Romualda Fernandes pronuncia-se pela primeira vez sobre a notícia da Lusa para dizer que aquilo que a define não é a cor da pele, mas os seus valores.
Em causa está uma notícia da Agência Lusa, divulgada na noite da véspera, sobre a tomada de posse da Comissão de Revisão Constitucional, em que, quando são apresentados os deputados suplentes, a seguir ao seu nome surge um parêntese com a designação “Preta”.
“Quando percebi a forma indigna como tinha sido tratada posso dizer que senti alguma dor. As pessoas não percebem, mas estas coisas causam dor”, afirmou Romualda Fernandes em declarações ao Expresso.
A deputada do PS diz que sempre se orgulhou das suas origens, daí que o caso da noticia da agência Lusa, que a identificava com uma palavra racista, a tenha surpreendido porque, aquilo que a define “não é a cor da sua pele, nem como mulher, nem como cidadã, nem como parlamentar”, acrescentando ao Público que o “que me define são os meus valores, as minhas atitudes, as minhas virtudes”.
A socialista garante que o episódio a fortaleceu como pessoa pois “fortalece a minha luta na estratégia de uma abordagem muito persistente que começou há muitos anos”.
Segundo a jurista, o que aconteceu consigo “é o reflexo do racismo” e afirma que, em situações destas, “é preciso chamar as coisas pelos nomes e não ter medo, porque é encarando os problemas que os vamos resolver”.
Romualda Fernandes refere-se a este episódio com preocupação porque, na sua opinião, este tipo de fenómenos “evidencia como o racismo e a xenofobia estão a fazer o seu caminho”. Assim, adverte que o combate ao “racismo estrutural e à xenofobia é uma luta de todos”.
Apesar de a Lusa ter corrigido a informação e emitido um comunicado com um pedido de desculpas e a explicação de que se tratou de um erro “inaceitável”, a deputada diz agora não acreditar que tenha sido “um engano involuntário”.
“Traduz uma agressão e um pensamento racista que não pode ser naturalizado. Não é apenas um adjetivo, há muito de substantivo por trás desta matéria. É inadmissível e inconcebível a todos os títulos”, sublinhou ao Expresso.
A deputada destaca o pedido de desculpas por parte do presidente da Lusa e disse que gostaria de “dedicar estas desculpas a milhares e milhares de pessoas que diariamente sofrem este tipo de insulto” e que aguarda pelo desfecho do processo de averiguações que a direção de Informação da Lusa instaurou ao jornalista autor da notícia.
“alguma dor”…??? Não, não pode dizer isso! Tem que dizer que ficou traumatizada para o resto da vida! Tem que dizer que se abriu uma ferida insuportável de dor, uma ferida que nunca irá sarar.
E sabe porquê? Porque o racismo nunca terá fim!!