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“Um desperdício de camas”. Segurança Social está a libertar hospitais dos “casos sociais”

Caroline Blumberg / EPA

A Segurança Social está a libertar os hospitais dos chamados “internamentos sociais”, pessoas que já tiveram alta clínica mas que continuam internadas por falta de resposta extra-hospitalar.

Em maio, havia 1.500 camas ocupadas por pacientes nesta situação, com alguns casos a durarem meses e até mesmo anos, avança o jornal Público esta sexta-feira.

Agora, mais do que nunca, devido à pandemia de covid-19, é necessário libertar espaço nos hospitais para os pacientes infetados com o novo coronavírus. De momento, em Portugal, existem 2.362 doentes internados, dos quais 320 estão em unidades de cuidados intensivos.

O Instituto de Segurança Social está a tomar “medidas extraordinárias” para retirar estes pacientes, maioritariamente idosos, dos hospitais. A solução tem sido integrá-los em lares e estruturas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

Isto implicou um alargamento dos acordos de cooperação e a criação de “um maior número de vagas sociais”, nomeadamente ao nível dos cuidados continuados de saúde mental, apurou o Público.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa disse que, na terça-feira, havia 130 pessoas internadas e identificadas como casos sociais nos 13 hospitais da sua área de influência. “A grande maioria são pessoas dependentes, sendo que 63 (48,5%) do total têm 80 ou mais anos”, salientou a ARS de Lisboa.

No Porto, a situação é semelhante. “O problema da falta de resposta atempada por parte da Segurança Social arrasta-se há muitos anos e é muito anterior à pandemia”, disse a diretora do serviço social do Hospital de São João, Alexandra Duarte.

Como solução, o São João tem um contrato com uma unidade de saúde privada, na Trofa, que permite que estes utentes sejam transferidos, desocupando camas que são necessárias para os doentes.

“Cerca de um em cada dez internamentos são desnecessários e poderíamos estar a prestar cuidados mais adequados fora das instituições a estes doentes”, disse o representante dos administradores hospitalares, Alexandre Lourenço.

A opinião é partilhada pelo diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), José Barros: “É um desperdício de camas hospitalares, de custo diário elevado, e que deveriam estar dedicadas a doentes que, por vezes, ficam a aguardar vaga no serviço de urgência”.

ZAP //

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