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Sete alimentos que deve evitar, segundo especialista em segurança alimentar

Se estar atento ao que se come é a melhor forma de evitar a contaminação, aqui ficam alguns conselhos de um profissional para se manter saudável.

Especialista em segurança alimentar e representante de vítimas de E. coli, salmonela, listeria e outras doenças transmitidas por alimentos contaminados há 30 anos, Bill Marler é um dos destaques do novo documentário da Netflix, “Contaminação: A Verdade Sobre o que Comemos”, inspirado num livro acerca do seu primeiro caso relevante.

Marler falou com a BBC e enumerou alguns alimentos a evitar por quem pretende afastar-se de infeções alimentares.

E se estar atento ao que se come é a melhor forma de evitar a contaminação, aqui ficam sete alimentos que deve manter afastados — e um que, para sua surpresa, pode manter por perto.

Leite e sumos não pasteurizados

A experiência de Marler ensinou-o a evitar produtos lácteos crus ou não pasteurizados e sumos não pasteurizados. O risco está na contaminação pela bactéria E. coli.

“Quaisquer benefícios para a saúde do leite não pasteurizado simplesmente não valem a pena. As pessoas esqueceram-se das doenças que existiam no século 19”, diz Marler.

Rebentos crus

Esqueça os rebentos crus, como alfafa, feijão mungo ou rebentos de feijão, que têm sido associados a alguns dos maiores surtos de doenças de origem alimentar do mundo.

Em 2011, um surto relacionado a sementes de feno-grego resultou em até 900 pessoas com insuficiência renal e mais de 50 mortes na Alemanha.

“As sementes ficam contaminadas à medida que crescem ao ar livre. Quando as trazemos para dentro e as colocamos numa boa água para germinar, é um meio perfeito para o crescimento bacteriano”, diz Marler.

“Não conheço ninguém na indústria de segurança alimentar que coma rebentos crus”, disse.

Carne mal cozida

Bactérias que estejam na superfície da carne são misturadas durante a produção de carne picada. É por isso que é importante cozinhar bem um hambúrguer, por exemplo.

E não são necessárias muitas bactérias para provocar uma infeção.

“Cerca de 50 bactérias E. coli são suficientes para matar e 100.000 cabem na cabeça de um alfinete. Não é algo que possa ver, provar ou cheirar. Cozinhar hambúrgueres completamente é a única forma segura [de evitar o risco]”, diz Marler.

Marler recomenda que o hambúrguer seja cozido a uma temperatura de 69º C para eliminar quaisquer patogénicos.

Quando se trata de bifes, normalmente há menos perigo, pois as bactérias que estão na superfície da carne acabam por morrer durante o processo de cozedura.

Frutas e legumes pré-lavados e pré-cozidos

“Quando come um hambúrguer, a parte mais perigosa não é o hambúrguer em si. Mas a cebola, a alface e os tomates“, diz Mansour Samadpour, consultor de segurança alimentar do mesmo documentário da Netflix.

Em 2006, um grande surto de E. coli ligado ao espinafre afetou 200 pessoas e resultou em até cinco mortes nos EUA. Marler representou a maioria dos envolvidos.

Uma investigação posterior ligou a contaminação bacteriana a uma quinta de espinafre na Califórnia que, após a invasão de algum animal nas plantações, teve as suas verduras contaminadas por fezes com E. coli.

Quando os espinafres foram cortados e lavados três vezes, essa bactéria espalhou-se entre os produtos e acabou por ser enviada para todo o país, afetando muitas pessoas.

“A conveniência de ter alguém a lavar a sua alface vale o risco de mais pessoas manusearem as folhas? Se mais pessoas manusearem a alface e ela estiver contaminada, ela espalha-se rapidamente”, diz Marler.

Ovos crus ou mal cozidos

O perigo dos ovos vem da infeção por salmonela, uma bactéria comum que pode causar diarreia, febre, vómitos e cólicas estomacais. Pessoas muito jovens ou muito velhas podem ficar gravemente doentes e até morrer.

Vários eventos desastrosos com ovos foram registados na história recente: em 1988, o receio da salmonela levou o governo do Reino Unido a ordenar o abate de mais de 2 milhões de frangos.

Em 2010, uma ameaça semelhante levou ao recolhimento de 500 milhões de ovos nos Estados Unidos.

Marler diz que os ovos são mais seguros hoje do que eram antes, mas pede cautela, pois a salmonela ainda representa um risco para os consumidores de ovos crus ou mal cozidos.

“Cerca de 1 em 10.000 ovos tem salmonela dentro da casca. A galinha pode desenvolver salmonela no ovário — ela entra no ovo e não pode fazer nada além de cozê-lo.”

Ostras e outros mariscos crus

O risco das ostras e outros mariscos crus é que são filtradores. Isto significa que se houver uma infeção bacteriana ou viral na água, ela entrará facilmente na cadeia alimentar.

E segundo Marler, o problema está a ser agravado pelas alterações climáticas.

“Com o aquecimento dos oceanos, ocorre um aumento nos eventos de contaminação relacionados às ostras: hepatite, norovírus, etc. Sou de Seattle e algumas das melhores ostras do mundo vêm do noroeste do Pacífico, mas há claramente problemas a acontecer com a qualidade da nossa água e a temperatura. É um novo fator de risco que deve considerar ao pedir ostras cruas”, diz.

Sandes embaladas

“Deve verificar cuidadosamente as datas de validade das sandes e, preferencialmente, comer alimentos que prepara ou que são preparados na hora”, aconselha Marler, que adverte que a validade das sandes é o principal fator de risco e que alimentos fora de prazo podem levar à exposição à listeria monocytogenes – uma bactéria muito desagradável.

Segundo ele, estas bactérias são grandes assassinas nos Estados Unidos e em todo o mundo e têm a capacidade de mandar todos que as ingerem para o hospital.

“A listeria cresce muito bem à temperatura do frigorífico, então se alguém fizer uma sandes para si e a comer quase imediatamente, o risco de listeria é baixo. Mas se ficar guardada no frigorífico por uma semana antes de comer, isso dará a oportunidade de ela crescer em quantidade suficiente para causar uma infeção”, diz.

Mas sushi é normalmente…seguro

Apesar dos perigos associados, um alimento sobre o qual as pessoas costumam ser céticas e que afinal não preocupa muito Marler é o sushi. O especialista, contudo, admite que é preciso ter atenção sobre onde comprar o peixe.

“Vou com mais frequência a um bom restaurante de sushi do que a uma churrasqueira. O risco de contaminação por peixe não é tão elevado”, diz ele.

“Não compro sushi num supermercado ou numa estação de serviço. Um bom restaurante de sushi é bastante seguro, pois os peixes apresentam baixo risco no que toca a infeções bacterianas. É um perfil de risco com o qual me sinto mais confortável”, afirma.

// BBC

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