de 60 anos já inoculados com a primeira dose.
Por enquanto, há duas opções em cima da mesa: os vacinados podem dar o seu consentimento e completar o esquema vacinal ou aguardar novos dados sobre a mistura de vacinas produzidas por diferentes laboratórios.
Para o coordenador da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19, esta poderá ser “uma alternativa válida”. Segundo as declarações de Válter Fonseca na Assembleia da República, esta quarta-feira, os ensaios clínicos mostram que a proteção conferida pela vacina se mantém além das 12 semanas de espaçamento entre as duas doses.
“Aquilo que está a ser considerado, em linha com os cenários que a própria Agência Europeia de Medicamentos considerou, é uma vacina de outra marca. Os dados e os estudos, pela experiência de outras vacinas, mostram-nos que [a mistura de vacinas] é uma estratégia defensável”, afirmou.