ZAP // José Coelho, Miguel A. Lops / Lusa; nataliabostan, nikkytok / Depositphotos; SCML

Até final de 2027, Portugal terá a tarefa hercúlea de executar e pagar uma super-raspadinha de mais de 40 milhões de euros por dia em fundos do PRR e do Portugal 2030. É dez vezes mais do que gastámos até agora. Conseguiremos aumentar exponencialmente a nossa capacidade de trabalho?
O “Pé-de-Meia” é o jogo mais vendido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Uma raspadinha onde o vencedor ganha uma quantia monetária fixa ao longo de uma série de meses consecutivos.
Imaginemos agora, que era emitida uma raspadinha “Super Pé-de-Meia”, onde o principal prémio fosse 40 milhões de euros para gastar todos os dias?
Era sucesso garantido. Mas acha que conseguiria gastar esse dinheiro, todos os dias, ao longo de 2 anos? Provavelmente, não.
É precisamente isto que está a acontecer neste momento a Portugal: até final de 2027, terá a tarefa hercúlea de gastar 36.913 M€ de fundos comunitários, que correspondem, grosso modo, a executar e pagar mais de 40 milhões por dia.
Este valor corresponde à soma do que ainda falta executar e pagar do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) — plano a executar entre 2021 e 2026 — e do Portugal 2030, os fundos europeus previstos para desenvolver a nossa economia entre 2021 e 2027.
O que me parece espantoso é que ao longo dos últimos 4 anos tenham sido executados apenas 8.298 M€. Ou seja, uma média de 4 milhões de euros por dia. Contas simples: teremos que gastar dez vezes mais do que gastámos até agora. Conseguiremos?
Estamos agora num ponto sem retorno, onde a nossa principal dificuldade vai ser gastar dinheiro. Parece caricato! Mas teremos, de facto, recursos e mão-de-obra que permitam executar todos estes projetos?
Será compreensível que, ao longo dos últimos 48 meses, estes projetos andem nos gabinetes e agora se peça à economia que os execute em menos de um ano?
É exatamente isto que está a acontecer no meu sector: na Cultura, mais especificamente na componente do “Património Cultural”, está a ser pedido ao mercado – já saturado – que contrate e pague ao longo dos próximos dez meses cerca de 70% dos 243 milhões de euros previstos para o sector.
Infelizmente, os resultados estão a aparecer: concursos de vários milhões de euros desertos e obras por executar.
Mas voltando à raspadinha: teremos mesmo a capacidade de gastar 40 milhões de euros por dia? Conseguiremos aumentar exponencialmente a nossa capacidade de trabalho (sim, porque é disso que se trata, trabalho e não sorte ao jogo)?
Importaremos a mão-de-obra que necessitamos? E se for necessária mão-de-obra especializada, como no caso do “Património Cultural”?
Eu, pessoalmente, não consigo aumentar em dez vezes aquilo que tenho produzido ao longo dos últimos 4 anos.
De qualquer forma, podemos ficar tranquilos. O nosso Chefe de Estado está confiante e acompanha semanalmente a execução do PRR. E até mesmo uma nova crise política e a queda do atual Governo, não beliscam segundo o mesmo, a execução destes projetos.
Eu até partilho parte dessa projeção: será, de facto, tão difícil agora, com a queda deste governo, como era até aqui! Acredito, de todo modo, que a quase totalidade deste dinheiro vai ser gasto. Sim, gasto. Será esta a melhor forma de verbalizar o que vai suceder.
Mas se o nosso Presidente, Marcelo Rebelo Sousa, está confiante na execução do PRR até 2026, estará também confiante na execução do Portugal 2030 até 2027? É que do Portugal 2030, falta executar praticamente 95%. Quase tudo.
Efetivamente, o volume de trabalho financiado pela Europa em Portugal, ao longo dos últimos 4 anos, foi quase residual. Se o PRR passou os últimos tempos no papel, podemos dizer que o Portugal 2030 esteve os últimos 4 anos na gaveta. Daquelas com um fundo falso.
De facto, toda a fase de preparação e projeto deste plano deveria ter ocorrido muito mais depressa. Vários projetos poderiam também estar já em execução, logo no início do plano, em 2021/2022. Só assim seria possível absorver de forma constante todo este investimento.
Uma outra questão que, na minha opinião, poderá ter dificultado a execução destes fundos estará também relacionada com o tipo de beneficiário: no PRR, por exemplo, 99% do investimento está a ser realizado exclusivamente no, e para o, Estado.
No “Património Cultural” o valor dessa percentagem aumenta para 100. Apenas foram beneficiadas entidades públicas e apenas incluídos monumentos com propriedade e afetação ao Estado.
Infelizmente, e como tão bem sabemos, os recursos administrativos públicos são escassos, tendo toda a máquina do estado permanecido a trabalhar em exclusivo para a execução deste PRR.
Pergunto-me até que ponto não teria sido vantajoso a disponibilização destes fundos a privados, sobretudo àqueles que são detentores de grande parte do nosso património cultural, como o são a Igreja Católica ou as Misericórdias? Possuidores, aliás, da maioria do nosso património classificado.
Mas até mesmo dentro do próprio estado, toda essa repartição foi, no meu entender, mal gerida: no que se refere à componente do “Património Cultural”, a região de Lisboa recebeu quase 60% do dinheiro; Aveiro, Castelo Branco e Viana do Castelo, por exemplo, não receberam um único euro para promover a reabilitação e a preservação do património cultural português.
