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“Se sair é porque não estou para isto”. Líder do CDS não exclui demissão

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Tiago Petinga / Lusa

O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, resistiu ao primeiro embate e não apresentou a demissão. No entanto, não é uma hipótese totalmente excluída.

Esta terça-feira, Adolfo Mesquita Nunes quebrou o silêncio, assumiu a rutura com a atual direção do CDS-PP e pediu eleições antecipadas. O desafio foi aceite: Francisco Rodrigues dos Santos vai convocar um Conselho Nacional para discutir o tema, mas, segundo o centrista, “não se prevê que haja uma antecipação do calendário”.

Na intervenção inicial, Rodrigues dos Santos sublinhou que “não aconteceu nenhuma fatalidade ao nosso partido para se interromper o mandato”.

No entanto, de acordo com o Observador, na reunião, o líder do CDS queixou-se daquilo que considera serem as resistências permanentes de uma ala associada a Paulo Portas que nunca aceitou a nova liderança.

“Não tivemos oportunidade de renovar o partido com queríamos. Nunca fomos aceites como legítimos dirigentes do CDS. Para algumas alas, nunca fomos aceites. Fomos vistos como usurpadores do poder. O nosso caminho foi difícil, mas devemos orgulhar-nos dele”, disse.

Apesar de considerar ter legitimidade para continuar no cargo, a hipótese de demissão não foi totalmente excluída.

“Pergunto-me se valerá a pena. Confesso-vos que não sei se tenho disponibilidade para isto. Não sei se o partido merece um sacrifício destes. Nunca fui tratado na vida como estou a ser tratado pelos militantes do CDS. Acho que, mesmo conseguindo inverter a situação, saturei. Há uma altura em que as pessoas têm de ter amor próprio”, desabafou.

Rodrigues dos Santos disse ainda que, se abandonar a liderança, não será por causa da opinião de Adolfo Mesquita Nunes. “Se eu tiver a ideia de não continuar, não é pelo artigo do Adolfo Mesquita Nunes. É porque quero sair. É porque não estou para isto”, disse.

Mais quatro demissões no CDS

Mais quatro dirigentes do CDS anunciaram esta sexta-feira a cessação das suas funções.

O semanário Expresso adianta que Paulo Cunha de Almeida e José Carmo, que abandonam a Comissão Política Nacional, e José Maria Seabra Duque e Tiago Leite, que saem do Gabinete de Estudos, pediram a demissão esta sexta-feira.

Estas demissões acontecem depois do vice-presidente Filipe Lobo d’Ávila ter pedido a demissão na quinta-feira. Além dele, também os ex-vogais da comissão executiva (órgão mais restrito da direção) Raul Almeida e Isabel Menéres Campos, anunciaram a sua demissão.

“Não é possível assobiar para o lado. O CDS não sobreviverá se não encontrarmos uma solução transversal e pacificadora e que nos volte a dar relevância”, lê-se numa carta enviada ao líder centrista, a que o Observador teve acesso. Estas três baixas confirmam a rota de colisão no núcleo centrista e fragilizam a liderança de Rodrigues dos Santos.

“O CDS tem hoje um problema de afirmação externa que importa enfrentar. Temos que conseguir ler para além da bolha das redes sociais e dos grupos de apoio do Whatsapp. A mensagem não passa. As pessoas não nos ouvem. O CDS não é considerado. Os indicadores são trágicos. A projeção externa ou não existe ou não é boa. Infelizmente, e por muito que me custe dizê-lo, o CDS de hoje não risca”, lê-se ainda.

As saídas ocorrem depois da comissão política nacional do CDS-PP ter estado reunida na quinta-feira à noite, num encontro digital que se prolongou pela madrugada dentro.

No final da reunião, a direção confirmou que, “reunida a comissão política nacional, o presidente do partido decidiu solicitar a convocação de um Conselho Nacional”.

Maria Campos, ZAP //

8 Comments

  1. A minha expectativa é que o CDS reencontre alguma relevância no xadrez político nacional e retire aos populistas o eapaço que ocupam indevidamente. Uma força política tão obtusa como a do “comentador da bola” não pode influenciar a política nacional.

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