Vinte milhões, zero receitas, 5 empresas, 11 sócios. Santa Casa cancela parceria no Brasil

Provedora analisou a rede “confusa” no Brasil e cancelou acordo com banco – para não gastar mais 14 milhões de euros.

A internacionalização da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, processo que começou em 2021, não tem apresentado bons resultados.

Como já tínhamos partilhado, a Santa Casa Global investiu 20 milhões de euros nestes dois primeiros anos e não teve receitas.

Já se previa que a Santa Casa Global apresentaria mais prejuízo no próximo relatório de contas, mas a sua provedora está a tentar evitar um “tombo” maior.

Ana Jorge olhou para as contas e cancelou a parceria com o Banco de Brasília, que tinha sido anunciada há meio ano (mas suspensa semanas depois). Assim a Santa Casa não vai explorar jogos e lotarias em Brasília.

O jornal Público indica que a medida surge depois da auditoria externa que mostrou que, só no Brasil, a entidade tem uma rede de 5 empresas e 11 sócios.

Uma rede “confusa”, admitiu a própria Ana Jorge quando foi questionada por deputados sobre o assunto, no mês passado.

Auditores e advogados estão no Brazil a tentar perceber porque há transferências de 27 milhões de euros – e o valor pode ser maior – em vez dos 5 milhões que estavam previstos.

Este cancelamento será feito sem custos (devido à suspensão do negócio e ao consequente arrastamento) e permite à Santa Casa evitar investir mais 14 milhões de euros – valor automático, caso a parceria avançasse – num mercado que não está sorridente.

Falta resolver outro caso na América do Sul: Peru. Há dois anos arrancou uma nova lotaria (que nunca deu receitas), mas que foi suspensa há três meses porque a empresa parceira foi acusada de concorrência desleal. Ana Jorge, provedora da Santa Casa, deverá também encerrar a ligação portuguesa nesse país.