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Extrema-direita é a terceira força. Sánchez obrigado a procurar acordo à esquerda

Fernando Villar / EFE

Depois de quatro eleições em quatro anos, o panorama para a formação de um Governo não se avizinha nada fácil. O Vox trouxe poder à extrema-direita em Espanha, dificultando o trabalho do atual primeiro-ministro. 

A ideia de ir a eleição acabou por não correr muito bem a Sánchez, que apesar de vencer nas urnas, perdeu três deputados em relação ao último sufrágio de 28 de abril. As eleições permitiram ao Vox de Santiago Abascal tornar-se na terceira força política do país, alcançando os 52 deputados.

O PSOE ficou com 120 deputados, o PP com 88, o Vox com 52, o Unidas Podemos com 35, a Esquerda Republicana da Catalunha com 13, o Cidadãos com 10, o Juntos pela Catalunha com 8, o Partido Nacionalista Basco com 7, o EH Bildu com 5, o Mais País com 3, o Candidatura de Unidade Popular, a Coligação Canária e o Navarra Soma com 2, o Bloco Nacionalista Galego, o Partido Regionalista da Cantábria e o Teruel Existe com 1.

Desta feita, a formação de Governo em Espanha continua complicada para Sánchez, que sempre mostrou interesse na investidura de um governo minoritário, com acordos de incidência parlamentar, ao estilo português.

O líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias, mostrou-se disponível para uma coligação, que antes era uma oportunidade, ma que “agora é uma necessidade”, devido às circunstância que derivaram das eleições deste domingo.

“O que em Abril foi uma oportunidade, ter um Governo, uma coligação progressista, agora é uma necessidade. Agora faz falta um Governo com estabilidade suficiente e que garanta os direitos. A nossa proposta ao PSOE são os artigos sociais da Constituição espanhola para travar a extrema-direita, que é a consequência mais grave destas eleições. Apelamos ao PSOE para que respeite o resultado eleitoral”, disse Iglesias, citado pelo Público.

Também Íñigo Errejón, do Mais País, reiterou a opinião de Iglesias. “Não podemos ir a terceiras eleições. Esta repetição eleitoral é um aviso do que acontece quando os interesses pessoais se põem à frente dos interesses do país”, atirou.

A preocupação de todos parece mesmo ser o Vox. Abascal disse que o seu partido “protagonizou a maior gesta política da história espanhola, dando voz a milhões de espanhóis que não a tinham”. Marine Le Pen, de França, e Matteo Salvini, de Itália, não tardaram a congratular os resultados do partido que conseguiu o dobro dos votos das eleições de abril.

Os resultados acabaram por se revelar desastrosos para o Cidadãos, que perdeu 47 deputados e ficou com apenas dez assentos no Congresso, segundo o Expresso. O partido de centro-direita liberal deixa de ter representação em comunidades autónomas como Múrcia, Castela e Leão.

O seu líder, Albert Rivera, já apresentou a demissão, após 13 anos à frente do partido. O político foi apontado como o principal responsável pelos trágicos resultados e, segundo avança o El País, fez o anúncio da demissão esta manhã de segunda-feira.

Um acordo à esquerda

Nem à esquerda nem à direita, o acordo para formar Governo parece óbvio. Uma coligação entre os partidos de ambas as ideologias não serve para desbloquear o impasse político vivido e Pedro Sánchez vê-se obrigado a esgravatar para chegar a uma solução viável em Espanha.

De acordo com o Expresso, o atual primeiro-ministro não deverá ter intenções de recorrer aos independentistas catalães, podendo virar-se para o Unidas Podemos e o Cidadãos. O acordo também seria compactuado pelo Partido Nacionalista Basco, a Coligação Canária, o Partido Regionalista da Cantábria e o Bloco Nacionalista Galego.

Depois de negociações anteriores entre Sánchez e Iglesias terem falhado, há uma necessidade cada vez maior de formar Governo. Como tal, está novamente em cima da mesa um acordo entre as duas forças políticas. Agora, o Unidas Podemos quer ver a sua representação parlamentar refletida na gestão dos “artigos sociais” da Constituição.

O JN noticia ainda que Pablo Casado, do Partido Popular, também se mostrou disponível para negociar, dizendo que “a bola está do lado” de Sánchez. Apesar disso, realça que os interesses do seu partido são “incompatíveis” com a abordagem do líder do PSOE.

Especulações à parte, o acordo para formar Governo continua uma incógnita. Para Sánchez, “os espanhóis mostraram que querem que no Governo participem várias formações políticas”, mostrando-se, por isso, disponível para negociar. Em contrapartida, o vencedor das eleições descarta aqueles “que se distanciam da convivência e da democracia”.

ZAP //

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