O secretário-geral do PS classificou como “não assunto” a controvérsia relativa ao “sms” que enviou a um membro da direção do jornal Expresso e defendeu que a liberdade de imprensa não exclui o direito ao protesto.
António Costa falava aos jornalistas à entrada para um colóquio em Lisboa, depois de confrontado com o teor de um “sms” (mensagem escrita de telemóvel) que enviou ao diretor adjunto do jornal Expresso, João Vieira Pereira, na noite de 25 de abril, mensagem que foi condenada e considerada intimidatória e contra a liberdade de imprensa pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro.
“Quando o doutor António Costa tenta coagir, condicionar ou intimidar o exercício da liberdade de imprensa, o prenúncio merece uma denúncia clara. Onde está o PS que tanto fustigou, por exemplo, o ex-ministro Miguel Relvas, que chamou ao Parlamento para explicar o conteúdo de um pretenso telefonema?”; questionou Luís Montenegro.
“Onde está esse PS? Onde estão as vozes que, muitas vezes de forma rápida e habitual, emergem para falar da liberdade de imprensa?”, acrescentou o líder parlamentar do PSD.
É um não assunto
“Francamente, acho que isso é um não assunto. Assuntos reais que deveriam preocupar o líder parlamentar do PSD é mais uma subida do desemprego. Esse é que é um assunto sério”, contrapôs o líder socialista.
António Costa disse depois que a liberdade de expressão “felizmente existe” em Portugal, sendo uma das “grandes conquistas” da democracia.
Porém, salientou o secretário-geral do PS, a liberdade de expressão “não exclui a liberdade de quem se sente ofendido poder protestar”.
“É evidente para todas as pessoas que, quem se sente ofendido, tem o direito de protestar e que nenhum jornalista se sente ameaçado”, respondeu o secretário-geral do PS.
“Tenho a certeza que o próprio João Vieira Pereira também não se sentiu ofendido pela forma aliás muito atenciosa como me respondeu também por sms”, acrescentou.
No passado dia 1 de Maio, num artigo de opinião publicado no Expresso, o sub-director do jornal, João Vieira Pereira, divulgou um SMS, enviado por António Costa, que originalmente “julgou tratar-se de um engano“.
“Senhor João Vieira Pereira.
Saberá que, em tempos, o jornalismo foi uma profissão de gente séria, informada, que informava, culta, que comentava. Hoje, a coberto da confusão entre liberdade de opinar e a imunidade de insultar, essa profissão respeitável é degradada por desqualificados, incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que têm de recorrer ao insulto reles e cobarde para preencher as colunas que lhes estão reservadas.
Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem nem conhece?
Como não vale a pena processá-lo, envio-lhe este SMS para que não tenha a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso a seu respeito.
António Costa”
Vieira Pereira deu ao seu artigo o título de “É a liberdade, António Costa“.
ZAP / Lusa