Possivelmente já é tarde para se pensar em alternativas. Neste momento, não tenho respostas ou soluções. Admito também que jogos de sorte e azar não são o meu forte. Mas de facto, reconheço que se nunca ganhei um “Super Pé-de-Meia”, é porque também não jogo!
Bom trabalho Portugal!
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Acena-se com Milhoes, lá ficam os Politicos com os olhos em bico e a espumar.
Cai na realidade, PT é um pais pequenino, Pobre, sem recursos, e ir a correr atrãs das bazucas significa endividar o Pais e provalmente à Bancarrota.
Lá dizia o outro “Viver acima das posibilidades”, não é boa ideia.
Dinheiro esse dos Portugueses que financia o Orçamento de Estado e será saqueado pelo liberais/maçonaria (PS, PSD, CDS, PCP, BE, CH, L, IL, PAN, Presidência da República, e Clero), enquanto que Portugal e a Classe-Média Portuguesa continuarão a ser submetidos ao sub-desenvolvimento, desemprego, pobreza, e miséria.
«…O sistema político da Constituição de 1976 está gasto, transformou a Democracia, Esperança do 25 de Abril, num “ancien régime”.
Transformou-A numa partidocracia subordinada a várias oligarquias, onde impera o poder do dinheiro e não o Primado da Pessoa Humana, nem a soberania do Povo. O Estado Social vem sendo descaradamente destruído e agravam-se as desigualdades sociais.
Os menos esclarecidos julgam que os centros de decisão mais importantes ainda estão nos Partidos, e não, como agora, nas sociedades secretas cujos interesses financeiros, protegidos por uma desregulação selvagem, dominam o Estado.
Portugal, por culpa da passividade e da incompetência, foi transformado num protectorado de uma Europa sem coragem de se autoconstruir, afundada no Relativismo e rejeitando Princípios, Valores e Ideologias. Está assim comprometido o Interesse Nacional e o Bem Comum dos Portugueses.
Também a posse das máquinas informativas pelos poderes aqui denunciados, ajuda a convencer os Portugueses de que não há outro caminho de Regeneração, de Democracia e de Desenvolvimento Integral da Pátria, a não ser o deste percurso de “apagada e vil tristeza” por onde nos forçam os “velhos do Restelo” do século XXI português.
Os socialmente mais débeis são os mais covardemente atingidos e sofredores, porque assim o escolheram as oligarquias e as sociedade secretas.
A crise tinha de ser enfrentada, mas não desta maneira de genocídio social…» – Alberto João Jardim in «A Tomada da Bastilha» (http://www.aofa.pt/rimp/PR_Alberto_Joao_Jardim_Documentacao.pdf)
Alguém já foi ver um jogo de futebol, com muita afluência?
Ao inicio, uma ou duas horas antes, é tudo revistadinho.
Em cima da hora do jogo é sempre a despachar……
Vai ser mais ou menos este o cenário….
Depois admirem-se do “Petardos” no decorrer do jogo…
Não sei como será possível estragar isto tudo e roubar tanto dinheiro. Mas vai ser o que vai acontecer, o Português comum não vai ver absolutamente nenhum. O que não conseguirem roubar vão preferir queimar.
Para resolver este problema, basta entregar a cada português 4000€ e o problema do estado estará resolvido, pois os 40000M€ estarão de imediato branqueados, depois e em curto prazo, os menos orientados esbanjarão de forma irresponsável o dinheiro em tabaco, bebida e raspadinhas, e o estado a arrecadar os gordos rendimentos de que ai advirão, os mais sufocados mas orientados, irão de imediato sanar as dividas acumuladas forçadas com o crédito à habitação e assim manter as suas casas durante mais uns meses, esse dinheiro será muito bem vindo aos amigos banqueiros que encaixarão legalmente mais uns proveitos fruto das suas politicas de empréstimo agressivas e pouco complacentes, e o restante dinheiro será gerido pelos melhores gestores mundiais que eu conheço, o precavido e cauteloso português trabalhador que apesar de todas as adversidades que lhes têm aplicado continuam a manter-se de pé e a contribuir para o futuro deste país, mantendo-se longe dos apoios sociais e contribuindo em impostos para o estado, o valor igual numa questão de escassos meses, e neste caso, arrecadando o estado numa questão de meia dúzia de meses todo o dinheiro que aparentemente ofereceu aos portugueses. Todos ficarão contentes e o estado ainda mais.
Estão a brincar não… Eu consigo facilmente gastar mais de 100 milhões por dia, só quem vive de trocos e não percebe que o dinheiro não vale nada é que tem uma mentalidade tão pobrezinha e acha que 40 milhões é algum valor por aí além… Digo apenas isto, um senhor chamado Bil Gates, ganha 80 milhões por dia…
Este atraso na execução dos fundos não me admira mesmo nada. Seria bom investigar qual a razão, para que certos peritos iluminados, estão a inviabilizar projetos de candidatura a fundos, submetidos há anos atrás, com argumentos tecnológicos dos dias de hoje e, por isso, inexistentes no momento da candidatura.
É preciso ser mesmo mal intencionado, incompetente ou limitado do cérebro para fazer juízos deste tipo.