Afinal, soldados norte-coreanos não são “carne para canhão”: têm “tudo o que é preciso”

Resilientes, motivados, aptos, suicidas: soldados norte-coreanos enviados para a guerra na Ucrânia “têm tudo o que é preciso” e serão mais capazes do que o Grupo Wagner, dizem fontes do exército ucraniano.

Ao contrário do que se pensava, os soldados norte-coreanos enviados pela Rússia para a guerra na Ucrânia estão longe de serem “carne para canhão”, garantem tropas ucranianas na linha da frente.

Os homens oferecidos por Kim Jong-un a Vladimir Putin, afinal, não “desertam assim que começam a combater”, diz um porta-voz do exército ucraniano ao jornal Politico esta segunda-feira.

“São jovens, motivados, fisicamente aptos, corajosos e bons a utilizar armas ligeiras. São disciplinados, têm tudo o que é preciso para um bom soldado de infantaria” e “quando veem que a captura está à vista”, fazem-se explodir, diz ainda o tenente-coronel Yaroslav Chepurnyi, contrariando a ideia de que a Coreia do Norte enviou para a Ucrânia a sua “equipa B”.

Um membro da 80ª brigada de assalto aerotransportada da Ucrânia também descreve os norte-coreanos como bem treinados e resistentes, com um domínio extraordinário de armas ligeiras.

O inimigo não se rende. Eliminam-se de acordo com o mesmo esquema: uma granada perto da cabeça. Aqueles que permanecem no campo de batalha são encharcados com líquido inflamável e queimados”, escreveu Yuriy Bondar numa publicação no Facebook, no domingo, na qual alerta para o facto de os soldados norte-coreanos já terem abatido com sucesso “um número surpreendente” de drones ucranianos.

“Eles demonstram resiliência psicológica. Imaginem: um corre e atrai as atenções e o outro, a partir de uma emboscada, abate um drone com fogo direcionado”, escreveu ainda o ucraniano, que começa a acreditar na teoria de que os homens de Kim Jong-un são mais capazes do que os membros do Grupo Wagner.

Zelenskyy pediu troca de prisioneiros

Mas estarão as tropas ucranianas a exagerar os pontos positivos dos soldados norte-coreanos para concretizarem o pedido mais recente do presidente Zelenskyy, que apelou este fim de semana a uma troca de prisioneiros norte-coreanos por ucranianos detidos na Rússia?

Recentemente, a Ucrânia capturou dois soldados norte-coreanos na região de Kursk, onde prosseguem intensos combates. Os prisioneiros, que alegadamente não falam inglês nem russo, estão sob a custódia dos serviços secretos ucranianos e a receber tratamento médico em Kiev, com os serviços secretos sul-coreanos a ajudar no seu interrogatório.

O Presidente Volodymyr Zelenskyy sugeriu recentemente uma troca de prisioneiros com a Coreia do Norte, de modo a garantir a libertação dos soldados ucranianos detidos na Rússia.

“Um dos prisioneiros manifestou o desejo de permanecer na Ucrânia, enquanto o outro deseja regressar à Coreia do Norte”, disse o líder ucraniano, que propôs que se aproveitasse a situação para organizar uma troca mais alargada, uma vez que é provável que sejam capturados entretanto mais prisioneiros norte-coreanos.

Cerca de 300 soldados norte-coreanos foram mortos e 2.700 feridos até à data na luta contra a Ucrânia, informou o governo sul-coreano na segunda-feira, sem a confirmação dos lados ucraniano e russo.

Os relatórios indicam que cerca de 12.000 soldados norte-coreanos se juntaram ao conflito desde o final de outubro, em apoio aos esforços russos para recuperar o território perdido nas ofensivas ucranianas, nomeadamente a de Kursk, em território russo, que apanhou o Kremlin de surpresa em agosto.

Tomás Guimarães, ZAP //

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