Caroline Wilkinson / Liverpool John Moores University

É o primeiro genoma completo sequenciado de alguém do Antigo Egipto. Descoberto ADN com 4.800 anos, que revela ligações com Mesopotâmia.
Uma amostra de ADN conseguiu sobreviver ao longo de quase 5 mil anos e, além disso, revela um antepassado inesperado dos antigos egípcios.
Um estudo internacional conseguiu sequenciar, pela primeira vez, o genoma completo de uma pessoa do Antigo Egipto, falecida há entre 4.500 e 4.800 anos.
Os restos mortais, descobertos em 1902 na aldeia de Nuwayrat, a sul do Cairo, foram excepcionalmente bem preservados devido ao facto de o corpo ter sido enterrado numa vasilha de cerâmica selada.
O estudo lança uma nova luz sobre as origens genéticas e culturais das primeiras civilizações do Nilo.
O indivíduo, um homem com idade estimada entre os 44 e os 64 anos, media pouco mais de 1,50 metros e apresentava sinais de artrose e desgaste físico, sugerindo que desempenhava trabalhos manuais intensos, possivelmente ligados à olaria.
Apesar da sua aparente origem humilde, foi sepultado numa vasilha cerimonial, o que indica um estatuto social elevado ou competências profissionais reconhecidas pela comunidade.
Recorrendo a técnicas avançadas de sequenciação genómica, os investigadores conseguiram reconstruir o seu perfil genético, revelando que tinha pele escura, olhos castanhos e cabelo castanho.
A CNN acrescenta que análises isotópicas indicaram ainda que a sua dieta era baseada em trigo, cevada e proteínas animais — típica das populações do vale do Nilo durante o início do período dinástico.
Uma das descobertas mais surpreendentes é que 20 % do seu material genético coincide com o de populações antigas da Mesopotâmia. Esta ligação fornece a primeira prova genética directa de trocas biológicas entre o Egipto e a Ásia Ocidental já no terceiro milénio antes da nossa era, anteriormente inferidas apenas com base em vestígios arqueológicos.
A descoberta reforça a ideia de um mundo antigo muito mais interligado do que se supunha.