As sanções mais duras de sempre impostas ao Irão entram esta segunda-feira em vigor e afetam setores fulcrais da economia de Teerão. Nas ruas queimam-se bandeiras americanas.
Esta segunda-feira, os Estados Unidos aplica, as sanções “mais duras de sempre” contra o Irão, enquanto milhares de iranianos entoam cânticos de “morte à América” nas ruas.
“As sanções contra o Irão são muito fortes. São as sanções mais fortes que alguma vez impusemos. E veremos o que acontece ao Irão mas eles não estão muito bem, isso posso dizer-vos”, afirmou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes de partir para uma ação de campanha para as eleições de terça-feira para o Congresso americano.
As sanções ao irão (ou o regresso) surge na sequência da retirada dos Estados Unidos, em maio, do acordo multilateral de 2015, que tinha como principal objetivo conter as ambições nucleares de Teerão em troca do alívio das sanções.
Segundo o Expresso, Washington diz que quer também travar as atividades “malignas” do Irão, incluindo ataques cibernéticos, testes de mísseis balísticos e apoio a grupos de terroristas e milícias no Médio Oriente.
O Irão, por sua vez, garante que tem cumprido com o acordo nuclear que estabeleceu com os Estados Unidos, no mandato de Barack Obama, e apela à Agência Internacional de Energia Atómica para confirmar o seu compromisso.
Mohammad Javad Zarif, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, admitiu que as sanções vão afetar economicamente o país, mas acrescentou que não vão mudar as políticas iranianas, considerando-as “inúteis e fúteis”.
O Estados Unidos têm vindo a restituir gradualmente as sanções ao país, mas os analistas alertam que estas são, de longe, as mais significativas. O Expresso adiante que são mais de 700 indivíduos, entidades, navios e aviões a integrar agora a lista de sanções, incluindo grandes bancos, exportadores de petróleo e empresas portuárias.
Irão responde com exercícios militares
“A América queria reduzir a zero as vendas de petróleo do Irão mas nós continuaremos a vender o nosso petróleo para romper as sanções”, afirmou o chefe de Estado iraniano, Hassan Rouhani, prometendo romper as sanções impostas aos setores bancário e energético de Teerão.
Também esta segunda-feira, o Irão iniciou exercícios militares de defesa aérea. A televisão estatal iraniana transmitiu imagens de sistemas de defesa e baterias antiaéreas durante as manobras militares, que se prolongam até terça-feira.
Segundo avança o Diário de Notícias, o general iraniano Habibillah Sayyari disse que tanto o exército nacional como a Guarda Revolucionária estão a participar nos exercícios e que toda a munição usada é produzida no Irão.
“Morte à América”
Este domingo, cantou-se nas ruas iranianas “Morte à América”, numa manifestação para assinalar o aniversário da tomada da Embaixada dos EUA em Teerão durante a Revolução de 1979 e a iminente reposição das sanções de Washington ao pais.
Nas ruas, milhares de estudantes juntaram-se na manifestação organizada pelo Governo. Segundo o Público, inúmeros passaram por cima de bandeiras dos Estados Unidos, tendo algumas sido queimadas. Houve também espaço para bonecos representando Donald Trump, no recinto que antes era ocupado pela embaixada.
Um dos cartazes em Teerão, inclusivamente, chamava a Trump “Donald Salman”, uma referência ao rei Salman da Arábia Saudita, o país rival do Irão pela hegemonia no Médio Oriente e aliado dos Estados Unidos.
Enquanto que as ruas se enchiam de jovens, cobertos de tinta prateada, que montavam um pequeno teatro encenando a tomada de reféns de 1979, nas redes sociais a hashtag #Sorry_US_Embassy_Siege ganhava força.
O pedido de desculpa ao cerco da embaixada era lançado por iranianos frustrados com o regime, adianta a BBC. “Nos últimos 40 anos, o regime islâmico do Irão tentou apresentar os Estados Unidos e Israel como inimigos do Irão. Mas os iranianos não pensam como os mullah. Amamos todas as nações e todas as pessoas do mundo”, escrevia um internauta.
Num outro tweet lia-se: “A América não é nossa inimiga, os nossos inimigos fizeram de nós reféns no nosso próprio país.”